domingo, junho 25, 2006

O ensino que temos

Nesta semana chega ao fim mais um ano lectivo nas Escolas Portugueses. Os alunos do 12º. e 9º. ano estão já em exames nacionais. Tem sido um final agitado, quer por uma greve de professores, quer por notícias que na comunicação social põem a nu problemas das escolas, como a violência, ou o fracasso do abandono escolar.

Há quem culpe os portugueses de todos estes problemas, como é o caso da senhora Ministra da Educação e vá de alterar o Estatuto da Carreira Docente exigindo exame para se ser professor, exigindo muitas horas nas Escolas porque os professores não trabalham, chamando os pais a classificar os professores, tudo isto no intuito de impedir a progressão na carreira docente, e assim poupar alguma coisa ao Estado.

Há quem culpe as famílias que se desagregam, que não vão à Escola, que não acompanham os filhos, e depois ainda são chamados a avaliar os professores, como prémio destes comportamentos.

Há quem culpe o Estado que vem experimentando reformas atrás de reformas, que não dá possibilidade aos pais de escolherem as escolas para os seus filhos ao não das condições iguais ao ensino público e privado, que não estimula os melhores professores, etc.

Ao quem culpe os grupos de alunos marginais porque são violentos, não estudam, faltam às aulas, espalham a confusão na Escola.

Tudo isto tem um pouco de verdade, e a culpa nunca é só de novo das partes.

Chegou-se onde se chegou, porque a Escola ensina, mas na maioria das vezes não incute valores de pensamento e de uma indispensável plataforma moral que ensinem a viver e conviver numa sociedade toda ela feita de contradições como acabámos de verificar. O problema não se resolve combatendo os professores e dizendo que se ganharam os pais; ou “mimando e protegendo os meninos terríveis e binentos”, para que não vão a engrossar os que abandonam a Escola. O problema resolve-se com exigência, com colaboração activa entre a Escola e a família, com vias profissionalizantes no nosso ensino. É preciso dar autoridade ao professor na sala de aula, e não retirar-lhe toda a autoridade.

Também as Escolas do Ensino Superior estão a chegar ao fim de mais um ano, e já se anunciam reformas profundas neste sector; e não só com Bolonha. Cada Escola terá de anunciar a percentagem de empregabilidade dos alunos que a frequentaram. Se é para castigar as Escolas que não ensinam a coisa parece estar certa. Se é para fechar as Escolas que não têm saída profissional, terão de fechar a maioria, já que são mais de 38.000os licenciados que temos no desemprego por esse país fora: professores, engenheiros, advogados, agrários, etc.

Penso que não é às Escolas que compete criar empregos para os seus alunos; isso é trabalho de empresários e da própria sociedade civil como tal.

A liberdade de ensino ainda não chegou ao nosso país. Só com liberdade de ensino pode haver projectos educativos baseados em valores, cuja prioridade varia de família para família. Um Estado totalitário que não dá aos pais a possibilidade de escolher, em igualdade de condições, a Escola para os seus filhos, não dá possibilidade que haja verdadeiros educadores; provoca “ensinantes”.



A.D.

In "Reconquista", 22-06-2006

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