por Dom Vasco Teles da Gama
O colapso da Europa está em curso, curiosamente, na pátria da república e em parte por causa dela. Pasme-se! Os tumultos nos arredores de Paris não foram pronta e firmemente reprimidos pelo Estado de Direito, porque o Presidente em final de mandato está sem poder real e o Ministro do Interior do Governo é um dos pré-candidatos à sucessão, contra o actual Primeiro-Ministro. Assim, quanto pior for o desempenho deste, mais hipóteses terá o outro. Quanto a ética, estamos conversados.
Em Espanha, nasceu uma princesa. Para quem, como eu, ainda não esqueceu os Filipes que por cá reinaram, Leonor é uma boa notícia, não vá a História repetir-se.
Cá pelo burgo, apesar do pânico da gripe das aves, entrámos em pré-campanha para eleger mais um presidente. A previsível opção será entre o "profissional" que sabe de humanidades e tem a inegável vantagem da experiência, mas já tinha direito a reforma, mesmo ao abrigo da nova legislação socrática, ou o não profissional assumido, que sabe de finanças, seja lá para o que tais atributos nos venham a servir.
Mas ao pensar que, com o mesmo orçamento, os Espanhóis têm uma Família Real e com menos, têm os Belgas outra, pergunto-me se, constantemente forçados a apertar o cinto pela escassez de meios, não teremos escolhido (?) o sistema errado. Se ao orçamento juntarmos as despesas eleitorais e os custos políticos da divisão que ocorre em cada cinco anos, entre os portugueses, o valor agrava-se. "Last but not least", a tudo isto somam-se as reformas pagas a ex-chefes de Estado, mais as respectivas instalações (para o Dr. Sampaio já está em obras o atelier de pintura da Rainha D. Amélia, no Jardim das Necessidades), Secretárias, carro com motorista e seguranças.
Alguém nos explica que contrapartidas dão estes ilustres reformados à Nação, pelas regalias de que auferem? Não seria mais barato pagar-se-lhes um subsídio de reintegração, a reforma que já recebem e devolvê-los em paz para donde vieram? Como é que podemos pagar tão variados e elevados custos, com uma instituição que nos divide e cujo exercício nos tem demonstrado, como temos abundantemente verificado, que serve alternadamente de força de bloqueio ou de válvula de protecção à actuação dos governos, conforme eles sejam ou não do partido que os elegeu?
A estas perguntas, respondem os políticos com uma blindagem da Constituição, que nos obriga à forma republicana de governo, quer queiramos, quer não.
Querem república? Então paguem-na!
(In Diário Digital, em 21 de Novembro de 2005)
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