quinta-feira, março 23, 2006

23 de Março de 2006 - 10º Aniversário do Príncipe D. Afonso de Santa Maria

A Família Dinástica


por Mário Saraiva



Com a vinda a nós do Príncipe D. Afonso de Santa Maria, um inédito, resplendente e fixo clarão jubilosamente iluminou de confiante esperança quantos a aguardavam com fremente ansiedade e fé inabalável.

A multidão imensa, compacta, que no baptizado envolvia a Sé de Braga, estrondeante de entusiasmo, bradando "vivas", agitando bandeiras — flâmulas altas da Restauração — deram a imagem do sentir unânime e do querer do povo português. Digamos que, na ardência vibrante dos clamores, transparecia a vontade democrática dos portugueses.

Deixando para trás um espaço penoso de inquietação e de apreensiva expectativa, o nosso Príncipe veio dissipar as sombras dramáticas de dúvida e de incerteza que nos apoquentavam. Por enquanto no mínimo, eis que se completou a Família Real, sem a qual não teria todo o sentido o pensamento monárquico.

Li, algures num ilustre escritor (Augusto de Castro) que todavia não figura como monárquico, o eloquente comentário: — « O grande privilégio do princípio dinástico, essência da monarquia, é atribuir a uma família, na dignidade como nas grandes provas nacionais, a síntese e os atributos da suprema representação política que a História lhe confere.

A História e a fidelidade à sua missão


Em rigorosa verdade doutrinária o Rei é o chefe de Estado pela circunstancia de ser chefe da Família Dinástica. Isso o distancia do Presidente vitalício. Muito para além do Estado, existe a Nação com prerrogativas próprias, uma das quais é, necessariamente, a existência de uma chefia nacional. Não a pode exercer um Presidente, pela natureza partidária que a eleição incute.

Só pela sucessão dinástica se concebe o carácter nacional do poder. A diferença de representação entre o Rei e o Presidente está aí, cheia de consequências. Confronta-se entre o Presidente, indivíduo institucionalmente celibatário (pois que a sua família nada significa oficialmente) e a Dinastia cuja história é comum à Nação.

A distinção é evidente a qualquer mediana inteligência, como são visíveis as vantagens nacionais da Realeza. Mencioná-las seria desfiar um sem número de alegações, que perante a escabrosa e péssima política em que se afunda esta 3ª República, vão dia a dia adquirindo mais ingente importância. Num ponto, apenas, desejamos parar. Com um Presidente a República conta com um indivíduo apenas, improvisado em funções, partidário e sem significativos relacionamentos internacionais. Com a Dinastia, a República conta uma Família, toda ela especializada no ofício (Rei - Rainha, Príncipe, Infantes) e relacionados por laços de sangue com outras famílias reinantes. Num e noutro caso bem se vê que as possibilidades de servir a Pátria são incomparáveis. E todavia o superior préstimo da Família Real sai mais económico ao País.

De facto no continente europeu todas as Casas Reais se sustentam com votações orçamentais inferiores à votação atribuída à Presidência da República portuguesa.

No ponto de vista económico tenha-se ainda presente que as eleições periódicas à chefia do Estado tornam-se encargos muito pesados para o país que, por ser pobre, não pode dar-se ao luxo de gastar superfluamente em obediência a idealismos retrógrados.

Não seja esquecido que a regra da hereditariedade monárquica — digamo-lo sempre! — foi uma opção histórica em face dos prejuízos eleitoralistas verificados nas repúblicas primitivas. Da primeira fase de Presidências vitalícias, e dadas as perturbações, por vezes graves, da disputa à sucessão electiva passou-se à sucessão hereditária nas primeiras repúblicas.

A hereditariedade monárquica teve, assim, na origem republicana por emenda ao comprovado e nefasto erro dos repetidos actos eleitorais. Aliás a teoria votista de escolher entre todos os cidadãos "o melhor" é uma fantasia que já não ilude ninguém.

Concebe-se a eleição de "chefe" em nacionalidades em formação, ou em decadência. Não se concebe em nações antigas de uma forte expressão histórica, que cumpre respeitar. Está aí, clarividentemente, o lugar da Família Dinástica.



M. S.

[ Mário Saraiva ]



(In Consciência Nacional, nº 190, 25º Ano, Jun/Jul 1996, pp. 1-2.)

segunda-feira, março 20, 2006

São Francisco de Paula

São Francisco de Paula (27 de Março de 1416 - 2 de Abril de 1507) nasceu em Paola, na Calábria, Itália, e faleceu em Plessis-les-Tours.

Foi franciscano, fundador da Ordem dos Mínimos. Luís XI chamou-o para junto do seu leito de morte.

Eis um excerto de uma das cartas dirigidas por São Francisco de Paula a Simão Ximenes, português, de 1445 a 1462:

"Vossa santa geração será maravilhosa sobre a Terra, entre a qual virá um de vossos descendentes, que será como o sol entre as estrelas. (...) Reformará a Igreja de Deus. (...) Fará o domínio do mundo temporal e espiritual, e regerá a Igreja de Deus. (...) ...se vai aproximando a hora, em que a Divina Majestade visitará o mundo com a "Nova Religião dos Santos Crucíferos"... (...)... purificará a Humanidade, convertendo todos à lei de Deus; será fundador do reino universal de Deus na terra ou da Nova Religião, em que todos adorarão o Verdadeiro Deus. (...)

Na última carta, referindo-se ao Imperador universal, que vaticina será português, diz que será "fundador de uma religião como nunca houve."


In No Claro-Escuro das Profecias, de Ferreira Gomes.


A Comunidade de Paola, na Calábria, está a preparar a celebração do V Centenário da sua morte:

http://www.sanfrancescodipaola.calabria.it/


FRANCESCO D'ALESSIO:

(S.Francesco), nacque il 27 marzo 1416 e mori a Tour (Francia) il 2 aprile 1507. Visse vita eremitica praticamente sino alla morte. Ritiratosi a 14 anni in una grotta a nord di Paola, in prossimità del torrente Isca, ne uscì all'età di 19 per riunire i primi seguaci. Nella zona dei luoghi di penitenza costruì il primo convento dove la gente si recava da ogni parte per ricevere da lui il miracolo e per sentirne la parola di conforto. Fondatore dell'Ordine dei Minimi, caratterizzò la propria Famiglia religiosa con l'osservanza del voto quaresimale, secondo cui i frati non avrebbero dovuto mangiare la carne e i suoi derivati. L'uomo di Dio fu un gigante di spiritualità che riuscì a trasmettere anche nella Regola dettata per i suoi confratelli. Sostenitore e difensore dei deboli e degli oppressi, costituì un ostacolo di fatto al potere regio del tempo incarnato da Ferrante 1 D'Aragona. Essendo giunta la sua fama di miracolatore sino in Francia, il Re Luigi XI, sofferente e superstizioso, lo volle presso di sé, tramite il Papa Sisto IV, per ottenere la guarigione; cosa che il Frate non operò, perché si limitò ad assistere il Monarca a morire cristianamente. Francesco rimase, comunque, in Francia anche dopo la morte del Re e divenne, pur vivendo da eremita fuori dalla Corte, il consigliere della Dinastia reale. Il suo Ordine si diffuse quasi in tutta Europa, ed in particolare, in Italia, Francia, Germania e Spagna.

http://www.comune.paola.cs.it/master.php?pagina=illustri&illustri=lista&header=citta&menu_sx=citta&smenu=storia

quarta-feira, março 15, 2006

I ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA

5-7 Maio 2006

AÇORES: a insularidade e o isolamento, factores de preservação da língua portuguesa no mundo

I ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA 2006 com o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande
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Centro Cultural Salão-Teatro Ribeira-grandense - Ribeira Grande, S. Miguel, Açores integrado nas celebraçoes do 6 aniversário da re-inauguração do Salão-Teatro

Quando em 2001 preparamos o início dos COLÓQUIOS ANUAIS da LUSOFONIA - sob a égide do nosso patrono EMBAIXADOR PROFESSOR DOUTOR JOSÉ AUGUSTO SEABRA - queríamos provar que era possível descentralizar a realização destes eventos e que era possível realizá-los sem sermos subsídio-dependentes. O ponto de partida foi a descentralização da discussão da língua portuguesa e as problemáticas da língua portuguesa no mundo. De 2002 em diante os Colóquios realizaram-se em Bragança, ainda na base da descentralização, mas sobretudo devido à insularidade em termos culturais. Portugal, como toda a gente sabe, é um país macrocéfalo; existe Lisboa e o resto continua a ser paisagem. É muito raro os locais do interior, os locais mais remotos como Bragança, poderem ter acesso a debates de considerável importância sobre o futuro da língua. Estes colóquios são a única coisa que se tem feito concreta e regularmente em Portugal nos últimos cinco anos sobre esta temática. Os Colóquios são independentes de quaisquer forças políticas ou institucionais e asseguram essa sua “independência” através das inscrições dos participantes contando com o apoio, ao nível logístico, da autarquia que fez a sua aposta cultural na divulgação e realização deste importante evento anual.

Agora vamos tentar criar um ponto de encontro anual para debater os problemas típicos da identidade açoriana no contexto da Lusofonia. Pretendemos trazer a este fórum escritores expatriados nas Américas e no Resto do Mundo para conjuntamente com os que vivem nestas nove ilhas possam falar da identidade açoriana, da sua escrita, das suas lendas e tradições. Iremos aprender e estudar a influência que os factores da insularidade e do isolamento tiveram na preservação do carácter açoriano nos quatro cantos do mundo. Iremos descobrir que factores exógenos e endógenos permeiam essa açorianidade lusófona.

A intenção destes encontros visa proporcionar um local permanente de debate de ideias e de experiências entre os açorianos residentes, os açorianos expatriados e todos aqueles que dedicam a sua pesquisa e investigação à literatura, à linguística e à história dos Açores. O desconhecimento a nível do Continente da realidade insular combate-se levando a cabo iniciativas como esta. Estes Encontros visam igualmente divulgar o nome dos Açores e a sua presença no seio de uma Lusofonia alargada com mais de duzentos milhões de lusofalante, deste modo aproximando povos e culturas no seio da grande nação dos lusofalantes, independentemente da sua nacionalidade ou ponto de residência, unidos pelo falarmos todos uma mesma língua.
Por outro lado, a componente lúdica destes Colóquios pretende induzir uma confraternização cordial, aberta, franca e informal entre oradores e participantes presenciais, em que do convívio sairão reforçados os elos entre as pessoas, que se poderão manter a nível pessoal e profissional. Os participantes poderão trocar impressões, falar de projectos, partilhar ideias e metodologias, fazer conhecer as suas vivências e pontos de vista, mesmo fora do ambiente mais formal dos Encontros.
Quanto ao futuro da língua portuguesa no mundo, peça chave da linha multicultural da nossa visão duma Lusofonia alargada e abrangente, não hesito em afirmar que “de momento está salvaguardado através do seu enriquecimento pelas línguas autóctones e pelos crioulos, que têm o português como língua de partida. Enquanto a maior parte das línguas tende a desaparecer visto que não há influências novas, o português revela nalguns locais do mundo uma vitalidade fora do normal. A miscigenação com os crioulos e com os idiomas locais vai permitir o desenvolvimento desses crioulos e a preservação do português”. Por isso “não devemos ter medo do futuro do português no mundo porque ele vai continuar a ser falado, e a crescer nos restantes países”.
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I: TEMAS

Para 2006 o tema central destes I ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA é: a insularidade e o isolamento factores de preservação da língua portuguesa no mundo

Tema 1: Tradições açorianas

Tema 2: Açorianos no mundo

2.1. Identidade açoriana, uma matriz de insularidade
2.2. Escrita açoriana. Tendências e projecção
2.3. O carácter açoriano nos quatro cantos do mundo. Factores exógenos e endógenos que permeiam essa açorianidade lusófona

Tema 3: Outros Temas (ex.º Tradução / Contos Infantis/ Ensino, etc.)

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II: PRAZOS DE INSCRIÇÃO E PAGAMENTO

1. INSCRIÇÕES - DATAS LIMITES

2.1. Data limite de envio de propostas de trabalho a apresentar 30 Março 2006
2.2. Comunicação de aceitação de oradores: 15 Abril 2006
2.3. Data limite de recepção de trabalhos finais pronto para publicação 30 Abril 2006

2. PAGAMENTO:

2.1. ORADORES COM COMUNICAÇÃO, dentro dos prazos € 20.00
2.2. ORADORES COM COMUNICAÇÃO, fora dos prazos € 30.00
2.3. PRESENCIAIS MADRUGADORES (PARTICIPANTES sem comunicação) Pagamento até 15 ABRIL 2006 € 15.00

2.4. PRESENCIAIS RETARDATÁRIOS (PARTICIPANTES sem comunicação) Pagamento após 15 ABRIL 2006: € 20.00

2.5. Estudantes da Universidade dos Açores (com comprovativo) € 10.00
3. PAGAMENTO POR DEPÓSITO DIRECTO:
Nome da conta: COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA
BANCO: Banco BPI (Agência do Monte dos Burgos, Porto, Portugal)
Endereço Banco: Rua Monte dos Burgos 1111/1119; 4250-320 PORTO
Fax do Banco: (+351) 22 8315225
Telefone do Banco: (+351) 808200510

Conta de depósito n.º #9-2738093.000.002

# NIB 0010 0000 27380930002 42
# IBAN (International Bank Account Number): PT 50 0010 0000 2738 0930 0024 2
SWIFT CODE: BBPIPTPL

N.B. Se não quiser ou não puder efectuar o seu pagamento num Multibanco/Caixa Automática/Banco e efectuar pagamentos por cheque deve acrescentar € 5.00 para despesas de processamento

Enviar por correio electrónico Ficha de Inscrição+ Comprovativo de pagamento, para lusofoniazores@sapo.pt

Na internet: http://LUSOFONIAZORES2006.com.sapo.pt

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III. COMISSÕES
COMISSÃO ORGANIZADORA

• Ricardo José Moniz da Silva, Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande
• Dra. Catarina Albergaria, Adjunta Para A Cultura E Assuntos Sociais, C.M. Ribeira Grande
• Dr. Mário Moura, Director da Casa da Cultura da C.M. Ribeira Grande
• Dr Chrys Chrystello (MA)

COMISSÃO CIENTÍFICA
• Professora Doutora Graça Castanho (Universidade Dos Açores)
• Professor Daniel De Sá
• Dr Sá Couto (Escola Secundária Gb Antero De Quental)
• Professor Doutor Luciano José Dos Santos Baptista Pereira (Vice-Presidente Do Conselho Directivo, Escola Superior De Educação De Setúbal, Instituto Politécnico De Setúbal)
• Dr Chrys Chrystello (MA)
• Dra. Helena Chrystello (Mestre) Escola EB1 Maia (S. Miguel, Açores)
• Dr. João Caravaca, Universidade Católica (Porto), Escola EB Nordeste (S. Miguel, Açores)

COMISSÃO EXECUTIVA
Presidente - Dr CHRYS CHRYSTELLO (MA)
Vogais
• Dra Catarina Albergaria, Adjunta Para A Cultura E Assuntos Sociais, Cm Ribeira Grande
• Professora Doutora Graça Castanho (Universidade Dos Açores)
• Dr Manuel Sá Couto (Escola Secundária Gb Antero De Quental)
• Dra. Helena Chrystello, (Mestre) Escola EB1 Maia (S. Miguel, Açores)

SECRETARIADO E APOIO LOGÍSTICO
PRESIDIDO POR HELENA CHRYSTELLO COM O APOIO DA DIVISÃO DE CULTURA DA CMRG e do DR. MÁRIO MOURA DA CASA DA CULTURA DA C.M. DA RIBEIRA GRANDE


IV. - INSTRUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO

1. Importante: Deve enviar o trabalho completo a apresentar/publicar por correio electrónico (ou em disquete/CD) para o Comité Científico/Secretariado dentro das datas indicadas, no caso de pretender que seja incluído nas ACTAS/CD. Caso os trabalhos não sejam recebidos dentro das datas indicadas, o Comité não garante a sua publicação nas Actas/CD do Colóquio.

2. Formato: Microsoft Word (97, 2000, XP, ou MSWord 2003)
3. Tipo de letra (Font): ARIAL 9
4. Número de páginas: Máximo 10 páginas (espaçamento 1.5) incluindo notas de rodapé e de fim e gráficos.
5. Título: letras maiúsculas, tipo negrito; não centrar.
6. Autor(es): letras maiúsculas, incluir nome que quer ver utilizado,
7. Instituição Ensino/Trabalho: espaçamento simples entre o nome do autor e o da instituição; não centrar.
8. Sinopse: Deve seguir-se ao cabeçalho em itálico. Máximo de 300 palavras. Deve ser escrita em Português.
9. Subtítulos: letras negrito; não centrar. Use algarismos árabes com decimais.
10. Outras divisões: negrito; não centrar. Use algarismos árabes com decimais.
11. Citações e referências: autor, data de publicação, vírgula e número(s) de página(s): i.e. como Sager afirma (1998:70-71) ARIAL tamanho 8

Referências Bibliográficas:

• Livro: Melby, Alan K. (1995) The Possibility of Language, Amsterdam: John Benjamin's.
• Artigo sobre livros: Bessé, Bruno. (1997) ‘Terminological Definitions’. In Sue Ellen Wright and Gerhard Budin (eds.) Handbook of Terminology Management. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamin's Publishing Company.
• Artigos de jornal/revista: Corbeil, Jean-Claude (1991) "Terminologie et banques de données d'information scientifique et technique" in Meta Vol. 36-1, 128-134.
• Internet: Pym, A (1999) ‘Training Translators and European Unification: A Model of the Market’ in ‘Translation Theory and practice' - seminars organised by the Translation Service of the EC. Disponível em http://europa.eu.int/comm/translation/theory/gambier.htm

Notas: incluídas no fim do texto.

Gráficos e tabelas: numeradas consecutivamente. Deve ser feita menção ao seu título no texto.
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V. ACTIVIDADES PARALELAS:

1. ARTES (Coordenação da Divisão de Cultura da Câmara Municipal da Ribeira Grande)
MOSTRA de AUTORES AÇORIANOS: DE LIVROS, ARTESANATO E MÚSICA
2. COMPONENTE LÚDICA (Coordenação da Divisão de Cultura da Câmara Municipal da Ribeira Grande)
Roteiro turístico da Ribeira Grande (S. Miguel, Açores). Visita a locais de relevo: as fábricas de chá, as praias e os montes, caldeiras da Ribeira Grande

VI: HORÁRIO DAS SESSÕES

DIA 5 MAIO 2006 (6ª Fª) TEMA 1. TRADIÇÕES E EXPATRIADOS
09.30 REGISTO DE PRESENÇAS
10.00 CERIMÓNIA OFICIAL DE ABERTURA DOS TRABALHOS com a presença do Presidente da Câmara Municipal Da Ribeira Grande e entidades convidadas
Sessão 1
10.30 Orador 1
11.15 Orador 2
12.00 Orador 3
12.45 DEBATE
13.15 PAUSA PARA ALMOÇO
15.30 VIAGEM turística na ilha de S. Miguel
19.30 FIM DAS ACTIVIDADES LÚDICAS
DIA 6 MAIO 2006 (SÁBADO) TEMA 2. AÇORIANOS NO MUNDO
09.30 REGISTO DE PRESENÇAS
Sessão 2
10.15 Orador 4
11.00 Orador 5
11.45 Orador 6
12.15 DEBATE
12.45 PAUSA PARA ALMOÇO
15.30 VIAGEM turística na ilha de S. Miguel
19.30 FIM DAS ACTIVIDADES LÚDICAS
DIA 7 MAIO 2006 (DOMINGO) TEMA 2. AÇORIANOS NO MUNDO
09.30 REGISTO DE PRESENÇAS
Sessão 3
10.00 Orador 7
10.45 Orador 8
11.15 Orador 9
12.00 DEBATE
12.30 PAUSA PARA ALMOÇO
Sessão 4
15.00 Orador 10
15.45 Orador 11
16.15 Orador 12
17.00 DEBATE FINAL.
18.00 Encerramento das sessões com a presença do Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande e entidades convidadas


contacto. [lusofoniazores@sapo.pt ]

TODOS OS CONTACTOS relativos aos ENCONTROS DEVEM SER DIRIGIDOS A

ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA,
Presidente da Comissão Executiva
J. CHRYS CHRYSTELLO

Telefone: (351) 296 446940
Telemóvel: (+ 351) 91 9287816 / 91 6755675
E-fax (E-mail fax): + (00) 1 630 563 1902
E-mail: lusofoniazores@sapo.pt

Página da internet: http://LUSOFONIAZORES2006.com.sapo.pt

Local do colóquio: Centro Cultural Salão-Teatro Ribeira-grandense – 5-7 Maio 2006

terça-feira, março 14, 2006

Religiões, guerra e paz

José Manuel Barroso

Jornalista


Duas notícias recentes dão nota da importante questão das religiões no mundo contemporâneo - algo que, afinal, é apenas uma transposição para a actualidade do que se passou ao longo da história da humanidade. A primeira notícia, mais antiga, refere o envolvimento dos serviços secretos da então União Soviética, o KGB, na tentativa de assassínio do Papa João Paulo II. Outra, de há dias, dá conta do apelo do Papa Bento XVI para que África seja uma prioridade para a Igreja Católica europeia. Se a isto juntarmos as questões referentes ao islamismo e ao mundo ocidental e cristão, tão na ordem do dia, constamos quanto a complexa teia feita de religião, sociedade e História se faz e refaz. E de quanto a força das religiões está presente, mesmo num mundo onde uma nova religião - a do laicismo (que não é igual a sociedade laica) e dos seus valores do "politicamente correcto" - tende a impor-se ao cristianismo, nas sociedades democráticas ocidentais.
Nada espanta na questão da falhada tentativa de matar João Paulo II através dos serviços secretos búlgaros, a mando do KGB. Na sua tradicional visão do mundo, baseada na relação de forças e de poder, os comunistas entenderam, como ninguém, quanto a eleição de um Papa polaco - o mais católico dos países do bloco comunista - representava um perigo real para o futuro do império soviético. A antena polaca do KGB descreveu, então, a Moscovo os perigos dessa eleição. E, depois da queda do Muro de Berlim, o Presidente soviético Gorbachev confirmou-o, ao afirmar que "tudo o que aconteceu nos países do Leste europeu, nestes últimos anos [anos 80], teria sido impossível sem a eleição deste Papa". O desaparecimento do homem que, mais do que qualquer outro, contribuiu para a queda do totalitarismo comunista era necessário, para os assassinos, porque ele era um líder religioso e porque essa religião, o catolicismo, era capaz de movimentar consciências e massas. Tal como hoje, massas e consciências são movimentadas pelos líderes radicais do islamismo, na luta contra os valores do Ocidente democrata e cristão.
O apelo de Bento XVI, quanto à importância de África para a Europa e para o Ocidente, inscreve-se nesta grande luta de religiões e de civilizações e não é novo, como raciocínio lógico e político. Lenine defendia que o cerco à Europa passava por África. O último grande czar comunista, Brejnev, entendeu-o bem, avançando para o domínio do Continente Negro nos anos 60 e 70. Quando perdeu a Guerra Fria para o Ocidente, a União Soviética perdeu também os territórios onde exercia já profunda influência - e, entre eles, os do ex-império português. Só isso, de resto, permitiu o rápido processo de reconciliação e de democratização na África do Sul.
Mas a grande verdade - independentemente da colonização e da missionação - é que a África próxima dos valores do Ocidente é a que resulta dos avanços do cristianismo (e, mais ainda, do catolicismo, que tem, sobre as restantes religiões de raiz cristã, a vantagem de se inscrever numa Igreja hierarquizada, força centrípeta e não centrífuga, em termos nacionais).
Ora a mensagem de Bento XVI tem tudo a ver com essa relação Ocidente-África e com a actual luta de civilizações, entre os valores do cristianismo e os do islamismo. O avanço do islamismo na África a sul do Sara é enorme. Apoiados por países islâmicos, os missionários da religião de Maomé instalam-se cada vez mais nas regiões urbanas e mais pobres das grandes urbes africanas, procurando novos adeptos e, decerto, novos guerreiros. Um dos exemplos mais recentes - e mais "nosso" - é o do que se vai passando em Angola e, nomeadamente, em Luanda, onde a preocupação, não publicamente confessada, das autoridades cresce, face ao avanço da doutrinação nos musseques da capital.
Independentemente do posicionamento de cada um perante a religião, é incontestável que a raiz dos valores essenciais das nossas sociedades tem a ver com o cristianismo. A luta da Europa pelos seus valores - o que não significa guerra de civilizações, mas não impede choque de civilizações - é vital para a manutenção desses valores. Incluindo os da sociedade laica, só presentes nas sociedades de raiz cristã. A arquitectura cultural, social, jurídica e política do nosso mundo baseia-se neste legado.
Missionar África, no sentido moderno do termo, o qual inclui mais do que mera difusão de religiões, é um objectivo tão actual hoje como o foi ontem. Bento XVI tem razão. Sem isso, a Europa será cercada. Não pelo leninismo, mas pelo fundamentalismo islâmico. Bento XVI, como João Paulo II, vê mais longe. Quer queiramos quer não, a religião e a Igreja continuam a ser muito mais importantes do que se pensa.


In Diário de Notícias, 14 de Março de 2006

http://dn.sapo.pt/2006/03/14/opiniao/religioes_guerra_e_paz.html

segunda-feira, março 06, 2006

O respeito pelo sagrado

é algo que a cultura não pode pôr em questão

Patriarca de Lisboa, na homilia de Quarta-feira de Cinzas

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"A Quaresma é, para a Igreja, um tempo de verdade e de graça"

Homilia de Quarta-Feira de Cinzas

Sé Patriarcal, 1 de Março de 2006

1. Iniciamos, hoje, mais uma Quaresma, a primeira depois daqueles dias tão belos e tão repletos de um novo entusiasmo, que foi o Congresso para a Nova Evangelização. Para mim, como cristão e como vosso Bispo, este é um tempo de esperança e de temor. A esperança de que seja um tempo de renovação espiritual para a nossa Igreja diocesana, tempo de conversão e de fidelidade, tornando-a mais profundamente Povo do Senhor. Mas o receio de que seja apenas mais uma Quaresma, que corre veloz com a velocidade do tempo, sem pararmos para confrontar toda a nossa vida com Deus e com a Páscoa do Seu Filho Jesus Cristo. Receio que a Páscoa nos surpreenda na rotina da nossa vida. Que não tomemos a sério a advertência do Apóstolo Paulo: "Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação" (2Cor. 6,2).
Que significado tem a Quaresma no contexto da nossa sociedade contemporânea, onde muitos não acreditam em Deus, onde, mesmo muitos cristãos, não cultivam a fé como relação viva e confiante com Ele, onde a Sua Palavra não é luz que ilumina a vida, onde a Sua Lei não interpela a liberdade, onde a doutrina da Igreja é pura sugestão? A Quaresma é, para a Igreja, um momento de verdade, de se assumir como "resto fiel", Povo que o Senhor escolheu e conduz. É tempo para assumirmos corajosamente a nossa diferença, no mundo em que vivemos: diferença na fé, nas motivações e nos critérios. É tempo de penetrar no desígnio de Deus a nosso respeito, de percebermos que Ele tem uma vontade para o Seu Povo, onde revela os caminhos da vida e que nos fortalece, com o Seu Espírito, para os podermos percorrer. Tomemos consciência de que a Quaresma tem de ser, para nós, tempo de discernimento e de fidelidade.

2. A primeira interpelação da Quaresma é a de tomarmos Deus mais a sério. É o grito, em tom dramático, do Profeta Joel: "Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração, não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor vosso Deus" (Jl. 2,12-13). E São Paulo, em tom igualmente sério, escreve aos Coríntios: "Nós vos pedimos, em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus" (2Cor. 5,20). Se nós, os cristãos, não acolhemos estes apelos, quem os há-de ouvir?
Este é o maior problema espiritual, com consequências morais, da nossa cultura contemporânea: relativizou-se Deus. Está na moda fazer profissão de fé de agnosticismo; o homem, considerado como individuo e não como pessoa, necessariamente comprometido com uma comunidade, tornou-se o único critério de verdade e de discernimento ético; Deus deixou de ter lugar na história. Apesar do apregoado respeito pelas religiões e pela fé de quem acredita, alguns não hesitam em brincar com o sagrado; chegou-se mesmo a apregoar, em nome da liberdade, o direito à blasfémia. Fiquem sabendo que para nós que buscamos o rosto de Deus e procuramos viver a vida em diálogo com Ele, isso nos indigna e magoa, porque temos gravado no nosso coração aquele mandamento primordial: "não invocarás o Santo Nome de Deus em vão". Como afirmou um prestigiado colunista, que aliás se confessa descrente, com o sagrado não se brinca. O respeito pelo sagrado é algo que a cultura não pode pôr em questão, mesmo em nome da liberdade. A todos esses que sentem não acreditar em Deus, eu digo em nome do povo crente: a vossa dificuldade em acreditar em Deus, não toca na realidade insofismável de Deus. Nós respeitamos a vossa descrença, e não hesitamos em dar-vos as mãos em todas as lutas pelo bem e por causas justas. Mas respeitai a nossa fé, mesmo no exercício da vossa liberdade; sobretudo respeitai Deus em quem acreditamos.
Mas o grande desafio da Palavra da Eucaristia é dirigido a nós, os crentes: convertei-vos ao Senhor, nosso Deus, tomai Deus mais a sério, como o fez Jesus Cristo, que em solidariedade com toda a humanidade, obedeceu a Deus, Seu Pai, até à morte e morte na Cruz.
A primeira manifestação desse "tomar Deus a sério", é redescobrir a Sua Lei, a santa Lei de Deus. Ele tem uma vontade a nosso respeito, que é um desígnio de amor, que nos revela pela Sua Palavra. A Lei de Deus é revelação e chamamento e o exercício da nossa liberdade só pode ser uma obediência a essa Palavra. Esse caminho de obediência é difícil e exigente, mas é possível com a força do Seu amor. Só Deus torna possível a nossa fidelidade, vivendo a vida segundo a Sua vontade, percorrendo os caminhos do Seu desígnio.
Isto exige de nós, os cristãos, que completemos a lógica da natureza com a lógica da graça. Com que facilidade deixamos reduzir o nosso ideal de vida à ordem natural, contentando-nos com o que a natureza oferece. Os dons da Natureza são apenas o anúncio de uma plenitude definitiva, que é como uma segunda criação, um "nascer de novo", cujo horizonte de plenitude ultrapassa a felicidade que naturalmente podemos desejar e realizar. E esse novo horizonte de vida é-nos revelado por Deus, em Jesus Cristo, que o inaugurou na Sua Páscoa, tornando-se as "primícias" do homem futuro e do futuro do homem.
Este horizonte da graça não anula a natureza, antes a liberta do risco de ficar prisioneira da sua finitude e fragilidade e revela-lhe o esplendor da árvore de que ela é apenas a semente.
A Quaresma é um tempo em que somos chamados a viver ao ritmo da graça, recorrendo a todas as ajudas que, para isso, Deus nos dá, por Jesus Cristo, através da força sacramental da Igreja. Não tenhamos ilusões: muitas das fragilidades dos cristãos devem-se ao facto de reduzirem a sua vida à ordem da natureza, esquecendo que a rectidão natural, mesmo que se consiga, não é ainda a santidade.

3. Este naturalismo como perspectiva de vida é a principal causa e, porventura, expressão dos nossos pecados. É assim no amor, na busca da verdade que inspira os critérios morais e o sentido da vida; é assim num individualismo autista, que nos corta da densidade de corresponsabilidade com os outros; é assim na ganância e na indisponibilidade para a partilha; é assim na busca do rosto de Deus, glorificando-o com a nossa vida e experimentando a comunhão com Ele na oração.
A Quaresma contém uma forte interpelação à conversão, o que significa aceitar os nossos pecados e a confiança na misericórdia transformadora de Deus. Não tenhamos ilusões, irmãos: somos todos pecadores e talvez o nosso principal drama seja o já não identificarmos os nossos pecados, no concreto da nossa vida. E essa situação só mudará, se nos convertermos ao Deus Vivo e voltarmos a amar a Sua Lei. A conversão é uma experiência de realismo e de confiança: realismo de quem reconhece o seu pecado, confiança na infinita misericórdia de Deus: "Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete" (Jl. 2,13).

4. A caminhada da Quaresma não pode ser só individual. Os caminhos da conversão devem ser percorridos em Igreja e pela Igreja. A conversão do Seu Povo é o grande desejo de Deus, pois só isso não tornará inútil a morte de Jesus Cristo. A expressão comunitária tem de envolver e fortalecer a caminhada individual. Ouçamos o apelo do Profeta e demos-lhe concretização nos caminhos da Igreja: "Tocai a trombeta sagrada. Reuni o Povo, convocai a assembleia, congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças" (Jl. 2,15-16).
Tenho esperança que a Igreja de Lisboa, dinamizada para a missão, viva profundamente esta Quaresma, como caminho de conversão e de graça. Quero fazer esta caminhada convosco, rezo por vós.

† JOSÉ, Cardeal-Patriarca