REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA
PARTICIPAÇÃO
A Direcção da Real Associação de Lisboa comunica que, com a assistência da Família Real, a Santa Missa por alma de Sua Majestade El Rei Dom Carlos I de Portugal e de Sua Alteza Real o Senhor Dom Luiz Filipe será celebrada na Sé Patriarcal de Lisboa, sendo presidida pelo Reverendissimo Deão do Cabido, Cónego Doutor Manuel Lourenço, no domingo dia 1 de Fevereiro de 2009 às 19 horas. A alteração ao local habitual deve-se às obras em curso na Igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora.
16.00 horas: Homenagem de S.S. A.A. R.R. os Duques de Bragança a S.M. El Rei Dom Carlos I e S.A.R. Dom Luiz Filipe, no Panteão Real.
17.00 horas: Deposição de coroa de flores no Terreiro do Paço.
Nos liberi sumus; Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt... [Nós somos livres; nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram...]
sexta-feira, janeiro 30, 2009
1º de Fevereiro de 2009
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D. Carlos I
Onde estão as elites portuguesas?
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Dom Duarte de Bragança
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Futuro do "euro" - esboçam-se cenários
No dia 26, o tema da desagregação da UEM foi abordado nas páginas do Financial Times:
Gideon Rachman, "When Europe starts to melt at the edges", FT, January 26 2009
Motivo: alguns entusiastas da UEM, têm vindo a analisar vários cenários, entre os quais, a desagregação:
A number of scenarios are possible.
The most straightforward – accelerated political integration within the eurozone and a move to some form of fiscal federalism – is the least likely.
Another would be a bail-out of the affected member-states by the rest of the eurozone. This is unlikely, but not totally inconceivable, especially if a bail-out were accompanied by IMF-style conditionality. An insolvent member-state could also default on its debt, but remain in the eurozone, or go for the ‘nuclear option’, which would be to default and leave the eurozone.
However, the most likely outcome is that the hardest-hit countries will be forced into wrenching fiscal adjustment and that Germany and others with large external surpluses will take modest steps to rebalance their economies. Eurozone economic growth will be weak, and some member-states will experience prolonged stagnation.
Governments will struggle to manage the political strains caused by fiscal austerity at a time of anaemic economic growth, and political tensions between the member-states will rise.
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Colapso do Euro,
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segunda-feira, janeiro 26, 2009
Encerramento do Centenário da morte do Rei D. Carlos
Amanhã, dia 27 de Janeiro, terça-feira , as _18_h_30_, realiza-se, na Universidade Católica em Lisboa (Grande Auditorio da Biblioteca João Paulo II), a Sessão Solene de Encerramento do Centenário da morte do Rei D. Carlos, organizada pela Comissão D. Carlos 100 anos.
Esta Sessão, que contará com a presença dos Senhores Duques de Bragança , terá como conferencista o antigo Presidente do Parlamento Europeu D. José Maria Gil-Robles que falará sobre a «A Monarquia Constitucional na Europa de hoje». Ao longo do dia e associado a este evento, terá lugar, no mesmo local o Colóquio da Universidade Católica Portuguesa, subordinado ao tema O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional.
...
Esta Sessão, que contará com a presença dos Senhores Duques de Bragança , terá como conferencista o antigo Presidente do Parlamento Europeu D. José Maria Gil-Robles que falará sobre a «A Monarquia Constitucional na Europa de hoje». Ao longo do dia e associado a este evento, terá lugar, no mesmo local o Colóquio da Universidade Católica Portuguesa, subordinado ao tema O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional.
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domingo, janeiro 25, 2009
À espera do caos
A teoria que mais tem sido difundida diz que a crise financeira foi provocada pela crise do subprime, em resultado da ganância de banqueiros sem escrúpulos. A teoria ajustava-se bem aos ouvidos da turba de votantes e, como era necessário fazer eleger Obama, servia às mil maravilhas na cruzada contra Bush. Não foi difícil arranjar uns quantos banqueiros como bodes expiatórios.
O que na altura não se explicava, e ainda não tem sido suficientemente explicado, é que o subprime tinha revelado a crise, mas não era a sua causa. Por detrás do subprime estava um longo período de baixas taxas de juro combinado com um enorme afluxo de capitais resultantes dos lucros obtidos na China, Singapura e nos petroestados do Golfo Pérsico. O mecanismo do subprime levou à explosão, foi o seu detonador, mas não foi a matéria explosiva. À superfície havia banqueiros em busca de lucros, mas no fundo havia investidores em busca de altas rentabilidades.
Em resultado da crise financeira dos últimos meses, os pessimistas dão como certo um cenário de generalizada “stag-deflation”, i. e., uma situação em que surgirão combinadas a estagnação/recessão e a deflação (queda de preços). Para estes, a dúvida parece centrar-se hoje em saber qual a forma do gráfico depressivo: será um gráfico em “U” ou será um gráfico em “L”? Um gráfico em “U” quer dizer que, quando se atingir o fundo, haverá uma assinalável recuperação; um gráfico em “L” quer dizer que, ao atingir-se o fundo, seguir-se-á um longo período de estagnação. Os mais pessimistas não descartam a hipótese de um “L” bem alongado: “L__”.
Todos os mercados globais – mercados de acções, mercados financeiros, de matérias-primas, de bens de consumo, e de trabalho – estão na verdade a apresentar sinais negativos: há um excesso de oferta (queda na procura) em todas as frentes (com a excepção do emprego, obviamente), e o cenário mais plausível começa a ser o da “stag-deflation”.
Durante muito tempo, a preocupação principal na zona euro foi com a inflação. A avaliar pelas palavras de Trichet, essa é ainda a sua preocupação, quando diz que estamos ainda, e apenas, em “desinflação”. Apesar dos sinais de deflação, parece haver a expectativa de que, mais adiante, a inflação acabará por ressurgir, ajudando a reduzir as dívidas dos particulares e dos Estados. Os governos têm estado a injectar quantidades enormes de dinheiro no sistema financeiro e isso pode vir a converter-se em inflação. É um cenário ainda possível, se as rotativas – a impressão de dinheiro em notas de banco – forem aceleradas.
Há economias que estão a sofrer fortes pressões financeiras, como a Rússia e a Ucrânia, mas há ainda, além dos países do Báltico, outras economias muito vulneráveis na Europa, como a Hungria, a Roménia, a Bulgária, a Grécia, a Espanha (a economia portuguesa pertence-lhe, e o Estado português está a caminho da falência), e a Irlanda; na América, a Argentina, Venezuela, Equador e México; e na Ásia, o Paquistão, a Indonésia e a Coreia do Sul.
Mas, sem acelerar as rotativas, os EUA, não têm outra saída que não seja o de pagar as dívidas com mais dívidas. Ali não se podem dar ao luxo de alimentar expectativas de inflação, pois seriam forçados logo adiante a adoptar uma severa política de restrição monetária. Seria o fim do EUA, quando têm vários Estados já à beira da falência. Não têm pois outro caminho que não seja o de baixar os impostos e lançar grandes obras públicas. O que aponta para uma nova e fulgurante subida dos enormes deficits dos EUA.
Nos anos 80, o Japão e a Alemanha eram os grandes financiadores da dívida pública dos EUA, hoje a China já está à frente do Japão, numa dívida de mais de 5.500 biliões de dólares nas mãos de outros investidores estrangeiros, com a Rússia e os países exportadores de petróleo do Golfo em lugar de destaque.
Em 2005, a China abandonou a taxa de câmbio fixa em relação ao dólar, e a sua moeda apreciou-se em cerca de 20%. Em Novembro de 2008, a China deixou-a deslizar um pouco e, depois disso, tem estado a seguir uma evolução estável em torno de uma taxa de câmbio quase fixa em relação ao dólar.
Os optimistas dizem que não se põe a hipótese de um sério conflito entre os EUA e a China, porque esse conflito levaria a uma nova MAD (destruição mútua assegurada), não já apenas numa guerra nuclear, mas também numa guerra económica. Em linguagem positiva, diz-se que a China e os EUA atingiram o patamar da completa interdependência. Não estou tão certo disso, por três razões principais: 1º - A China e os EUA têm estruturas do PNB completamente diferentes, podendo levar os EUA a pensar que podem vencer a China atacando as suas exportações e reduzindo drasticamente o investimento; 2º - Sob o ataque dos EUA, a China pode ser forçada a fechar a torneira (deixar de financiar o défice dos EUA) para acorrer ao seu próprio deficit; 3º - A duração de um conflito financeiro entre os EUA e a China pode ser um factor determinante: se os chineses forem pacientes, e costumam sê-lo, podem conseguir despromover drasticamente a economia dos EUA, bem antes da sua economia entrar em depressão; o seu mercado interno tem muito mais espaço para crescer do que o dos EUA e, por isso, uma maior capacidade para absorver o impacto da queda das suas exportações.
Antes da crise, o mercado em Wall Street era o maior e mais globalizado do mundo. Continua a ser, mas esta crise já veio demonstrar que os EUA não fogem à lógica de todos os Estados capitalistas. Em última instância, quem manda em Wall Street é Washington, tal como se vai ver que, com a crise na China, quem manda em Xangai é Pequim, tal como quem manda em Mumbai é Nova Deli, e quem manda no Dubai é Abu Dabi. Os mercados e as moedas não têm fronteiras mas, em situação de crise, quem manda são os Estados. Na União Europeia, tem mandado Londres, Paris e Berlim, e na UEM, cada vez mais, e apenas, Berlim. Esta é uma lógica mortal para a UEM.
A retórica saída da última reunião do G20 dizia que todos iriam para casa preparar pacotes de salvação a aplicar de forma coordenada. Não é o que está a acontecer, nem é provável que venha a acontecer. Cada um dos Estados irá actuar de acordo com as suas próprias necessidades e, se possível, explorando as fragilidades dos mais directos competidores.
E o que é que os EUA querem?
Manter a sua moeda como a referência, fortalecer-se através do fortalecimento do FMI, rever o “Basil II”, decretar a morte do G8, e instituir o G20. Recusam a possibilidade de um novo Bretton Woods, i. e., regulação internacional e taxas de câmbio fixas, em relação a um padrão que não seja a moeda americana. Querem, evidentemente, continuar a ser o centro do mundo e a parasitar as periferias.
Esta é uma situação que pode vir a ser alterada em resultado da actual crise: a dívida dos EUA está hoje nas mãos dos Chineses, dos Russos, e dos instáveis países produtores do petróleo. O único Estado que os EUA quase conseguiram criar para servir o seu projecto de governo mundial foi a “União Europeia”. E, esse, corre hoje já um sério risco de vida.
E o que é que querem os outros Estados (os que ainda não deixaram de contar, por mérito e vontade própria)?
O que é que quer a França? - Um novo Bretton Woods, e a União do Mediterrâneo.
E o Reino Unido? - Um novo Bretton Woods (ainda que diferente do que é proposto pelo francês Sarkozy), e manter a Comunidade Britânica.
E a Rússia? – Um novo Bretton Woods, no qual não acreditam. O seu plano parece ser mais o de atrair a União Europeia para um projecto Euroasiático. Alguns russos julgam ser possível realizar com a União Europeia o que os EUA não têm conseguido – encontrar ali um único interlocutor. Com a União Europeia a pender mais para o lado da desagregação do que para o lado da União, com ou sem União Europeia, os Russos contam atrair parte do Leste. A Rússia continua destinada a ter uma palavra decisiva, se não mesmo a última palavra, no futuro da Eurásia.
O que é que a China quer? - Um novo Bretton Woods, e arredondar o seu território (manter o Tibete, e recuperar Taiwan). E não lhe peçam para adoptar o sistema político ocidental, que para ela representaria a fragmentação interna. Tal como está, o futuro pertence-lhe. E foi por isso que os EUA já lançaram para dentro da China a “Carta 08”.
Os restantes países do mundo, alguns dos quais se sentem hoje muito importantes por pertencer ao G20, ainda estão longe de contar de forma decisiva para a equação geopolítica global.
Resumindo: todos os grandes, com a excepção dos EUA, querem um novo Bretton Woods. Os EUA querem manter o que está, e continuar o seu projecto de “governo mundial”.
- Até quando vai ser mantido este impasse? Era a pergunta que me tinha colocado ao começar a escrever estas linhas. Hoje, ao abrir o jornal, encontrei o que parece ser a resposta americana para a depressão - acusam a China de estar a manipular o valor da sua moeda. Se for essa a resposta, o impasse terminou. Vem aí o admirável mundo novo da administração Obama. Se a mão de Timothy Geithner não for corrigida, se for essa a política da administração Obama, não haverá meio-termo: os EUA estão dispostos a perder tudo, ou a ganhar tudo. Nesse caso, seria o caos.
Sobre as palavras de Geithner, ver artigo em WSJ:
http://online.wsj.com/article/SB123275567586511815.html
O que na altura não se explicava, e ainda não tem sido suficientemente explicado, é que o subprime tinha revelado a crise, mas não era a sua causa. Por detrás do subprime estava um longo período de baixas taxas de juro combinado com um enorme afluxo de capitais resultantes dos lucros obtidos na China, Singapura e nos petroestados do Golfo Pérsico. O mecanismo do subprime levou à explosão, foi o seu detonador, mas não foi a matéria explosiva. À superfície havia banqueiros em busca de lucros, mas no fundo havia investidores em busca de altas rentabilidades.
Em resultado da crise financeira dos últimos meses, os pessimistas dão como certo um cenário de generalizada “stag-deflation”, i. e., uma situação em que surgirão combinadas a estagnação/recessão e a deflação (queda de preços). Para estes, a dúvida parece centrar-se hoje em saber qual a forma do gráfico depressivo: será um gráfico em “U” ou será um gráfico em “L”? Um gráfico em “U” quer dizer que, quando se atingir o fundo, haverá uma assinalável recuperação; um gráfico em “L” quer dizer que, ao atingir-se o fundo, seguir-se-á um longo período de estagnação. Os mais pessimistas não descartam a hipótese de um “L” bem alongado: “L__”.
Todos os mercados globais – mercados de acções, mercados financeiros, de matérias-primas, de bens de consumo, e de trabalho – estão na verdade a apresentar sinais negativos: há um excesso de oferta (queda na procura) em todas as frentes (com a excepção do emprego, obviamente), e o cenário mais plausível começa a ser o da “stag-deflation”.
Durante muito tempo, a preocupação principal na zona euro foi com a inflação. A avaliar pelas palavras de Trichet, essa é ainda a sua preocupação, quando diz que estamos ainda, e apenas, em “desinflação”. Apesar dos sinais de deflação, parece haver a expectativa de que, mais adiante, a inflação acabará por ressurgir, ajudando a reduzir as dívidas dos particulares e dos Estados. Os governos têm estado a injectar quantidades enormes de dinheiro no sistema financeiro e isso pode vir a converter-se em inflação. É um cenário ainda possível, se as rotativas – a impressão de dinheiro em notas de banco – forem aceleradas.
Há economias que estão a sofrer fortes pressões financeiras, como a Rússia e a Ucrânia, mas há ainda, além dos países do Báltico, outras economias muito vulneráveis na Europa, como a Hungria, a Roménia, a Bulgária, a Grécia, a Espanha (a economia portuguesa pertence-lhe, e o Estado português está a caminho da falência), e a Irlanda; na América, a Argentina, Venezuela, Equador e México; e na Ásia, o Paquistão, a Indonésia e a Coreia do Sul.
Mas, sem acelerar as rotativas, os EUA, não têm outra saída que não seja o de pagar as dívidas com mais dívidas. Ali não se podem dar ao luxo de alimentar expectativas de inflação, pois seriam forçados logo adiante a adoptar uma severa política de restrição monetária. Seria o fim do EUA, quando têm vários Estados já à beira da falência. Não têm pois outro caminho que não seja o de baixar os impostos e lançar grandes obras públicas. O que aponta para uma nova e fulgurante subida dos enormes deficits dos EUA.
Nos anos 80, o Japão e a Alemanha eram os grandes financiadores da dívida pública dos EUA, hoje a China já está à frente do Japão, numa dívida de mais de 5.500 biliões de dólares nas mãos de outros investidores estrangeiros, com a Rússia e os países exportadores de petróleo do Golfo em lugar de destaque.
Em 2005, a China abandonou a taxa de câmbio fixa em relação ao dólar, e a sua moeda apreciou-se em cerca de 20%. Em Novembro de 2008, a China deixou-a deslizar um pouco e, depois disso, tem estado a seguir uma evolução estável em torno de uma taxa de câmbio quase fixa em relação ao dólar.
Os optimistas dizem que não se põe a hipótese de um sério conflito entre os EUA e a China, porque esse conflito levaria a uma nova MAD (destruição mútua assegurada), não já apenas numa guerra nuclear, mas também numa guerra económica. Em linguagem positiva, diz-se que a China e os EUA atingiram o patamar da completa interdependência. Não estou tão certo disso, por três razões principais: 1º - A China e os EUA têm estruturas do PNB completamente diferentes, podendo levar os EUA a pensar que podem vencer a China atacando as suas exportações e reduzindo drasticamente o investimento; 2º - Sob o ataque dos EUA, a China pode ser forçada a fechar a torneira (deixar de financiar o défice dos EUA) para acorrer ao seu próprio deficit; 3º - A duração de um conflito financeiro entre os EUA e a China pode ser um factor determinante: se os chineses forem pacientes, e costumam sê-lo, podem conseguir despromover drasticamente a economia dos EUA, bem antes da sua economia entrar em depressão; o seu mercado interno tem muito mais espaço para crescer do que o dos EUA e, por isso, uma maior capacidade para absorver o impacto da queda das suas exportações.
Antes da crise, o mercado em Wall Street era o maior e mais globalizado do mundo. Continua a ser, mas esta crise já veio demonstrar que os EUA não fogem à lógica de todos os Estados capitalistas. Em última instância, quem manda em Wall Street é Washington, tal como se vai ver que, com a crise na China, quem manda em Xangai é Pequim, tal como quem manda em Mumbai é Nova Deli, e quem manda no Dubai é Abu Dabi. Os mercados e as moedas não têm fronteiras mas, em situação de crise, quem manda são os Estados. Na União Europeia, tem mandado Londres, Paris e Berlim, e na UEM, cada vez mais, e apenas, Berlim. Esta é uma lógica mortal para a UEM.
A retórica saída da última reunião do G20 dizia que todos iriam para casa preparar pacotes de salvação a aplicar de forma coordenada. Não é o que está a acontecer, nem é provável que venha a acontecer. Cada um dos Estados irá actuar de acordo com as suas próprias necessidades e, se possível, explorando as fragilidades dos mais directos competidores.
E o que é que os EUA querem?
Manter a sua moeda como a referência, fortalecer-se através do fortalecimento do FMI, rever o “Basil II”, decretar a morte do G8, e instituir o G20. Recusam a possibilidade de um novo Bretton Woods, i. e., regulação internacional e taxas de câmbio fixas, em relação a um padrão que não seja a moeda americana. Querem, evidentemente, continuar a ser o centro do mundo e a parasitar as periferias.
Esta é uma situação que pode vir a ser alterada em resultado da actual crise: a dívida dos EUA está hoje nas mãos dos Chineses, dos Russos, e dos instáveis países produtores do petróleo. O único Estado que os EUA quase conseguiram criar para servir o seu projecto de governo mundial foi a “União Europeia”. E, esse, corre hoje já um sério risco de vida.
E o que é que querem os outros Estados (os que ainda não deixaram de contar, por mérito e vontade própria)?
O que é que quer a França? - Um novo Bretton Woods, e a União do Mediterrâneo.
E o Reino Unido? - Um novo Bretton Woods (ainda que diferente do que é proposto pelo francês Sarkozy), e manter a Comunidade Britânica.
E a Rússia? – Um novo Bretton Woods, no qual não acreditam. O seu plano parece ser mais o de atrair a União Europeia para um projecto Euroasiático. Alguns russos julgam ser possível realizar com a União Europeia o que os EUA não têm conseguido – encontrar ali um único interlocutor. Com a União Europeia a pender mais para o lado da desagregação do que para o lado da União, com ou sem União Europeia, os Russos contam atrair parte do Leste. A Rússia continua destinada a ter uma palavra decisiva, se não mesmo a última palavra, no futuro da Eurásia.
O que é que a China quer? - Um novo Bretton Woods, e arredondar o seu território (manter o Tibete, e recuperar Taiwan). E não lhe peçam para adoptar o sistema político ocidental, que para ela representaria a fragmentação interna. Tal como está, o futuro pertence-lhe. E foi por isso que os EUA já lançaram para dentro da China a “Carta 08”.
Os restantes países do mundo, alguns dos quais se sentem hoje muito importantes por pertencer ao G20, ainda estão longe de contar de forma decisiva para a equação geopolítica global.
Resumindo: todos os grandes, com a excepção dos EUA, querem um novo Bretton Woods. Os EUA querem manter o que está, e continuar o seu projecto de “governo mundial”.
- Até quando vai ser mantido este impasse? Era a pergunta que me tinha colocado ao começar a escrever estas linhas. Hoje, ao abrir o jornal, encontrei o que parece ser a resposta americana para a depressão - acusam a China de estar a manipular o valor da sua moeda. Se for essa a resposta, o impasse terminou. Vem aí o admirável mundo novo da administração Obama. Se a mão de Timothy Geithner não for corrigida, se for essa a política da administração Obama, não haverá meio-termo: os EUA estão dispostos a perder tudo, ou a ganhar tudo. Nesse caso, seria o caos.
Sobre as palavras de Geithner, ver artigo em WSJ:
http://online.wsj.com/article/SB123275567586511815.html
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sábado, janeiro 24, 2009
sexta-feira, janeiro 23, 2009
O «hispano»?
"La cumbre hispano portuguesa de Zamora debería inscribirse en una creciente dinámica de integración política y económica entre los dos países que comparten tantos intereses comunes."
Isto é o que diz o editorial de ABC - "Lisboa-Madrid, más cerca" (23.1.09) -, e sem tirar nem pôr palavra.
"Crescente dinâmica de integração política e económica"?...
Será que ainda não estamos suficientemente integrados? O que é que nos falta para estarmos completamente integrados? Mudarmos em Portugal para a bandeira vermelha e amarela e ter um primeiro-ministro que fale espanhol na "Assembleia da República" em Lisboa?
Não, não devem ser esses os problemas. Se na Catalunha se fala em Catalão, na Galiza em Galego, em Madrid em Castelhano, no Euskadi em Basco, aqui também se pode decerto continuar a falar em Português… E se na Catalunha, Galiza, etc., há bandeiras próprias, porque é a região portuguesa da Ibéria não haveria também de ter a sua bandeira?
Pus-me a pensar nas palavras do editorialista do ABC, e cheguei à conclusão de que em Madrid se pretende algo mais.
Talvez que aceitemos o Bourbon Juan Carlos como rei de Portugal, como nos tempos dos Habsburgos. Se for essa a ideia, então é porque, para aquelas bandas da meseta, a crise económica lhes está afectar os neurónios.
Mas, ideia puxa ideia, e dei comigo a pensar que talvez, digo apenas talvez, estejam a começar a pensar sair do euro, e criar o hispano com o qual nos comeriam a sós, na privacidade de quatro paredes. Ora isso tem bem mais sentido. As economias de Portugal e Espanha estão perfeitamente integradas e, com os principais centros de decisão já em Madrid, só lhes falta mesmo uma moeda comum que seja exclusiva da Ibéria.
Se é nisso que estão a pensar aí em Madrid, então avancem com propostas concretas. Pela nossa parte, aqui junto ao Atlântico, já está tudo preparado. Só nos falta dar um último passo, para que o hispano seja possível: restaurar a dinastia de Bragança. Tenham paciência, mas precisamos da dinastia, da nossa dinastia, da dinastia portuguesa, para não ficarmos fechados dentro de quatro paredes. Um "hispano a sós", é que não. Nós temos um mar imenso para navegar, e uma prol já adulta espalhada pelos quatro cantos do mundo.
A vossa prol também não é nada pequena - de que é que estão à espera para avançar com o hispano? Querem derrubar primeiro Juan Carlos, para que não tenhamos ensejo de restaurar Portugal?
***
Isto é o que diz o editorial de ABC - "Lisboa-Madrid, más cerca" (23.1.09) -, e sem tirar nem pôr palavra.
"Crescente dinâmica de integração política e económica"?...
Será que ainda não estamos suficientemente integrados? O que é que nos falta para estarmos completamente integrados? Mudarmos em Portugal para a bandeira vermelha e amarela e ter um primeiro-ministro que fale espanhol na "Assembleia da República" em Lisboa?
Não, não devem ser esses os problemas. Se na Catalunha se fala em Catalão, na Galiza em Galego, em Madrid em Castelhano, no Euskadi em Basco, aqui também se pode decerto continuar a falar em Português… E se na Catalunha, Galiza, etc., há bandeiras próprias, porque é a região portuguesa da Ibéria não haveria também de ter a sua bandeira?
Pus-me a pensar nas palavras do editorialista do ABC, e cheguei à conclusão de que em Madrid se pretende algo mais.
Talvez que aceitemos o Bourbon Juan Carlos como rei de Portugal, como nos tempos dos Habsburgos. Se for essa a ideia, então é porque, para aquelas bandas da meseta, a crise económica lhes está afectar os neurónios.
Mas, ideia puxa ideia, e dei comigo a pensar que talvez, digo apenas talvez, estejam a começar a pensar sair do euro, e criar o hispano com o qual nos comeriam a sós, na privacidade de quatro paredes. Ora isso tem bem mais sentido. As economias de Portugal e Espanha estão perfeitamente integradas e, com os principais centros de decisão já em Madrid, só lhes falta mesmo uma moeda comum que seja exclusiva da Ibéria.
Se é nisso que estão a pensar aí em Madrid, então avancem com propostas concretas. Pela nossa parte, aqui junto ao Atlântico, já está tudo preparado. Só nos falta dar um último passo, para que o hispano seja possível: restaurar a dinastia de Bragança. Tenham paciência, mas precisamos da dinastia, da nossa dinastia, da dinastia portuguesa, para não ficarmos fechados dentro de quatro paredes. Um "hispano a sós", é que não. Nós temos um mar imenso para navegar, e uma prol já adulta espalhada pelos quatro cantos do mundo.
A vossa prol também não é nada pequena - de que é que estão à espera para avançar com o hispano? Querem derrubar primeiro Juan Carlos, para que não tenhamos ensejo de restaurar Portugal?
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quinta-feira, janeiro 22, 2009
As "doutas" opiniões do Dr. Júdice sobre as Forças Armadas
13/1/09
“Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?”
Aforismo popular
O conhecido causídico que um dia ao ver-se ao espelho se deve ter achado o mais bonito e inteligente dos seres, assumindo desde então uma importância que só ele julga ter, veio num curto espaço de tempo escrever duas catilinárias sobre as FAs e os militares. Referimo-nos aos artigos “Um golpe de estado dos pequenitos”,de 7/11/08 e “O cilindro de comando”, de 9/1/09, no jornal “O Público”.
Como ainda estamos no reino do disparate e não no das ofensas (embora o primeiro artigo a coisa lá roce) vamos responder às diatribes com palavras em vez de bengaladas como tão bem sugeriria a ramalhal figura.
Não o faço com a finalidade de lhe iluminar o bestunto, que já vimos ser duro, mas para proveito dos leitores menos esclarecidos, bombardeados que são por papagaios que bolçam sobre o que não sabem sem terem a humildade de antecederem os seus ditos com pelo menos um “parece-me”.
Lá dizia o saudoso Comd.Virgilio de Carvalho que a ignorância era atrevida...
Lendo com algum cuidado os escritos nota-se uma diferença de estilo, mais cautelosa de um para o outro, que talvez a “moderação na exaltação” explique – devolvo-lhe a acintosa dos bêbados no romance do Lartéguy.
Quanto ao primeiro artigo vou deixar para alguns visados (gen. Loureiro dos Santos e cor Vasco Lourenço, por ex.) a incumbência de se defenderem e quero dizer-lhe claramente que não vou discutir as aleivosias que disse relativamente à extinção do Exército, da F.A. e quejandos. O senhor mostra ser demasiado incompetente e ridículo neste âmbito para que se possa ter consigo uma conversa séria. A sua visão do país deve resumir-se à Quinta das Lágrimas e ao escritório de advogados. Por isso a PSP chega-lhe.
Aceite um conselho e tenha cuidado com os alvitres que eventualmente lhe dêem entre duas garfadas no “Eleven”. A avaliar pela patética defesa que fez do Aristides Sousa Mendes no concurso sobre o melhor português de sempre, não devem ser grande coisa.
A única coisa acertada que diz nos artigos citados é a afirmação de que "a qualidade da formação dos militares é superior à da média nacional". De facto assim é, supondo-se por isso que os licenciados em Direito também estejam abrangidos nesta assumpção. Mas o nosso comentarista diletante invoca esta evidência como argumento para tentar reconverter os militares para outras funções públicas e assim diminuir os efectivos que ele está seguro – vá-se lá saber porque bulas – serem excessivos!
É caso para perguntar porque é que S. Exª quando era bastonário da ordem dos advogados não se lembrou de pôr em prática tal medida com os excedentes de licenciados que as 27 - leram bem! – faculdades de direito lançam no mercado todos os anos...
E para o caso de andar distraído sempre lhe lembro que os militares não são propriamente funcionários públicos, embora a maioria dos políticos desejem que passem a ser. Mas isso já é outra história.
Vamos então tocar nalguns pontos que aborda cujo nexo justifica umas linhas. As suas atoardas – não me atrevo a apelidá-las de críticas, pois estas subentendem alguma substância, objectivo e fio condutor – focam-se muito no alegado excesso de efectivos, nomeadamente generais; na desproporção que diz existir no número de oficiais, sargentos e praças e na reforma que é preciso fazer. E claro queixa-se do custo que tudo isto comporta.
O senhor acha que há efectivos a mais, mas qual é a sua referência? Estão a mais relativamente a quê? E baseados em que estudos? Ou é simplesmente porque o senhor acha e pronto? Depois afirma que há generais a mais, porquê? Já analisou a estrutura das FAs e os compromissos externos – que os governos sempre subscrevem e depois não dão meios para se cumprirem? Já lhe ocorreu que em vez de haver generais a mais (e há três tipos de generais) pode é haver soldados a menos? E já lhe passou pelas suas moléculas pensantes que as coisas devem também ser vistas em termos relativos? Isto é, considera que ter cerca de duas centenas de oficiais generais é muito, e não é muito existirem vários milhares de directores gerais e equiparados?
E já alguém lhe explicou que há dificuldade em recrutar soldados, sobretudo para o Exército que é onde a sua falta mais se faz sentir, porque se acabou (mal) com o serviço militar obrigatório, que os voluntários são muito mais caros e que não há dinheiro nem vontade politica para o arranjar?
Quando afirma que há mais generais agora do que quando o país estava em guerra, porque não compara também o ministério da defesa da altura com o actual? Pensa por acaso que a complexidade das relações internacionais, a gestão de conflitos e a maneira de fazer a guerra, parou no tempo? A matriz da sociedade de uma época para a outra tem alguma comparação?
O senhor tem alguma consciência daquilo que diz?
Quando fala da desproporção que supõe existir entre oficiais, sargentos e praças tem alguma noção de que na Marinha e FA, dado o modo como operam e a tecnologia envolvida a necessidade de praças se faz sentir em termos expressivos, apenas nos fuzileiros e na policia aérea? E no Exército este tipo de realidade também aumentou muito? E nunca lhe passou pela massa encefálica que os governos não podem andar a mudar de ideias relativamente ao que querem das FAs, como quem muda de camisa e que aos militares tem que se lhes proporcionar uma carreira cujas características não têm paralelo em mais nenhum grupo profissional? E que as carreiras, bem como as missões, o dispositivo e o sistema de forças, não são propriamente um bocado de plasticina que os políticos, no mais das vezes ignaros e nem sempre com boas intenções, que estão de passagem, podem moldar a seu belo prazer? - Para já não falar em advogados ociosos que se armam em comentaristas...
Será assim tão difícil de entender que decisões tomadas no âmbito da gestão de pessoal vão ter consequências nos próximos 10, 20 e 30 anos? Que um Exército não se improvisa, que é necessário garantir valencias, capacidades e conhecimento?
Ah, e as reformas, ele quer mais uma!
O senhor tem vivido cá? É que só pode! Desafio-o a apontar um único ministério, órgão do estado, empresa pública ou seja o que for que se tenha reformado tanto e reduzido tanto, como as FAs nos últimos 30 anos. Tendo, ao mesmo tempo, nos pretéritos 15 anos, visto os seus orçamentos diminuírem em termos reais. Não me venha, pois, falar em época de contenção, os militares estão fartinhos de dar para esse peditório. Nada lhes deve pesar na consciência tanto a nível de instituição como a nível individual. Pelo contrário tenho consciência nítida de que se tem apertado o cinto continuamente com espírito de serviço – embora não de cara alegre – enquanto a generalidade do país e sobretudo o estado e os políticos, que deviam dar o exemplo, têm andado no forrobodó da cigarra.
O senhor tem ainda o despautério de afirmar que os militares contribuem muito pouco para a produtividade nacional. Como é que é que entende que a Instituição Militar deve contribuir para a produtividade? Quer que produza automóveis? Cultive batatas? Promova o turismo? O senhor ignora por acaso que o produto acabado da força militar se chama defesa, segurança, dissuasão, afirmação de soberania, garante da unidade do estado, ser elemento fundamental da política externa do estado e seguro de vida da Nação? Possui indicadores para aferir tudo isto? O senhor tem ideia de que os sucessivos governos têm sistematicamente asfixiado as FAs em termos financeiros, em pessoal, em estruturas, em equipamentos, em autoridade, em termos legislativos, enfim, em tudo, e ao mesmo tempo aumentaram-lhes as missões? Ao passo que nos últimos 20 anos já foram empenhados em acções fora do território nacional cerca de 30000 homens em mais de 30 países diferentes? E que todas estas missões foram cumpridas e de um modo que não deslustra os nossos maiores? E que a Nação ignora tudo isto e os sacrifícios que tem acarretado?
Se o senhor não sabe nada disto peça contas aos responsáveis políticos, não aos militares, que ainda por cima não podem falar publicamente. Mas se o senhor não sabe e não sabe que não sabe, só tem que se queixar a si mesmo.
Finalmente, acha V. mercê que as FAs são caras. Pois, olhe, custam cerca de 1.1% do PIB, talvez a taxa mais baixa de todos os países da NATO à excepção do Luxemburgo. Mas, como já vimos, ao menos os militares ainda vão cumprindo razoavelmente as suas missões, que tem justificado o dinheiro.
Mas se tanto o preocupa os gastos do estado, dou-lhe um alvitre para uma acção patriótica: proponha na Ordem de que já foi bastonário que todas as firmas de advogados recusem as encomendas de pareceres jurídicos, resolução de contencioso, consultadorias e afins, que diferentes ministérios continuam a fazer em catadupas e que suposto seria serem tratados pelos respectivos serviços. Aceita o desafio?
Agora sempre lhe quero dizer que caro, caro, e injusto, injusto, é o facto de todos os cidadãos – militares incluídos – verem um ror de dinheiro dos seus impostos ser vertidos no ministério dito da Justiça, que tem certamente mais funcionários do que a Marinha, o Exército e a FAP juntos e um número de juízes conselheiros muito superior ao dos generais – e a ganharem o dobro daqueles – e nada funcionar.
De facto os tribunais só têm duas velocidades, que é devagarinho e parados; ninguém consegue dar conta do número de casos que prescrevem ou são mal instruídos; numerosas leis são desadequadas ao âmbito e pessoas em que se aplicam; as prisões estão a abarrotar e os presos não são postos a trabalhar nem regeneram; a impunidade campeia (bem como as providencias cautelares); a deontologia forense já conheceu melhores dias, etc. Em suma, o sistema é caro, burocrático, gerador de injustiças, revolta, sensação de insegurança, desmotivador das forças policiais e de investigação. Quanto à confiança dos portugueses, essa exauriu-se há muito.
Mas o Dr. Júdice está é preocupado com generais a mais, sendo duvidoso que conheça sequer os postos! O senhor já é crescidinho, falta agora tornar-se responsável.
Poderá até, como alega no fim do segundo artigo, gostar mais de pirâmides do que de cilindros, mas a mim parece, pelo que escreve, que se aproxima mais da esfera: não tem ponta por onde se lhe pegue.
Espero ficar por aqui, já estou velho para dar recrutas.
João J. Brandão Ferreira
Tcorpilav (Ref.)
“Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?”
Aforismo popular
O conhecido causídico que um dia ao ver-se ao espelho se deve ter achado o mais bonito e inteligente dos seres, assumindo desde então uma importância que só ele julga ter, veio num curto espaço de tempo escrever duas catilinárias sobre as FAs e os militares. Referimo-nos aos artigos “Um golpe de estado dos pequenitos”,de 7/11/08 e “O cilindro de comando”, de 9/1/09, no jornal “O Público”.
Como ainda estamos no reino do disparate e não no das ofensas (embora o primeiro artigo a coisa lá roce) vamos responder às diatribes com palavras em vez de bengaladas como tão bem sugeriria a ramalhal figura.
Não o faço com a finalidade de lhe iluminar o bestunto, que já vimos ser duro, mas para proveito dos leitores menos esclarecidos, bombardeados que são por papagaios que bolçam sobre o que não sabem sem terem a humildade de antecederem os seus ditos com pelo menos um “parece-me”.
Lá dizia o saudoso Comd.Virgilio de Carvalho que a ignorância era atrevida...
Lendo com algum cuidado os escritos nota-se uma diferença de estilo, mais cautelosa de um para o outro, que talvez a “moderação na exaltação” explique – devolvo-lhe a acintosa dos bêbados no romance do Lartéguy.
Quanto ao primeiro artigo vou deixar para alguns visados (gen. Loureiro dos Santos e cor Vasco Lourenço, por ex.) a incumbência de se defenderem e quero dizer-lhe claramente que não vou discutir as aleivosias que disse relativamente à extinção do Exército, da F.A. e quejandos. O senhor mostra ser demasiado incompetente e ridículo neste âmbito para que se possa ter consigo uma conversa séria. A sua visão do país deve resumir-se à Quinta das Lágrimas e ao escritório de advogados. Por isso a PSP chega-lhe.
Aceite um conselho e tenha cuidado com os alvitres que eventualmente lhe dêem entre duas garfadas no “Eleven”. A avaliar pela patética defesa que fez do Aristides Sousa Mendes no concurso sobre o melhor português de sempre, não devem ser grande coisa.
A única coisa acertada que diz nos artigos citados é a afirmação de que "a qualidade da formação dos militares é superior à da média nacional". De facto assim é, supondo-se por isso que os licenciados em Direito também estejam abrangidos nesta assumpção. Mas o nosso comentarista diletante invoca esta evidência como argumento para tentar reconverter os militares para outras funções públicas e assim diminuir os efectivos que ele está seguro – vá-se lá saber porque bulas – serem excessivos!
É caso para perguntar porque é que S. Exª quando era bastonário da ordem dos advogados não se lembrou de pôr em prática tal medida com os excedentes de licenciados que as 27 - leram bem! – faculdades de direito lançam no mercado todos os anos...
E para o caso de andar distraído sempre lhe lembro que os militares não são propriamente funcionários públicos, embora a maioria dos políticos desejem que passem a ser. Mas isso já é outra história.
Vamos então tocar nalguns pontos que aborda cujo nexo justifica umas linhas. As suas atoardas – não me atrevo a apelidá-las de críticas, pois estas subentendem alguma substância, objectivo e fio condutor – focam-se muito no alegado excesso de efectivos, nomeadamente generais; na desproporção que diz existir no número de oficiais, sargentos e praças e na reforma que é preciso fazer. E claro queixa-se do custo que tudo isto comporta.
O senhor acha que há efectivos a mais, mas qual é a sua referência? Estão a mais relativamente a quê? E baseados em que estudos? Ou é simplesmente porque o senhor acha e pronto? Depois afirma que há generais a mais, porquê? Já analisou a estrutura das FAs e os compromissos externos – que os governos sempre subscrevem e depois não dão meios para se cumprirem? Já lhe ocorreu que em vez de haver generais a mais (e há três tipos de generais) pode é haver soldados a menos? E já lhe passou pelas suas moléculas pensantes que as coisas devem também ser vistas em termos relativos? Isto é, considera que ter cerca de duas centenas de oficiais generais é muito, e não é muito existirem vários milhares de directores gerais e equiparados?
E já alguém lhe explicou que há dificuldade em recrutar soldados, sobretudo para o Exército que é onde a sua falta mais se faz sentir, porque se acabou (mal) com o serviço militar obrigatório, que os voluntários são muito mais caros e que não há dinheiro nem vontade politica para o arranjar?
Quando afirma que há mais generais agora do que quando o país estava em guerra, porque não compara também o ministério da defesa da altura com o actual? Pensa por acaso que a complexidade das relações internacionais, a gestão de conflitos e a maneira de fazer a guerra, parou no tempo? A matriz da sociedade de uma época para a outra tem alguma comparação?
O senhor tem alguma consciência daquilo que diz?
Quando fala da desproporção que supõe existir entre oficiais, sargentos e praças tem alguma noção de que na Marinha e FA, dado o modo como operam e a tecnologia envolvida a necessidade de praças se faz sentir em termos expressivos, apenas nos fuzileiros e na policia aérea? E no Exército este tipo de realidade também aumentou muito? E nunca lhe passou pela massa encefálica que os governos não podem andar a mudar de ideias relativamente ao que querem das FAs, como quem muda de camisa e que aos militares tem que se lhes proporcionar uma carreira cujas características não têm paralelo em mais nenhum grupo profissional? E que as carreiras, bem como as missões, o dispositivo e o sistema de forças, não são propriamente um bocado de plasticina que os políticos, no mais das vezes ignaros e nem sempre com boas intenções, que estão de passagem, podem moldar a seu belo prazer? - Para já não falar em advogados ociosos que se armam em comentaristas...
Será assim tão difícil de entender que decisões tomadas no âmbito da gestão de pessoal vão ter consequências nos próximos 10, 20 e 30 anos? Que um Exército não se improvisa, que é necessário garantir valencias, capacidades e conhecimento?
Ah, e as reformas, ele quer mais uma!
O senhor tem vivido cá? É que só pode! Desafio-o a apontar um único ministério, órgão do estado, empresa pública ou seja o que for que se tenha reformado tanto e reduzido tanto, como as FAs nos últimos 30 anos. Tendo, ao mesmo tempo, nos pretéritos 15 anos, visto os seus orçamentos diminuírem em termos reais. Não me venha, pois, falar em época de contenção, os militares estão fartinhos de dar para esse peditório. Nada lhes deve pesar na consciência tanto a nível de instituição como a nível individual. Pelo contrário tenho consciência nítida de que se tem apertado o cinto continuamente com espírito de serviço – embora não de cara alegre – enquanto a generalidade do país e sobretudo o estado e os políticos, que deviam dar o exemplo, têm andado no forrobodó da cigarra.
O senhor tem ainda o despautério de afirmar que os militares contribuem muito pouco para a produtividade nacional. Como é que é que entende que a Instituição Militar deve contribuir para a produtividade? Quer que produza automóveis? Cultive batatas? Promova o turismo? O senhor ignora por acaso que o produto acabado da força militar se chama defesa, segurança, dissuasão, afirmação de soberania, garante da unidade do estado, ser elemento fundamental da política externa do estado e seguro de vida da Nação? Possui indicadores para aferir tudo isto? O senhor tem ideia de que os sucessivos governos têm sistematicamente asfixiado as FAs em termos financeiros, em pessoal, em estruturas, em equipamentos, em autoridade, em termos legislativos, enfim, em tudo, e ao mesmo tempo aumentaram-lhes as missões? Ao passo que nos últimos 20 anos já foram empenhados em acções fora do território nacional cerca de 30000 homens em mais de 30 países diferentes? E que todas estas missões foram cumpridas e de um modo que não deslustra os nossos maiores? E que a Nação ignora tudo isto e os sacrifícios que tem acarretado?
Se o senhor não sabe nada disto peça contas aos responsáveis políticos, não aos militares, que ainda por cima não podem falar publicamente. Mas se o senhor não sabe e não sabe que não sabe, só tem que se queixar a si mesmo.
Finalmente, acha V. mercê que as FAs são caras. Pois, olhe, custam cerca de 1.1% do PIB, talvez a taxa mais baixa de todos os países da NATO à excepção do Luxemburgo. Mas, como já vimos, ao menos os militares ainda vão cumprindo razoavelmente as suas missões, que tem justificado o dinheiro.
Mas se tanto o preocupa os gastos do estado, dou-lhe um alvitre para uma acção patriótica: proponha na Ordem de que já foi bastonário que todas as firmas de advogados recusem as encomendas de pareceres jurídicos, resolução de contencioso, consultadorias e afins, que diferentes ministérios continuam a fazer em catadupas e que suposto seria serem tratados pelos respectivos serviços. Aceita o desafio?
Agora sempre lhe quero dizer que caro, caro, e injusto, injusto, é o facto de todos os cidadãos – militares incluídos – verem um ror de dinheiro dos seus impostos ser vertidos no ministério dito da Justiça, que tem certamente mais funcionários do que a Marinha, o Exército e a FAP juntos e um número de juízes conselheiros muito superior ao dos generais – e a ganharem o dobro daqueles – e nada funcionar.
De facto os tribunais só têm duas velocidades, que é devagarinho e parados; ninguém consegue dar conta do número de casos que prescrevem ou são mal instruídos; numerosas leis são desadequadas ao âmbito e pessoas em que se aplicam; as prisões estão a abarrotar e os presos não são postos a trabalhar nem regeneram; a impunidade campeia (bem como as providencias cautelares); a deontologia forense já conheceu melhores dias, etc. Em suma, o sistema é caro, burocrático, gerador de injustiças, revolta, sensação de insegurança, desmotivador das forças policiais e de investigação. Quanto à confiança dos portugueses, essa exauriu-se há muito.
Mas o Dr. Júdice está é preocupado com generais a mais, sendo duvidoso que conheça sequer os postos! O senhor já é crescidinho, falta agora tornar-se responsável.
Poderá até, como alega no fim do segundo artigo, gostar mais de pirâmides do que de cilindros, mas a mim parece, pelo que escreve, que se aproxima mais da esfera: não tem ponta por onde se lhe pegue.
Espero ficar por aqui, já estou velho para dar recrutas.
João J. Brandão Ferreira
Tcorpilav (Ref.)
Uma «fiesta» inglesa, em Marbella
Staying out of the euro has spared us a Spanish-style catastrophe
Half-built flats and soaring unemployment show that the boom has turned to gloom on the Costa del Sol. And it's a fate that could easily have befallen Britain.
By Jeff Randall
Last Updated: 5:43AM GMT 09 Jan 2009
Marbella
For a place that's called the Sunshine Coast, Spain's Costa del Sol was unusually wet and cold last week. Friday and Saturday were particularly miserable in Marbella, as the rain lashed across the main promenade, forcing restaurants to bring in tables and pull down shutters.
It was as though the weather gods had decided to reflect the country's economic outlook – which is becoming darker by the day. What many in Spain had regarded (foolishly) as an eternal summer of expansion, driven by a breakneck construction boom, has turned into a winter of plunging property prices, failing businesses and an epidemic of redundancies.
Spain's traditional new year greeting is próspero año nuevo. But even in this part of Andalucia, a favourite playground of wealthy sunseekers and golf fanatics, it is hard to find locals who are expecting prosperity in 2009. For a growing number of workers and small-business owners, anything better than a sharp decline in income will be greeted as a triumph.
Like the toros bravos that die in the corrida, Spain's bull market began with impressive vigour but ended up being dragged off through the dirt. Unemployment hit three million yesterday, about 13 per cent of the workforce (double the rate in the UK), the worst it has been for 12 years. Nearly one million of those without jobs have lost them during the past 12 months.
The speed of descent, from fiesta into crisis, has shocked the country's political class and commentariat. Inflation has dropped from 5.3 per cent to 1.5 per cent since the summer. According to the newspaper El Pais: "This situation was impensable [unthinkable] in July".
As historians begin to assess damage from the credit crunch, Spain will surely be singled out as a classic study for what can go wrong inside a monetary union when the policy requirements of its members become hopelessly misaligned. It is simply not possible to pursue the best interests of every participant when some nations are running trade and fiscal surpluses while others clock up huge deficits.
Ten years after it was launched, the euro is propelling Spain towards disaster. In giving up control of domestic interest rates to the European Central Bank, Madrid handed over a vital instrument of macroeconomic management. It is learning to regret that.
For the early part of this millennium, that loss of power seemed not to matter: Spain's outrageous (and in some cases illegal) construction frenzy hid a multitude of sins. At the peak, about 800,000 homes were being built annually on the basis that demand from foreign buyers was limitless.
That dream has vanished, along with the over-supply of cheap money that funded it. Drive down the E-15, the main motorway link between Malaga and Gibraltar, and you will see block after block of half-built apartments, connected neither to essential utilities nor to financial reality. They stand as temples to a religion that ceased to exist when the bubble popped.
The Spanish economy is weak; it needs lower interest rates and a softer currency. Such a prospect, however, doesn't suit Germany, the eurozone's dominant force, so Madrid has to sit and suffer while its people cry for help.
Discomfort is palpable in tourist centres where the purchasing power of British visitors and second-home owners has played a pivotal role in boosting local enterprise. Germans and Swedes have been important, also, but it is on the British that the leisure sector in southern Spain has depended most.
A quick scan of the exchange-rate charts explains why. In the summer of 2000, about 18 months after it was launched, the euro was out of fashion on the world's currency markets. At that time, £1 bought €1.75, making British travellers feel especially wealthy when holidaying in Spain.
Today, however, as the British economy sinks into recession, prompting the Bank of England to slash interest rates to 1.5 per cent (the lowest level in the central bank's 315-year history), it is sterling that looks like a six-stone weakling.
Many in the queue at Gatwick airport's Travelex desk last weekend were shocked to discover that the pound had fallen to below parity against the euro. For them, Spain has become an expensive experience. Old jokes about Costa Notta Lotta are no longer relevant, much less funny.
I was treated by a friend to a round of golf at Rio Real, a middle-ranking course, that is by no means among the priciest. He was charged £172 for two (no buggy). Dinner for three in a modest pizza joint came to £75. One must assume that hoteliers from Morecambe to Margate are cheering wildly.
Competing currencies invariably fluctuate on a daily basis, but not all in the City are expecting a swift recovery of sterling against the euro (even though it has picked up in the past few days). HSBC believes: "In the UK… a weaker currency seems desirable to policy makers… in our eyes all roads lead to a stronger euro."
If that analysis proves correct, parts of Spain will face devastation, and social policies that seemed generous during the go-go years will quickly become unaffordable. For example, in some instances the state pays 70 per cent of salary for up to two years when a worker is made unemployed. How will that be funded if, as some are predicting, Spain's jobless total reaches four million in 2010?
Adding to Madrid's woes is the extraordinary influx of five million immigrants, who boosted the population by about 15 per cent between 1998 and last year. It was always assumed that in tough times many would return home. But for penniless fruit pickers from Africa, life in Spain, even in the harshest economic climate, is often better than what they left behind. The number of foreigners claiming dole payments has doubled and there are mounting tensions as native job-seekers slip down the food chain.
Marbella is not used to life on a budget. Shopkeepers, newspaper vendors and bar staff seem baffled by the downturn in their fortunes. On Sunday, my family and I had dinner in a seafront bodega and were the only customers all night. "What has happened to los Ingleses?" asked the waiter.
The answer is that the United Kingdom never joined the euro. As a result, our government and monetary authorities are free to adopt policies that suit our needs. In today's circumstances, that means the freedom to live with a devaluing currency. This hurts those of us who can still afford to visit Spain, and is unfortunate for British pensioners living abroad, but is a small price to pay for the revival of our domestic industries.
Had Britain been locked into Europe's single currency, at an exchange rate far higher than today's, there is good reason to believe that we, too, would be suffering double-digit unemployment. You won't read this very often under my byline, but Gordon Brown played a blinder in keeping us out.
in The Telegraph
Half-built flats and soaring unemployment show that the boom has turned to gloom on the Costa del Sol. And it's a fate that could easily have befallen Britain.
By Jeff Randall
Last Updated: 5:43AM GMT 09 Jan 2009
Marbella
For a place that's called the Sunshine Coast, Spain's Costa del Sol was unusually wet and cold last week. Friday and Saturday were particularly miserable in Marbella, as the rain lashed across the main promenade, forcing restaurants to bring in tables and pull down shutters.
It was as though the weather gods had decided to reflect the country's economic outlook – which is becoming darker by the day. What many in Spain had regarded (foolishly) as an eternal summer of expansion, driven by a breakneck construction boom, has turned into a winter of plunging property prices, failing businesses and an epidemic of redundancies.
Spain's traditional new year greeting is próspero año nuevo. But even in this part of Andalucia, a favourite playground of wealthy sunseekers and golf fanatics, it is hard to find locals who are expecting prosperity in 2009. For a growing number of workers and small-business owners, anything better than a sharp decline in income will be greeted as a triumph.
Like the toros bravos that die in the corrida, Spain's bull market began with impressive vigour but ended up being dragged off through the dirt. Unemployment hit three million yesterday, about 13 per cent of the workforce (double the rate in the UK), the worst it has been for 12 years. Nearly one million of those without jobs have lost them during the past 12 months.
The speed of descent, from fiesta into crisis, has shocked the country's political class and commentariat. Inflation has dropped from 5.3 per cent to 1.5 per cent since the summer. According to the newspaper El Pais: "This situation was impensable [unthinkable] in July".
As historians begin to assess damage from the credit crunch, Spain will surely be singled out as a classic study for what can go wrong inside a monetary union when the policy requirements of its members become hopelessly misaligned. It is simply not possible to pursue the best interests of every participant when some nations are running trade and fiscal surpluses while others clock up huge deficits.
Ten years after it was launched, the euro is propelling Spain towards disaster. In giving up control of domestic interest rates to the European Central Bank, Madrid handed over a vital instrument of macroeconomic management. It is learning to regret that.
For the early part of this millennium, that loss of power seemed not to matter: Spain's outrageous (and in some cases illegal) construction frenzy hid a multitude of sins. At the peak, about 800,000 homes were being built annually on the basis that demand from foreign buyers was limitless.
That dream has vanished, along with the over-supply of cheap money that funded it. Drive down the E-15, the main motorway link between Malaga and Gibraltar, and you will see block after block of half-built apartments, connected neither to essential utilities nor to financial reality. They stand as temples to a religion that ceased to exist when the bubble popped.
The Spanish economy is weak; it needs lower interest rates and a softer currency. Such a prospect, however, doesn't suit Germany, the eurozone's dominant force, so Madrid has to sit and suffer while its people cry for help.
Discomfort is palpable in tourist centres where the purchasing power of British visitors and second-home owners has played a pivotal role in boosting local enterprise. Germans and Swedes have been important, also, but it is on the British that the leisure sector in southern Spain has depended most.
A quick scan of the exchange-rate charts explains why. In the summer of 2000, about 18 months after it was launched, the euro was out of fashion on the world's currency markets. At that time, £1 bought €1.75, making British travellers feel especially wealthy when holidaying in Spain.
Today, however, as the British economy sinks into recession, prompting the Bank of England to slash interest rates to 1.5 per cent (the lowest level in the central bank's 315-year history), it is sterling that looks like a six-stone weakling.
Many in the queue at Gatwick airport's Travelex desk last weekend were shocked to discover that the pound had fallen to below parity against the euro. For them, Spain has become an expensive experience. Old jokes about Costa Notta Lotta are no longer relevant, much less funny.
I was treated by a friend to a round of golf at Rio Real, a middle-ranking course, that is by no means among the priciest. He was charged £172 for two (no buggy). Dinner for three in a modest pizza joint came to £75. One must assume that hoteliers from Morecambe to Margate are cheering wildly.
Competing currencies invariably fluctuate on a daily basis, but not all in the City are expecting a swift recovery of sterling against the euro (even though it has picked up in the past few days). HSBC believes: "In the UK… a weaker currency seems desirable to policy makers… in our eyes all roads lead to a stronger euro."
If that analysis proves correct, parts of Spain will face devastation, and social policies that seemed generous during the go-go years will quickly become unaffordable. For example, in some instances the state pays 70 per cent of salary for up to two years when a worker is made unemployed. How will that be funded if, as some are predicting, Spain's jobless total reaches four million in 2010?
Adding to Madrid's woes is the extraordinary influx of five million immigrants, who boosted the population by about 15 per cent between 1998 and last year. It was always assumed that in tough times many would return home. But for penniless fruit pickers from Africa, life in Spain, even in the harshest economic climate, is often better than what they left behind. The number of foreigners claiming dole payments has doubled and there are mounting tensions as native job-seekers slip down the food chain.
Marbella is not used to life on a budget. Shopkeepers, newspaper vendors and bar staff seem baffled by the downturn in their fortunes. On Sunday, my family and I had dinner in a seafront bodega and were the only customers all night. "What has happened to los Ingleses?" asked the waiter.
The answer is that the United Kingdom never joined the euro. As a result, our government and monetary authorities are free to adopt policies that suit our needs. In today's circumstances, that means the freedom to live with a devaluing currency. This hurts those of us who can still afford to visit Spain, and is unfortunate for British pensioners living abroad, but is a small price to pay for the revival of our domestic industries.
Had Britain been locked into Europe's single currency, at an exchange rate far higher than today's, there is good reason to believe that we, too, would be suffering double-digit unemployment. You won't read this very often under my byline, but Gordon Brown played a blinder in keeping us out.
in The Telegraph
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Portugal suffers S & P rating cut
By David Oakley in London and Peter Wise in Lisbon
Published: January 21 2009 19:42 | Last updated: January 21 2009 20:28
Portugal on Wednesday became the third eurozone economy in two weeks to suffer a credit rating downgrade because of its failure to tackle deteriorating public finances.
Standard & Poor’s decision to reduce Portugal’s long-term ratings to AA minus, six notches below the highest triple A rating, followed downgrades of Spain on Monday and Greece last week. Ireland, which was put on negative outlook earlier in the month, could follow soon.
The move underlines the growing strains in the eurozone as the weaker economies, mainly in the south, struggle to stay competitive in the worsening economic climate without the option of devaluing their currencies.
The extra cost for Portugal, Spain, Greece and Ireland of issuing government bonds compared with that of Germany, Europe’s biggest economy has risen this week. This is because investors believe the continent’s smaller economies may suffer longer and deeper recessions.
The cost of insuring their government bonds against default through credit default swaps has risen to record highs, too, with investors judging the assets of these countries to be increasingly risky.
Portugal was forced at the weekend to downgrade its economic forecasts for 2009 in response to a “worsening external environment that cannot be ignored”.
Announcing supplementary budget measures, Fernando Teixeira dos Santos, its finance minister, projected a 0.8 per cent contraction in gross domestic product this year and a rise in the unemployment rate to 8.5 per cent.
This compares with forecasts made in October of minus 0.3 per cent and 7.7 per cent respectively.
S&P forecast Portuguese GDP would contract 1.5 per cent this year and 1 per cent in 2010, with long-term average growth predicted at 1.5 per cent, lower than the eurozone average of 2.2 per cent.
Copyright The Financial Times Limited 2009
Published: January 21 2009 19:42 | Last updated: January 21 2009 20:28
Portugal on Wednesday became the third eurozone economy in two weeks to suffer a credit rating downgrade because of its failure to tackle deteriorating public finances.
Standard & Poor’s decision to reduce Portugal’s long-term ratings to AA minus, six notches below the highest triple A rating, followed downgrades of Spain on Monday and Greece last week. Ireland, which was put on negative outlook earlier in the month, could follow soon.
The move underlines the growing strains in the eurozone as the weaker economies, mainly in the south, struggle to stay competitive in the worsening economic climate without the option of devaluing their currencies.
The extra cost for Portugal, Spain, Greece and Ireland of issuing government bonds compared with that of Germany, Europe’s biggest economy has risen this week. This is because investors believe the continent’s smaller economies may suffer longer and deeper recessions.
The cost of insuring their government bonds against default through credit default swaps has risen to record highs, too, with investors judging the assets of these countries to be increasingly risky.
Portugal was forced at the weekend to downgrade its economic forecasts for 2009 in response to a “worsening external environment that cannot be ignored”.
Announcing supplementary budget measures, Fernando Teixeira dos Santos, its finance minister, projected a 0.8 per cent contraction in gross domestic product this year and a rise in the unemployment rate to 8.5 per cent.
This compares with forecasts made in October of minus 0.3 per cent and 7.7 per cent respectively.
S&P forecast Portuguese GDP would contract 1.5 per cent this year and 1 per cent in 2010, with long-term average growth predicted at 1.5 per cent, lower than the eurozone average of 2.2 per cent.
Copyright The Financial Times Limited 2009
terça-feira, janeiro 20, 2009
"O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional"
Colóquio Científico UCP | "O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional" | 27 Janeiro
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
COLÓQUIO CIENTÍFICO
O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional
3.ª feira, 27 de Janeiro de 2009
Sala de Exposições (Edifício da Biblioteca João Paulo II)
[ENTRADA LIVRE]
PROGRAMA
9.15h-9.30h – Recepção dos participantes
9.30h-10.00h – Sessão de Abertura
Prof. Doutor Rui Ramos
Prof. Doutor Manuel Braga da Cruz
10.00h-11.00h – 1.ª Sessão
O modelo constitucional monárquico no direito constitucional português
(Prof. Doutor Jorge Miranda)
D. Pedro IV, D. Maria e a criação da Monarquia Constitucional
(Prof.ª Doutora Fátima Bonifácio)
11.00h-11.15h – Debate
11.15h-11.30h – Coffe-Break
11.30h-12.30h – 2.º Sessão
D. Pedro V, D. Luís e o papel do Rei na Regeneração
(Doutora Maria Filomena Mónica)
D. Carlos e a Tradição da Monarquia Constitucional
(Prof. Doutor Rui Ramos)
12.30h-12.45h – Debate
ALMOÇO
15.00h-16.00h – 3.ª Sessão
O poder visível: D. Carlos, a imprensa e a opinião pública no final da Monarquia
(Prof. Doutor José Miguel Sardica)
D. Carlos, a arte e o mecenato artístico
(Prof. Doutor Nuno Saldanha)
16.00h-16.15h – Debate
16.15h-16.30h – Coffe-Break
16.30h-17.30h – 4.ª Sessão
D. Carlos e a diplomacia do seu tempo
(Dr. Pedro Leite de Faria)
D. Carlos e a questão religiosa no final da Monarquia
(Prof. Doutor António Matos Ferreira)
17.30h-17.45h – Debate
17.45h-18.30h – Inauguração da Exposição sobre D. Carlos
(Espólio bibliográfico e arquivístico da Biblioteca João Paulo II / UCP)
Comissão Organizadora:
Prof. Doutor Manuel Braga da Cruz (Reitor da Univ. Católica Portuguesa); Prof. Doutor Rui Ramos; (ICS-UL e UCP);
Prof. Doutor José Miguel Sardica (FCH-UCP); Dr. Alfredo Magalhães Ramalho (BUJPII – UCP).
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
COLÓQUIO CIENTÍFICO
O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional
3.ª feira, 27 de Janeiro de 2009
Sala de Exposições (Edifício da Biblioteca João Paulo II)
[ENTRADA LIVRE]
PROGRAMA
9.15h-9.30h – Recepção dos participantes
9.30h-10.00h – Sessão de Abertura
Prof. Doutor Rui Ramos
Prof. Doutor Manuel Braga da Cruz
10.00h-11.00h – 1.ª Sessão
O modelo constitucional monárquico no direito constitucional português
(Prof. Doutor Jorge Miranda)
D. Pedro IV, D. Maria e a criação da Monarquia Constitucional
(Prof.ª Doutora Fátima Bonifácio)
11.00h-11.15h – Debate
11.15h-11.30h – Coffe-Break
11.30h-12.30h – 2.º Sessão
D. Pedro V, D. Luís e o papel do Rei na Regeneração
(Doutora Maria Filomena Mónica)
D. Carlos e a Tradição da Monarquia Constitucional
(Prof. Doutor Rui Ramos)
12.30h-12.45h – Debate
ALMOÇO
15.00h-16.00h – 3.ª Sessão
O poder visível: D. Carlos, a imprensa e a opinião pública no final da Monarquia
(Prof. Doutor José Miguel Sardica)
D. Carlos, a arte e o mecenato artístico
(Prof. Doutor Nuno Saldanha)
16.00h-16.15h – Debate
16.15h-16.30h – Coffe-Break
16.30h-17.30h – 4.ª Sessão
D. Carlos e a diplomacia do seu tempo
(Dr. Pedro Leite de Faria)
D. Carlos e a questão religiosa no final da Monarquia
(Prof. Doutor António Matos Ferreira)
17.30h-17.45h – Debate
17.45h-18.30h – Inauguração da Exposição sobre D. Carlos
(Espólio bibliográfico e arquivístico da Biblioteca João Paulo II / UCP)
Comissão Organizadora:
Prof. Doutor Manuel Braga da Cruz (Reitor da Univ. Católica Portuguesa); Prof. Doutor Rui Ramos; (ICS-UL e UCP);
Prof. Doutor José Miguel Sardica (FCH-UCP); Dr. Alfredo Magalhães Ramalho (BUJPII – UCP).
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D. Carlos I
domingo, janeiro 18, 2009
Sejamos honestos e atentos
CARTA DO CANADÁ
por Fernanda Leitão
Portugal, país do oito ou oitenta, tem dois grupos ao serviço do radicalismo alarmista: a extrema-direita saudosista e o Partido Comunista. Ambos órfãos de coleira de picos, açaime de ferro e trela curta. Praticamente desde a entrada em funções deste governo, estes grupos têm vindo a manifestar-se, por vezes de forma soez e blogueira, o que se compreende. Adeptos do quanto pior, melhor, respiram mal num ambiente em que, apesar de tudo, se pode falar alto. Já assim tinha sido no tempo de Sá Carneiro, a quem ambos os lados insultaram de forma baixa. Fazer o quê? É a forma de eles praticarem o que julgam ser a política.
No último ano, e principalmente desde que surgiu a crise financeira mundial, a crispação tomou proporções gigantescas e, o que é de assinalar, com sucessivos ataques á democracia, atribuindo à democracia todos males que afligem a nossa terra. Compreende-se que este posicionamento venha da parte de formações ideológicas ansiosas por um regresso à ditadura.
Subscrevo a cem por cento os que se erguem contra a corrupção, a roubalheira, o compadrio, o desleixo, a incompetência, o arranjismo. Recuso-me a atribuir estas perversidades à democracia. Primeiro, porque sei que a democracia, não sendo perfeita, é o melhor dos regimes políticos. Segundo, porque sei de muitas democracias que funcionam de forma limpa, tendo até um sistema de punição exemplar para os prevaricadores.
Bandalheira é uma coisa, democracia é outra. Ora, como se pode ver a olho nú, Portugal tem um máximo de bandalheira e uns salpicos de democracia. Se todos quisermos ser honestos, temos de agir para acabar com a bandalheira precisamente para podermos ter democracia. Temos direito a ela, porque por ela lutámos durante 48 anos de ditadura de extrema direita, mais uns quantos anos de tentativa de ditadura comunista que apenas serviu para destruír a economia, a educação e as Forças Armadas, com resultados visíveis ainda hoje. Porque não somos nenhum povo de imbecis e atrasados mentais que tenha sempre de escolher entre a bandalheira e a ditadura. E ainda porque não há bandalheira cristã ou ditadura cristã, por muito que os seus dirigentes vão à missa ou se mostrem em procissões.
Somos um povo adulto e inteligente, que bem o mostra ser no estrangeiro e nas bolsas de cientistas, artistas, técnicos, empresários, mestres e trabalhadores que, felizmente, Portugal ainda tem. Vamos acabar com a bandalheira? Vamos! Vamos para a ditadura? Não vamos!
por Fernanda Leitão
Portugal, país do oito ou oitenta, tem dois grupos ao serviço do radicalismo alarmista: a extrema-direita saudosista e o Partido Comunista. Ambos órfãos de coleira de picos, açaime de ferro e trela curta. Praticamente desde a entrada em funções deste governo, estes grupos têm vindo a manifestar-se, por vezes de forma soez e blogueira, o que se compreende. Adeptos do quanto pior, melhor, respiram mal num ambiente em que, apesar de tudo, se pode falar alto. Já assim tinha sido no tempo de Sá Carneiro, a quem ambos os lados insultaram de forma baixa. Fazer o quê? É a forma de eles praticarem o que julgam ser a política.
No último ano, e principalmente desde que surgiu a crise financeira mundial, a crispação tomou proporções gigantescas e, o que é de assinalar, com sucessivos ataques á democracia, atribuindo à democracia todos males que afligem a nossa terra. Compreende-se que este posicionamento venha da parte de formações ideológicas ansiosas por um regresso à ditadura.
Subscrevo a cem por cento os que se erguem contra a corrupção, a roubalheira, o compadrio, o desleixo, a incompetência, o arranjismo. Recuso-me a atribuir estas perversidades à democracia. Primeiro, porque sei que a democracia, não sendo perfeita, é o melhor dos regimes políticos. Segundo, porque sei de muitas democracias que funcionam de forma limpa, tendo até um sistema de punição exemplar para os prevaricadores.
Bandalheira é uma coisa, democracia é outra. Ora, como se pode ver a olho nú, Portugal tem um máximo de bandalheira e uns salpicos de democracia. Se todos quisermos ser honestos, temos de agir para acabar com a bandalheira precisamente para podermos ter democracia. Temos direito a ela, porque por ela lutámos durante 48 anos de ditadura de extrema direita, mais uns quantos anos de tentativa de ditadura comunista que apenas serviu para destruír a economia, a educação e as Forças Armadas, com resultados visíveis ainda hoje. Porque não somos nenhum povo de imbecis e atrasados mentais que tenha sempre de escolher entre a bandalheira e a ditadura. E ainda porque não há bandalheira cristã ou ditadura cristã, por muito que os seus dirigentes vão à missa ou se mostrem em procissões.
Somos um povo adulto e inteligente, que bem o mostra ser no estrangeiro e nas bolsas de cientistas, artistas, técnicos, empresários, mestres e trabalhadores que, felizmente, Portugal ainda tem. Vamos acabar com a bandalheira? Vamos! Vamos para a ditadura? Não vamos!
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ditadura
Tectónica de placas
Um professor de Economia na Universidade Livre de Bruxelas, André Sapir, disse há algumas semanas que já não vale a pena tentar evitar 1929. O melhor que podemos fazer agora é evitar 1930, 1931 e 1932.
Os acontecimentos estão a precipitar-se no leste europeu. Nos últimos dias, nos países do Báltico e nos do sul dos Balcãs, têm-se vindo a registar os piores motins desde o colapso dos regimes comunistas. As ruas de Riga são uma “zona de guerra”. Na Lituânia, há motins e manifestações acolhidas com balas de borracha e gaz. Na Bulgária, as manifestações estão também a começar a tornar-se violentas.
No velho ocidente “democrático”, a Grécia tem estado a estremecer, e o pior pode ainda estar para vir. O governo já nem se atreve a vender títulos para financiar a dívida pública. Na semana passada vendeu 2, 5 biliões a taxas baixíssimas. Entraram em terreno muito perigoso.
Em Espanha, todos os indicadores económicos estão em queda livre, com a excepção do desemprego, é claro.
A Irlanda está à beira de um ataque de nervos. Depois de nacionalizar o Anglo Irish Bank, verificam agora que o Estado está à beira da insolvência.
Em Itália, os jornalistas começaram já a dizer que vem aí a “crise da tequilha”, aludindo à crise mexicana de 1994, na qual se deu uma fuga maciça de capitais para os EUA.
Em Portugal, nem é preciso lembrar que estamos também em queda livre, e com a violência à espreita. O nível do endividamento público diz o bastante acerca do “futuro colectivo” que nos espera.
Uma breve conclusão se pode tirar – as nações da Europa estão sob prisão, esperando a vez para o sacrifício no altar da união económica e monetária.
A lógica da UEM vai fazer disparar a deflação e, com os actuais níveis de endividamento, a vida económica vai tornar-se impossível para muitos países europeus. A tortura divida-deflação é um tabu para os partidários do euro, mas está a já a colocar em risco a paz social em muitos locais.
Percebe-se o apelo à ditadura, recentemente lançado entre nós por alguns líderes políticos. Para a oligarquia partidária, não há na verdade outra solução, se quiserem ficar dentro do euro. Só a repressão os poderá salvar, como os salvou nas ditaduras dos anos 30.
Como é costume, a “esquerda” francesa já tem um “slogan”, desta vez, aliás, bem apropriado: “É preciso combater a ditadura capitalista do euro”.
A manter-se a UEM, o problema é bem simples e não tem solução: não vão ser suficientes as actuais acções de salvamento invisível do BCE, e antes de mais, porque ao criar-se uma dívida pública ilegal dentro da União, alguém a terá que pagar. O que é que vai acontecer quando os pagantes de impostos na Alemanha descobrirem a tramóia?
A situação actual não está de feição para pequenos tremores de terra. O que a história dos terramotos europeus tem demonstrado, é que não há abanão mais violento do que aquele que é provocado pelo choque da placa da Europa latina com a placa da Europa teutónica.
Os acontecimentos estão a precipitar-se no leste europeu. Nos últimos dias, nos países do Báltico e nos do sul dos Balcãs, têm-se vindo a registar os piores motins desde o colapso dos regimes comunistas. As ruas de Riga são uma “zona de guerra”. Na Lituânia, há motins e manifestações acolhidas com balas de borracha e gaz. Na Bulgária, as manifestações estão também a começar a tornar-se violentas.
No velho ocidente “democrático”, a Grécia tem estado a estremecer, e o pior pode ainda estar para vir. O governo já nem se atreve a vender títulos para financiar a dívida pública. Na semana passada vendeu 2, 5 biliões a taxas baixíssimas. Entraram em terreno muito perigoso.
Em Espanha, todos os indicadores económicos estão em queda livre, com a excepção do desemprego, é claro.
A Irlanda está à beira de um ataque de nervos. Depois de nacionalizar o Anglo Irish Bank, verificam agora que o Estado está à beira da insolvência.
Em Itália, os jornalistas começaram já a dizer que vem aí a “crise da tequilha”, aludindo à crise mexicana de 1994, na qual se deu uma fuga maciça de capitais para os EUA.
Em Portugal, nem é preciso lembrar que estamos também em queda livre, e com a violência à espreita. O nível do endividamento público diz o bastante acerca do “futuro colectivo” que nos espera.
Uma breve conclusão se pode tirar – as nações da Europa estão sob prisão, esperando a vez para o sacrifício no altar da união económica e monetária.
A lógica da UEM vai fazer disparar a deflação e, com os actuais níveis de endividamento, a vida económica vai tornar-se impossível para muitos países europeus. A tortura divida-deflação é um tabu para os partidários do euro, mas está a já a colocar em risco a paz social em muitos locais.
Percebe-se o apelo à ditadura, recentemente lançado entre nós por alguns líderes políticos. Para a oligarquia partidária, não há na verdade outra solução, se quiserem ficar dentro do euro. Só a repressão os poderá salvar, como os salvou nas ditaduras dos anos 30.
Como é costume, a “esquerda” francesa já tem um “slogan”, desta vez, aliás, bem apropriado: “É preciso combater a ditadura capitalista do euro”.
A manter-se a UEM, o problema é bem simples e não tem solução: não vão ser suficientes as actuais acções de salvamento invisível do BCE, e antes de mais, porque ao criar-se uma dívida pública ilegal dentro da União, alguém a terá que pagar. O que é que vai acontecer quando os pagantes de impostos na Alemanha descobrirem a tramóia?
A situação actual não está de feição para pequenos tremores de terra. O que a história dos terramotos europeus tem demonstrado, é que não há abanão mais violento do que aquele que é provocado pelo choque da placa da Europa latina com a placa da Europa teutónica.
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terça-feira, janeiro 13, 2009
Intervenção da Santa Sé na ONU sobre o conflito de Gaza
Dom Tomasi expressa a condenação de «toda violência» por parte da Igreja
GENEBRA, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009 (ZENIT.org <http://www.zenit.org/> ).-
Oferecemos a seguir a intervenção de Dom Silvano Tomasi, Observador Permanente ante a ONU, na sexta-feira passada, 9 de janeiro, na Sessão Especial do Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a situação dos Territórios Palestinos Ocupados e da Faixa de Gaza.
* * *
Senhor presidente:
A Delegação da Santa Sé quer expressar sua solidariedade ao povo de Gaza, que está morrendo e sofrendo pelo assalto militar em curso por parte das Forças Israelenses de Defesa, como ao povo de Sderot, Ashkelon e outras cidades israelenses que estão vivendo sob o terror constante de ataques com mísseis lançados por militantes palestinos desde a faixa de Gaza, e que causaram vítimas e feriram muitas pessoas.
Os patriarcas e os líderes das igrejas de Jerusalém estabeleceram no domingo passado um dia de oração, para que se ponha fim ao conflito em Gaza e que se restabeleçam a paz e a justiça na Terra Santa. Estão convencidos de que a continuação do derramamento de sangue e da violência não conduzirá à paz e à justiça, mas alimentará mais o ódio e a hostilidade e, portanto, um contínuo confronto entre os dois povos. Estes líderes religiosos fazem um convite a ambas as partes para que recobrem o sentido e cessem os atos de violência, que só trarão a destruição e a tragédia. Instam, ao contrário, a trabalhar para resolver suas diferenças por meios pacíficos e não violentos.
O Santo Padre Bento XVI sublinhou no domingo passado que a negativa do diálogo entre as partes levou a indizíveis sofrimentos a população de Gaza, vítima do ódio e da guerra.
Senhor presidente, é evidente que as partes não são capazes de sair deste círculo vicioso de violência sem a ajuda da comunidade internacional, que deve cumprir suas responsabilidades, intervindo ativamente para deter o derramamento de sangue, para facilitar o acesso de assistência humanitária de emergência e colocar fim a toda forma de confronto. Ao mesmo tempo, a comunidade internacional deve continuar participando na eliminação das causas profundas do conflito, que só pode ser resolvido no marco de uma solução duradoura do conflito palestino-israelense, sobre a base das resoluções internacionais aprovadas ao longo dos anos.
Quero concluir com as palavras que o Papa Bento XVI pronunciou ontem, durante a reunião anual com os diplomatas acreditados na Santa Sé: «Mais ma vez quero reiterar que as opções militares não são a solução e que a violência, venha de onde vier e seja qual for a forma que adotar, deve ser firmemente condenada. Quero expressar minha esperança de que, com o decisivo compromisso da comunidade internacional, restabeleça-se a trégua na faixa de Gaza, condição indispensável para o restabelecimento de algumas condições de vida aceitáveis para a população, e que as negociações de paz se reiniciem, com a rejeição do ódio, dos atos de provocação e do uso das armas».
Obrigado, senhor presidente.
[Traduzido por Zenit]
GENEBRA, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009 (ZENIT.org <http://www.zenit.org/> ).-
Oferecemos a seguir a intervenção de Dom Silvano Tomasi, Observador Permanente ante a ONU, na sexta-feira passada, 9 de janeiro, na Sessão Especial do Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a situação dos Territórios Palestinos Ocupados e da Faixa de Gaza.
* * *
Senhor presidente:
A Delegação da Santa Sé quer expressar sua solidariedade ao povo de Gaza, que está morrendo e sofrendo pelo assalto militar em curso por parte das Forças Israelenses de Defesa, como ao povo de Sderot, Ashkelon e outras cidades israelenses que estão vivendo sob o terror constante de ataques com mísseis lançados por militantes palestinos desde a faixa de Gaza, e que causaram vítimas e feriram muitas pessoas.
Os patriarcas e os líderes das igrejas de Jerusalém estabeleceram no domingo passado um dia de oração, para que se ponha fim ao conflito em Gaza e que se restabeleçam a paz e a justiça na Terra Santa. Estão convencidos de que a continuação do derramamento de sangue e da violência não conduzirá à paz e à justiça, mas alimentará mais o ódio e a hostilidade e, portanto, um contínuo confronto entre os dois povos. Estes líderes religiosos fazem um convite a ambas as partes para que recobrem o sentido e cessem os atos de violência, que só trarão a destruição e a tragédia. Instam, ao contrário, a trabalhar para resolver suas diferenças por meios pacíficos e não violentos.
O Santo Padre Bento XVI sublinhou no domingo passado que a negativa do diálogo entre as partes levou a indizíveis sofrimentos a população de Gaza, vítima do ódio e da guerra.
Senhor presidente, é evidente que as partes não são capazes de sair deste círculo vicioso de violência sem a ajuda da comunidade internacional, que deve cumprir suas responsabilidades, intervindo ativamente para deter o derramamento de sangue, para facilitar o acesso de assistência humanitária de emergência e colocar fim a toda forma de confronto. Ao mesmo tempo, a comunidade internacional deve continuar participando na eliminação das causas profundas do conflito, que só pode ser resolvido no marco de uma solução duradoura do conflito palestino-israelense, sobre a base das resoluções internacionais aprovadas ao longo dos anos.
Quero concluir com as palavras que o Papa Bento XVI pronunciou ontem, durante a reunião anual com os diplomatas acreditados na Santa Sé: «Mais ma vez quero reiterar que as opções militares não são a solução e que a violência, venha de onde vier e seja qual for a forma que adotar, deve ser firmemente condenada. Quero expressar minha esperança de que, com o decisivo compromisso da comunidade internacional, restabeleça-se a trégua na faixa de Gaza, condição indispensável para o restabelecimento de algumas condições de vida aceitáveis para a população, e que as negociações de paz se reiniciem, com a rejeição do ódio, dos atos de provocação e do uso das armas».
Obrigado, senhor presidente.
[Traduzido por Zenit]
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Santa Sé
domingo, janeiro 11, 2009
Um artigo de Orlando Vitorino, in «O Diabo», de 26 Out. de 1982
Leonardo, revista de filosofia portuguesa - Sunday, 11 de January de 2009
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José Marinho,
Luís de Almeida Braga
sexta-feira, janeiro 09, 2009
Publicidade enganosa
LONDRES, sexta-feira, 9 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Uma organização britânica cristã protestou nesta quinta-feira perante a autoridade que regulamenta a publicidade após o lançamento nos meios de transporte públicos do Reino Unido de uma campanha ateia que proclama «provavelmente Deus não existe» e pediu provas que confirmem tal afirmação.
A campanha ateia, exposta em 800 autocarros do país, assim como no Metrô de Londres, foi lançada ao início de janeiro com o apoio da Associação Humanista Britânica (BHA) e foi financiada por mais de 140 mil libras (cerca de 150 mil euros).
O slogan completo da campanha, que também deverá ser promovido em menor escala na Espanha, é «Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar e desfruta a vida».
Stephen Green, director nacional da associação «Christian voice» (Voz Cristã), apresentou uma denúncia à Advertising Standards Authority (ASA), argumentando que a campanha viola o código da publicidade por ser enganosa, dado que carece de fundamento.
Segundo seu regulamento, a ASA estabelece que «a publicidade não pode desorientar os consumidores. Isto significa que os anunciantes devem ter provas que demonstrem o que anunciam sobre seus produtos ou serviços antes de que apareça o anúncio».
Segundo Green, esta publicidade viola o código publicitário, «a não ser que os anunciantes demonstrem que provavelmente Deus não existe».
Segundo o denunciante, os promotores da campanha não podem desculpar-se dizendo que se trata de uma «questão de opinião», «pois nenhuma pessoa ou entidade firma a declaração. Apresenta-se como uma declaração de fato e isto significa que deve ser capaz de ser provada, do contrário se rompem as normas».
Um porta-voz da ASA declarou que a autoridade aceitou a denúncia. «Nós a avaliaremos nos próximos dias e, a partir desta avaliação, decidiremos se é necessário contatar o anunciante», afirmou.
A campanha ateia, exposta em 800 autocarros do país, assim como no Metrô de Londres, foi lançada ao início de janeiro com o apoio da Associação Humanista Britânica (BHA) e foi financiada por mais de 140 mil libras (cerca de 150 mil euros).
O slogan completo da campanha, que também deverá ser promovido em menor escala na Espanha, é «Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar e desfruta a vida».
Stephen Green, director nacional da associação «Christian voice» (Voz Cristã), apresentou uma denúncia à Advertising Standards Authority (ASA), argumentando que a campanha viola o código da publicidade por ser enganosa, dado que carece de fundamento.
Segundo seu regulamento, a ASA estabelece que «a publicidade não pode desorientar os consumidores. Isto significa que os anunciantes devem ter provas que demonstrem o que anunciam sobre seus produtos ou serviços antes de que apareça o anúncio».
Segundo Green, esta publicidade viola o código publicitário, «a não ser que os anunciantes demonstrem que provavelmente Deus não existe».
Segundo o denunciante, os promotores da campanha não podem desculpar-se dizendo que se trata de uma «questão de opinião», «pois nenhuma pessoa ou entidade firma a declaração. Apresenta-se como uma declaração de fato e isto significa que deve ser capaz de ser provada, do contrário se rompem as normas».
Um porta-voz da ASA declarou que a autoridade aceitou a denúncia. «Nós a avaliaremos nos próximos dias e, a partir desta avaliação, decidiremos se é necessário contatar o anunciante», afirmou.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Gaza: comunicado de patriarcas e responsáveis de Igrejas em Jerusalém
JERUSALÉM, quarta-feira, 7 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o comunicado que os patriarcas e responsáveis de Igrejas em Jerusalém emitiram no dia 30 de dezembro, diante da situação em Gaza.
* * *
Nós, patriarcas, bispos e responsáveis de Igrejas cristãs em Jerusalém, seguimos com profundo interesse, pesar e comoção a guerra que se desatou na Faixa de Gaza e a subsequente destruição, assassinatos e derramamento de sangue, especialmente em um período em que celebramos o Natal, o nascimento do Rei do amor e da paz.
Ao mesmo tempo que expressamos nossa profunda tristeza por este novo ciclo de violência entre israelenses e palestinos, e a continuada ausência de paz em nossa Terra Santa, denunciamos as persistentes hostilidades na Faixa de Gaza e toda forma de violência, assassinato, em todas as partes. Cremos que continuar com este derramamento de sangue e de violência não conduzirá à paz e à justiça, mas despertará mais ódio e hostilidades, e, ainda mais, provocará uma contínua confrontação entre os dois povos.
Por conseguinte, fazemos um apelo aos chefes de ambas as partes do conflito para que voltem à sensatez e cessem os ataques violentos, que só trazem destruição e tragédia. Apelamos a que se trabalhe para resolver suas diferenças através de meios pacíficos e não-violentos.
Também fazemos um apelo à comunidade internacional para que cumpra com suas responsabilidades e intervenha imediatamente, que pare de forma ativa o derramamento de sangue e ponha fim a toda forma de confronto; que atue de maneira forte e clara para que termine o presente confronto e se atue sobre as causas do conflito entre os dois povos; para que finalmente se resolva o conflito israelense-palestino através de uma solução justa e global baseada nas resoluções internacionais.
Às diversas facções palestinas, dizemos: é hora de acabar com vossa divisão e de solucionar vossas diferenças. Chamamos todas as facções nesta hora crucial a pôr os interesses do povo palestino acima dos interesses pessoais ou de facção, e de avançar de forma imediata para uma reconciliação nacional conjunta e a usar todos os meios não-violentos para alcançar uma paz justa e completa na região.
Finalmente, elevamos nossas orações ao Menino do presépio para que inspire as autoridades e os que podem decidir de ambas partes, israelenses e palestinos, para que atuem de forma imediata para que encerre a trágica situação atual na Faixa de Gaza. Oramos pelas vítimas, os feridos e os que estão cheios de angústia. Que o Senhor Deus Todo Poderoso conceda consolo e paciência a todos os que perderam seus entes queridos. Oramos por todos os que têm de viver no pânico e no medo, para que Deus os abençoe com a calma, a tranquilidade e a verdadeira paz.
+ Patriarca Theophilos III, do Patriarcado Greco Ortodoxo.
+ Patriarca Fuad Twal, Patriarcado Latino.
+ Patriarca Torkom II, Patriarcado Armênio Apostólico Ortodoxo.
Padre Pier Battista Pizzaballa, OFM, Custódio da Terra Santa.
+ Anba Abraham, Patriarcado Copto Ortodoxo.
+ Arcebispo Swerios Malki Mourad, Patriarcado Sírio Ortodoxo.
+ Abune Matthias, Patriarcado Etíope Ortodoxo.
+ Arcebispo Paul Nabil Sayyah, Exarcado Patriarcal Maronita.
+ Bispo Suheil Dawani, Igreja Episcopal de Jerusalém e Oriente Médio.
+ Bispo Munib Younan, Igreja Evangélica Luterana na Jordânia e Terra Santa.
+ Bispo Pierre Malki, Exarcado Patriarcal Sírio Católico.
+ Bispo Youssef Zre'i, Exarcado Patriarcal Greco Católico.
Padre Raphael Minassian, Exarcado Patriarcal Armênio Católico
Jerusalém, 30 de dezembro de 2008
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* * *
Nós, patriarcas, bispos e responsáveis de Igrejas cristãs em Jerusalém, seguimos com profundo interesse, pesar e comoção a guerra que se desatou na Faixa de Gaza e a subsequente destruição, assassinatos e derramamento de sangue, especialmente em um período em que celebramos o Natal, o nascimento do Rei do amor e da paz.
Ao mesmo tempo que expressamos nossa profunda tristeza por este novo ciclo de violência entre israelenses e palestinos, e a continuada ausência de paz em nossa Terra Santa, denunciamos as persistentes hostilidades na Faixa de Gaza e toda forma de violência, assassinato, em todas as partes. Cremos que continuar com este derramamento de sangue e de violência não conduzirá à paz e à justiça, mas despertará mais ódio e hostilidades, e, ainda mais, provocará uma contínua confrontação entre os dois povos.
Por conseguinte, fazemos um apelo aos chefes de ambas as partes do conflito para que voltem à sensatez e cessem os ataques violentos, que só trazem destruição e tragédia. Apelamos a que se trabalhe para resolver suas diferenças através de meios pacíficos e não-violentos.
Também fazemos um apelo à comunidade internacional para que cumpra com suas responsabilidades e intervenha imediatamente, que pare de forma ativa o derramamento de sangue e ponha fim a toda forma de confronto; que atue de maneira forte e clara para que termine o presente confronto e se atue sobre as causas do conflito entre os dois povos; para que finalmente se resolva o conflito israelense-palestino através de uma solução justa e global baseada nas resoluções internacionais.
Às diversas facções palestinas, dizemos: é hora de acabar com vossa divisão e de solucionar vossas diferenças. Chamamos todas as facções nesta hora crucial a pôr os interesses do povo palestino acima dos interesses pessoais ou de facção, e de avançar de forma imediata para uma reconciliação nacional conjunta e a usar todos os meios não-violentos para alcançar uma paz justa e completa na região.
Finalmente, elevamos nossas orações ao Menino do presépio para que inspire as autoridades e os que podem decidir de ambas partes, israelenses e palestinos, para que atuem de forma imediata para que encerre a trágica situação atual na Faixa de Gaza. Oramos pelas vítimas, os feridos e os que estão cheios de angústia. Que o Senhor Deus Todo Poderoso conceda consolo e paciência a todos os que perderam seus entes queridos. Oramos por todos os que têm de viver no pânico e no medo, para que Deus os abençoe com a calma, a tranquilidade e a verdadeira paz.
+ Patriarca Theophilos III, do Patriarcado Greco Ortodoxo.
+ Patriarca Fuad Twal, Patriarcado Latino.
+ Patriarca Torkom II, Patriarcado Armênio Apostólico Ortodoxo.
Padre Pier Battista Pizzaballa, OFM, Custódio da Terra Santa.
+ Anba Abraham, Patriarcado Copto Ortodoxo.
+ Arcebispo Swerios Malki Mourad, Patriarcado Sírio Ortodoxo.
+ Abune Matthias, Patriarcado Etíope Ortodoxo.
+ Arcebispo Paul Nabil Sayyah, Exarcado Patriarcal Maronita.
+ Bispo Suheil Dawani, Igreja Episcopal de Jerusalém e Oriente Médio.
+ Bispo Munib Younan, Igreja Evangélica Luterana na Jordânia e Terra Santa.
+ Bispo Pierre Malki, Exarcado Patriarcal Sírio Católico.
+ Bispo Youssef Zre'i, Exarcado Patriarcal Greco Católico.
Padre Raphael Minassian, Exarcado Patriarcal Armênio Católico
Jerusalém, 30 de dezembro de 2008
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Esperanças russas e chinesas
Andrew Osborne, “As if Things Weren't Bad Enough, Russian Professor Predicts End of U.S. - In Moscow, Igor Panarin's Forecasts Are All the Rage; America 'Disintegrates' in 2010”, The Wall Street Journal, 29 de Dezembro de 2008. http://online.wsj.com/article/SB123051100709638419.html
Melik Kaylan, “Russia Looks At America, Sees Itself - Moscow celebrates an academic who predicts U.S. demise”, Forbes, 6 de Janeiro de 2009. http://www.forbes.com/opinions/2009/01/05/russia-america-secession-oped-cx_mk_0106kaylan.html?partner=commentary_newsletter
Um destacado professor russo, Igor Paranin, prevê a desagregação dos EUA (ver mapa). O texto de Andrew Osborn, em referência, é no essencial uma notícia acerca da previsão de Paranin e da projecção que lhe tem sido dada nos meios de comunicação russos, enquanto o texto de Melik Kaylan vai um pouco mais longe, dando-nos a sua perspectiva sobre o que serão os erros de apreciação de Paranin.
Os argumentos de Kaylan podem resumir-se a uma ideia fundamental: os EUA não são como a totalitária URSS, sendo antes "uma democracia" e, por isso, vão reagir e adaptar-se às actuais dificuldades.
Kaylan reconhece que os americanos têm tolerado e convivido com regimes autoritários mas, diz, tal terá acontecido para proteger os "valores democráticos" no longo prazo. As actividades militares dos EUA no exterior, incluindo as duas guerras mundiais, não seriam motivadas por um cínico desejo de poder. Para Kaylan, os “valores democráticos” dos EUA não são como que um ecrã por detrás do qual se esconde um império. Os EUA seriam uma espécie de benfeitores humanitários, altruístas, que apenas desejam que o seu “sistema democrático” se difunda pelo mundo, para assim levar o melhor bem ao maior número possível de pessoas.
O que nos parece interessante na resposta do americano Kaylan ao russo Paranin, é o facto de ele não rebater o essencial da tese que contesta: a actual crise financeira e económica vai levar à desintegração dos EUA. O argumento de Paranin, que não é de todo irracional, pode soar assim: quando a actual crise for mais profunda, e os problemas económicos e sociais se agravarem, os estados mais ricos da federação não vão querer manter a solidariedade com os estados que estiverem em maiores dificuldades. Dadas as diferenças culturais e políticas entre os diferentes Estados americanos, quando a crise se tornar socialmente tumultuosa, estarão criadas as condições para a guerra civil e o desfazer da federação.
Para Kaylan, a perspectiva de Paranin acerca da desagregação dos EUA limitar-se-ia a reflectir como num espelho a desagregação da URSS. O paralelismo é muito atraente e sugestivo, e Kaylan desliza nele ao ponto de retribuir dizendo que a Federação Russa pode também estar a caminho da desagregação. A tese pode aplicar-se à URSS, e mesmo à Federação Russa, mas creio que ambos reconhecerão que só muito dificilmente se virá a aplicar à Rússia. Na desagregação da URSS, foi em torno do seu núcleo duro - a Rússia - que a federação se constituiu.
A Rússia foi na verdade capaz de resistir à queda da URSS, e tal ficou a dever-se a uma diferença específica do contexto político da Eurásia, onde existem nações multisseculares, com histórias e tradições capazes de sobreviver às mais dramáticas mudanças de regime político-económico. Aqui, na Eurásia, os regimes podem mudar, mas as nações têm tido uma notável capacidade de resistência. Tê-la-á os EUA?
A fuga do americano Kaylan para as remotas paisagens da URSS, deixa afinal sem resposta o que de mais importante é dito por Paranin acerca dos EUA. No fundo da perspectiva de Paranin, a “federação de estados” que se designa por EUA, e que foi no essencial forjada na guerra civil do século XIX, tem tido por cimento agregador o crescimento económico e a perspectiva do lucro. Persistindo significativas diferenças entre os seus diferentes Estados, quando a crise económica se revelar em toda a sua extensão, revelar-se-á também que os EUA pouco mais serão do que uma “gigante empresa” de accionistas.
Esta perspectiva poderia ser contestada dizendo-se, por exemplo, que, após a Guerra Civil Americana, os EUA criaram um mercado interno e transformaram-se numa nação. Do que se pode também duvidar. Será que a existência de um mercado interno é suficiente para criar uma nação? Terão as instituições políticas federais dos EUA capacidade ou vocação para produzir uma nação?
A respeito dos EUA, não é possível responder a essas perguntas. Após a Guerra Civil, os EUA ainda não passaram por qualquer crise que tenha posto à prova a sua unidade nacional. O que sabemos é que os EUA chegaram onde estão hoje, arredondando o seu vasto território com guerras e dólares. E que foi por intermédio de duas guerras mundiais que conseguiram destroçar o extremo ocidental da Eurásia, acabando depois por consolidar a sua posição hegemónica global quando, de parceria com a URSS, expulsaram os europeus da Ásia e de África.
Desfeita a URSS, o poder global dos EUA parecia indisputado, mas esse poder tem vindo a ser posto em causa, de forma mais ou menos explicita, pela Rússia, China, e pelos chamados "Estados emergentes". Pode dizer-se que, em breve, e no quadro da grave crise económica que se anuncia, os EUA podem vir a ser confrontados com um verdadeiro “teste de vida”.
Não é garantido que a crise económica os possa vencer. Além do imenso poder tangível de que dispõem, económico e militar, os americanos detêm outros importantes recursos, valendo recordar, antes de mais, que são eles quem continua a possuir a maior industria cultural e os mais poderosos meios de comunicação, capazes de difundir e verdadeiramente impor ideias e modos de pensar à escala global. Não tem sido suficientemente notado, mas a pedra de toque da expansão do domínio global dos EUA tem sido a difusão da ideia de que "a Democracia" é sinónimo de sufrágio inorgânico, e de Estados geridos por partidos ideológicos e presidentes. E os EUA não se têm limitado a exportar a ideologia. Através dos seus vastos recursos económico-financeiros, nenhum Estado tem tido tanta capacidade para realmente produzir presidentes e primeiros-ministros em qualquer ponto do planeta. E, não os conseguindo através de votos, ou de cenouras e cacetes, a verdade é que os tem conseguido também a tiro.
O poder global dos EUA depende hoje, como nunca, do acesso às fontes de energia e de matérias-primas. Nesse aspecto, uma má notícia para os adversários dos EUA foi a eleição de Obama, e precisamente por ter introduzido o “factor melanina” na equação militar-estratégica global. Se os EUA se virem forçados a uma retirada estratégica da região do "Northern Tier" (Turquia, Irão, Iraque e Paquistão) para África, estão hoje em melhores condições para gerir com sucesso o seu domínio sobre um continente muito rico em petróleo e minerais estratégicos.
O desafio da Rússia na Europa Ocidental e no Cáucaso não é decerto para menosprezar, mas o desafio chinês é bem mais importante, tendo por isso sido já posta em marcha uma nova ofensiva político-ideológica, com o objectivo de pôr a República Popular da China de joelhos: a “Carta 08”.
Devido à crise económica, sem dúvida que os EUA podem vir a ser confrontados com um "teste de vida". Essa parece ser a esperança de Moscovo mas, depois de ter sido lançada a “Carta 08”, sê-lo-á também decerto de Pequim.
Ref:
http://www.cfr.org/publication/18073/chinas_charter_08.html Carta 08
sábado, janeiro 03, 2009
Um santo que eu conheço
CARTA DO CANADÁ
por Fernanda Leitão
Digo-o lisamente: Deus tem-me dado muito mais do que mereço. E uma das mais imerecidas bençãos é o ter conhecido verdadeiros santos. Alguns já deixaram este mundo e desses poderei falar sem cometer uma incorrecção apontada pelo Arcebispo Emérito de Braga, Dom Eurico Dias Nogueira, que um dia, no Santuário do Sameiro, e perante largos milhares de pessoas, referiu que não dizia os nomes de umas pessoas ainda vivas, de quem apontava o louco amor pela Pátria, pois “os santos não têm tripas”.
Quem sou eu para não prezar as doutas palavras do ilustre prelado que tão bem serviu a Igreja, em Portugal e em África? Mas arrisco o pecado citando um santo ainda vivo, certa de que todos compreenderão que os países precisam de referências morais palpáveis, vivas.
Outra benção que sobre mim se derramou foi ter nascido em África e ter vivido largos anos em Tomar, em pleno Ribatejo, para não ter de passar pelo desgosto de ser de Lisboa e não ir à terra, como acontece com vários amigos meus. Viver na província põe-nos os pés assentes na terra, ensina-nos a viver frugalmente, a conhecer toda a gente pelo primeiro nome, a guardarmos as pessoas de referência como quem protege um tesouro.
Foi assim que, naqueles dias sombrios dos princípios de 1976, esses em que não há palavras onde caiba a mágoa de um império de 500 anos caído de forma tão feia, entrei numa pensão de Vila Nova de Ourém que estava a abarrotar de pessoas a quem chamavam “retornadas”. Era uma mole de gente silenciosa, de olhar perdido e faces contraídas. Notei um homem que parecia totalmente perdido, a caminhar pelos corredores apalpando as paredes. Meti conversa com ele. Veio de Cabinda com a roupa do corpo e uma mágoa suplementar: as tropas cubanas tinham saqueado tudo, até o cemitério local, donde levaram as placas de mármore das sepulturas, e uma delas era a da falecida mulher deste português. Sobre isto, estava cego, referiu uma doença a exigir cirurgia mas ele estava desmunido de todos os meios. Lembrei-me, de repente, do que se dizia de um oftalmologista de Santarém, o Dr. Joaquim Gonçalves Izabelinha. Que era um santo, dizia toda a gente. Pedi licença ao meu interlocutor e fui ao escritório da pensão saber se havia algum voluntário que transportasse este homem a Santarém e entregasse uma carta minha ao médico. Havia e eu regressei confiadamente às lides do TEMPLÁRIO, jornal que então dirigia. Tempos depois fui a Ourém saber o que se passava e a minha alegria não podia ser maior: o Dr. Izabelinha, mesmo sem me conhecer, operou, instalou e manteve aquele homem que, diante de mim, já via. Escrevi ao médico a agradecer e assim começou uma amizade epistolar de muitos anos. Acabámos por nos conhecer pessoalmente e demo-nos um grande abraço.
Desportista na Académica de Coimbra, enquanto estudante, no tempo em que ser da Briosa era quase como tomar ordens num culto, a Medicina foi para este ribatejano um instrumento da santidade com que tem vivido. Fez bem sem olhar a quem, ajudou tudo e todos, incluindo jornais onde ele sentisse o cheiro do patriotismo e da verdade. E fê-lo com humildade, quase que a pedir desculpa, apagado, simples. Repassado de tristeza pela morte da mulher e da filha, revia-se no filho que lhe sucedeu na oftalmologia, e tentava dar a todas as dores a alegria e a esperança.
Este santo com tripas fez agora 100 anos. E eu, nesta lonjura de cinco mil quilómetros, venho associar-me às homenagens e dizer ao meu caro leitor que valeu a pena viver para encontrar este santo varão que tanto honra todos nós.
por Fernanda Leitão
Digo-o lisamente: Deus tem-me dado muito mais do que mereço. E uma das mais imerecidas bençãos é o ter conhecido verdadeiros santos. Alguns já deixaram este mundo e desses poderei falar sem cometer uma incorrecção apontada pelo Arcebispo Emérito de Braga, Dom Eurico Dias Nogueira, que um dia, no Santuário do Sameiro, e perante largos milhares de pessoas, referiu que não dizia os nomes de umas pessoas ainda vivas, de quem apontava o louco amor pela Pátria, pois “os santos não têm tripas”.
Quem sou eu para não prezar as doutas palavras do ilustre prelado que tão bem serviu a Igreja, em Portugal e em África? Mas arrisco o pecado citando um santo ainda vivo, certa de que todos compreenderão que os países precisam de referências morais palpáveis, vivas.
Outra benção que sobre mim se derramou foi ter nascido em África e ter vivido largos anos em Tomar, em pleno Ribatejo, para não ter de passar pelo desgosto de ser de Lisboa e não ir à terra, como acontece com vários amigos meus. Viver na província põe-nos os pés assentes na terra, ensina-nos a viver frugalmente, a conhecer toda a gente pelo primeiro nome, a guardarmos as pessoas de referência como quem protege um tesouro.
Foi assim que, naqueles dias sombrios dos princípios de 1976, esses em que não há palavras onde caiba a mágoa de um império de 500 anos caído de forma tão feia, entrei numa pensão de Vila Nova de Ourém que estava a abarrotar de pessoas a quem chamavam “retornadas”. Era uma mole de gente silenciosa, de olhar perdido e faces contraídas. Notei um homem que parecia totalmente perdido, a caminhar pelos corredores apalpando as paredes. Meti conversa com ele. Veio de Cabinda com a roupa do corpo e uma mágoa suplementar: as tropas cubanas tinham saqueado tudo, até o cemitério local, donde levaram as placas de mármore das sepulturas, e uma delas era a da falecida mulher deste português. Sobre isto, estava cego, referiu uma doença a exigir cirurgia mas ele estava desmunido de todos os meios. Lembrei-me, de repente, do que se dizia de um oftalmologista de Santarém, o Dr. Joaquim Gonçalves Izabelinha. Que era um santo, dizia toda a gente. Pedi licença ao meu interlocutor e fui ao escritório da pensão saber se havia algum voluntário que transportasse este homem a Santarém e entregasse uma carta minha ao médico. Havia e eu regressei confiadamente às lides do TEMPLÁRIO, jornal que então dirigia. Tempos depois fui a Ourém saber o que se passava e a minha alegria não podia ser maior: o Dr. Izabelinha, mesmo sem me conhecer, operou, instalou e manteve aquele homem que, diante de mim, já via. Escrevi ao médico a agradecer e assim começou uma amizade epistolar de muitos anos. Acabámos por nos conhecer pessoalmente e demo-nos um grande abraço.
Desportista na Académica de Coimbra, enquanto estudante, no tempo em que ser da Briosa era quase como tomar ordens num culto, a Medicina foi para este ribatejano um instrumento da santidade com que tem vivido. Fez bem sem olhar a quem, ajudou tudo e todos, incluindo jornais onde ele sentisse o cheiro do patriotismo e da verdade. E fê-lo com humildade, quase que a pedir desculpa, apagado, simples. Repassado de tristeza pela morte da mulher e da filha, revia-se no filho que lhe sucedeu na oftalmologia, e tentava dar a todas as dores a alegria e a esperança.
Este santo com tripas fez agora 100 anos. E eu, nesta lonjura de cinco mil quilómetros, venho associar-me às homenagens e dizer ao meu caro leitor que valeu a pena viver para encontrar este santo varão que tanto honra todos nós.
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