"Mas olha como faliram as quimeras dos homens do século, que hoje se vêem, crianças desoladas, diante dos seus bonitos escangalhados. Em que veio a parar, sobretudo, essa ânsia sequiosíssima de ouro? Ah! pobres, desgraçados homens do ouro!... Olha como no tumulto desmanchado e pululante do mundo os Bancos quebram, essas igrejas do século, onde os postigos gradeados semelham confessionários do demónio, e em que os livros de cheques são as Horas que folheiam os místicos do ouro. Começa agora o mundo a entender quanto o ouro é falaz e fatal, esse esterco das entranhas da terra, tido por tam precioso entre os homens que todas as humanas criaturas o lambiam prostradas. Ah!, mal-aventurados homens do ouro, que, se nunca lograram descansado sono, suam hoje em insónia e pesadelo, no cuidado de defender o que lhes resta, na lástima de chorar quanto perderam!"
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"E em que veio parar, homens do século, a vossa sede de ciência sem espirito de Deus, de ciência ao serviço da usura, pois que ciência chamais aos vossos mergulhos às cegas no resplendente abismo infinito de Deus?"
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Em dia de Santo António, estava lendo e meditando estas palavras de Afonso Lopes Vieira, quando me chegaram entusiasmantes notícias da Irlanda.
Em dia de Santo António, elevando ao céu uma prece pelo seu sonho maravilhoso, regozijo e dou também graças pela vitória dos irlandeses sobre a agiotagem de Bruxelas!
Que esta terceira derrota do seu projecto de Estado europeu (agora contido no "Tratado de Lisboa", em nome que é afronta aos portugueses) possa frutificar em mais civilização europeia, em vera civilização de povos europeus unidos e livres, abertos à universalidade, sem agência de armamentos, exército europeu, e outras infernais loucuras.
A Europa pode e deve continuar a sonhar, aspirando à sombra de árvores que não brotem de asfaltos.
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