A PAU COM A ESCRITA
Fernanda leitão
Há elites positivas e negativas. Portugal somou três elites negativas no espaço de um século: a 1ª República, jacobina e farsante; a 2ª República, salazarista, pidesca e atrasada; finalmente, a 3ª República, entreguista, corrupta e boçal. Tudo somado, o país foi atirado para a beira do abismo.
Portugal está numa situação crítica, económica, financeira e socialmente falando.
Dizem os agitadores de todos os tempos que os povos insatisfeitos fazem revoluções. Não é verdade. As revoluções são feitas por um grupo, uma elite que sabe aproveitar o descontentamento do povo para implantar a sua ideologia. E este, ansioso e emocionado, crédulo e de boa fé, vai atrás do movimento de alguns. Foi assim na Revolução Francesa, na Revolução Russa, na Guerra de Espanha, na Revolução Cubana e, por fim, na Revolução Portuguesa. Na maior parte dos casos, as revoluções de alguns acabaram num banho de sangue para todos. Portugal, que é país de brandos costumes, sem vocação para toiros de morte, com um povo que bate as palmas aos toiros e foge da polícia, sem pena de morte mas com pena de vida, teve o banho de sangue em África e em Timor, longe da vista, ficando pacatamente o território europeu por um banho de lama. Por lama se entendendo a corrupção, o roubo, a incompetência, a mediocridade, a mentira, a traição, o completo desrespeito pelos dinheiros públicos e pela sorte do povo.
Temos, pois, que há elites positivas e negativas. Portugal somou três elites negativas no espaço de um século: a 1ª República, jacobina e farsante; a 2ª República, salazarista, pidesca e atrasada; finalmente, a 3ª República, entreguista, corrupta e boçal. Tudo somado, o país foi atirado para a beira do abismo. A classe política e seu aderente jet set agitam-se loucamente em chicanas, a dar razão a Guerra Junqueiro quando, na 1ª República, disse que essa agitação lhe parecia de “percevejos numa enxerga podre” . E o povo, aflito, desnorteado, desempregado e sem horizontes, não acredita na coisa pública. Levanta os olhos para Deus, geme fados e vai-se consolando com o futebol.
A Emigração portuguesa é a resposta desse povo mal amado e mal tratado aos seus dirigentes nacionais. Todos os milhões que, de coração partido, rumaram a outros países em busca de uma vida digna e de uma merecida paz de espírito, sabem que assim foi porque lhes faltou a elite positiva que acertasse as contas dentro do país e evitasse esta hemorragia secular de pessoas que tem vindo a desertificar o interior de Portugal e a debilitar a coesão nacional.
Mas a pouca sorte dos portugueses é tanta que, mesmo vivendo longe da Pátria, são constantemente assediados por políticos de torna viagem que lhes prometem tudo sem cumprirem nada, por representações bancárias que cortejam avidamente as poupanças dos emigrantes, a quem nunca garantiram a multiplicação do seu dinheiro no tecido empresarial do país, por representações diplomáticas que, na maior parte dos casos, são trampolins de carreira e não entendem minimamente os emigrantes.
É óbvio que Portugal deixou de poder dispor de dinheiro para apoiar o que, de facto, mais urge de apoio: as escolas de português e os serviços de promoção do turismo e dos produtos portugueses. Não adiantam as acusações e as lamúrias. Este é o momento de as comunidades mostrarem o seu espírito criativo, a sua capacidade de emancipação em relação ao centralismo longínquo. As comunidades emigrantes foram capazes de erguer os seus clubes e associações, o seu mercado da saudade, as suas escolas, os seus centros de apoio social, e por isso se espera agora que saibam dar-se as mãos e trabalharem em conjunto, pela manutenção da Língua, da Cultura e das Tradições, sem que os seus responsáveis estejam de mão estendida para Portugal numa subsídio-dependência que em nada contribuiu para a maturidade lusa no estrangeiro. As comunidades são adultas e têm de comportar-se como tal. Será a maneira de melhor ajudarem Portugal nesta hora. E só assim terão voz autorizada para dizerem aos senhores de Lisboa, e seus representantes, o que deve ser dito.
Assim sendo, será de questionar a quantidade de dinheiro que o departamento das comunidades do Governo dos Açores continua a esbanjar com promoções político-partidárias, com viagens e cursos de duvidosa utilidade de que têm beneficiado sempre os mesmos amigos e afilhados, a pretexto de ajudarem as escolas portuguesas, onde o número de estudantes de origem açoriana é residual, ou de protecção à cultura, sob a forma da publicação de livros que chovem no molhado, portanto inúteis, e ainda por cima escritos de forma a maltratarem a língua portuguesa. Nos Açores não há minas de dinheiro, os Açores fazem parte do todo nacional e por isso não podem exibir este despesismo sem sentido e insultuoso daqueles que, na Região Autónoma, sofrem carências. Nos Açores, Madeira e Portugal Continental, ou comem todos ou não há moralidade.
As comunidades emigradas têm o dever, nesta hora difícil, de repensarem a sua vida social e de substituírem os inúteis pelos úteis, os interesseiros pelos interessados, os corruptos pelos de mãos limpas.
Nos liberi sumus; Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt... [Nós somos livres; nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram...]
sábado, maio 29, 2010
quarta-feira, maio 19, 2010
Podemos pagar a república?
por Dom Vasco Teles da Gama
No extremo ocidental de uma Europa em decadência moral e em pré-falência económica, com uma moeda a enfraquecer em resultado da irresponsabilidade de alguns europeus, bem como de efeitos gerados pela globalização, somos, mais uma vez, obrigados a apertar o cinto.
Graças ao regabofe instalado pelos medíocres políticos que esta terceira república nos tem oferecido, só à classe média, que somos quase todos, se pedem os sacrifícios, enquanto os responsáveis pelo estado a que chegámos acumulam cargos em empresas públicas e arrecadam chorudas reformas, pagas pelo orçamento do Estado.
Autores das leis em que se auto-atribuem escandalosas prerrogativas, saltam, dentro da Lei, de alguns anos de subserviente e obscura passagem pelo Parlamento, para a vereação de uma qualquer Câmara Municipal e daí por nomeação, para um qualquer “tacho”, sejam Institutos, Fundações, Entidades Reguladoras ou Empresas Municipais ou Estatais, cujos ordenados ou reformas ainda conseguem complementar, se tiverem uma licenciatura (mesmo que tirada ao Domingo), com o rendimento de umas aulas numa qualquer universidade privada, das muitas que antes haviam criado, para lançarem doutores analfabetos num mercado de trabalho que deles não precisa.
Como é possível que se tenham afectado dez milhões de Euros à comemoração do centenário disto, que nos vem endividando todos os dias há vários anos, depois de terem vendido o ouro que o Estado Novo acumulou, com o sacrifício de várias gerações e que nestes cem anos, nos brindou com turbulência política, perseguições à Igreja, várias ditaduras, desde a do General Pimenta de Castro à loucura do Vasco Gonçalves, sempre propagando a falácia de que qualquer português pode ser eleito Chefe de Estado. Alguém ainda acredita nisso?
O problema é que temos todos que ver aumentar os impostos, para continuarmos a pagar as reformas douradas destes biltres e ainda as regalias legais de todos os que já foram Presidentes, além dos custos astronómicos das campanhas eleitorais, que dividem os Portugueses de cinco em cinco anos. Temos tido a instintiva sabedoria de reeleger, até hoje, todos os Presidentes, o que nos reduz os custos a três reformados e um ainda no activo.
Mas seremos tão ricos que nos possamos dar a este luxo, mesmo sabendo que a Monarquia, que nos serviu durante tantos e gloriosos séculos, para além de todas as vantagens, quer na regulação independente do exercício do poder político e militar, quer na representação externa, teria, sem dividir periodicamente os Portugueses, um custo bastante inferior?
in Diário Digital, 18-Mai-2010)
No extremo ocidental de uma Europa em decadência moral e em pré-falência económica, com uma moeda a enfraquecer em resultado da irresponsabilidade de alguns europeus, bem como de efeitos gerados pela globalização, somos, mais uma vez, obrigados a apertar o cinto.
Graças ao regabofe instalado pelos medíocres políticos que esta terceira república nos tem oferecido, só à classe média, que somos quase todos, se pedem os sacrifícios, enquanto os responsáveis pelo estado a que chegámos acumulam cargos em empresas públicas e arrecadam chorudas reformas, pagas pelo orçamento do Estado.
Autores das leis em que se auto-atribuem escandalosas prerrogativas, saltam, dentro da Lei, de alguns anos de subserviente e obscura passagem pelo Parlamento, para a vereação de uma qualquer Câmara Municipal e daí por nomeação, para um qualquer “tacho”, sejam Institutos, Fundações, Entidades Reguladoras ou Empresas Municipais ou Estatais, cujos ordenados ou reformas ainda conseguem complementar, se tiverem uma licenciatura (mesmo que tirada ao Domingo), com o rendimento de umas aulas numa qualquer universidade privada, das muitas que antes haviam criado, para lançarem doutores analfabetos num mercado de trabalho que deles não precisa.
Como é possível que se tenham afectado dez milhões de Euros à comemoração do centenário disto, que nos vem endividando todos os dias há vários anos, depois de terem vendido o ouro que o Estado Novo acumulou, com o sacrifício de várias gerações e que nestes cem anos, nos brindou com turbulência política, perseguições à Igreja, várias ditaduras, desde a do General Pimenta de Castro à loucura do Vasco Gonçalves, sempre propagando a falácia de que qualquer português pode ser eleito Chefe de Estado. Alguém ainda acredita nisso?
O problema é que temos todos que ver aumentar os impostos, para continuarmos a pagar as reformas douradas destes biltres e ainda as regalias legais de todos os que já foram Presidentes, além dos custos astronómicos das campanhas eleitorais, que dividem os Portugueses de cinco em cinco anos. Temos tido a instintiva sabedoria de reeleger, até hoje, todos os Presidentes, o que nos reduz os custos a três reformados e um ainda no activo.
Mas seremos tão ricos que nos possamos dar a este luxo, mesmo sabendo que a Monarquia, que nos serviu durante tantos e gloriosos séculos, para além de todas as vantagens, quer na regulação independente do exercício do poder político e militar, quer na representação externa, teria, sem dividir periodicamente os Portugueses, um custo bastante inferior?
in Diário Digital, 18-Mai-2010)
terça-feira, maio 18, 2010
Os filhos da viúva
O Senado dos EUA aprovou uma Emenda restringindo a transferência de fundos federais para salvar Estados estrangeiros.
http://cornyn.senate.gov/p ublic/?a=Files.Serve&File_ id=a06cc378-d824-4a41-b1fe -3cf254a73316
Há quem lhe chame "European Bailout Protection Act" porque o que os EUA estão a dizer é bem claro: têm que ser os Estados europeus e o BCE a resolverem o problema das dívidas publicas na Europa. Ora, hoje, são os bancos alemães e franceses que detêm a maior fatia das centenas de biliões de euros de dívida pública e privada dos "Pigs" (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).
Para os EUA, a dívida pública da Grécia é preocupante, mas é a dívida da Espanha que pode ameaçar seriamente a sua economia. Segundo o BIS (Bank for International Settlements), os bancos franceses detêm mais de 200 biliões de euros só em Espanha. Não recuperar esse dinheiro seria um desastre para os bancos franceses e, consequentemente, para os EUA: os bancos franceses são os que mais emitem no seu mercado de fundos. Em síntese e na perspectiva dos EUA, a Grécia pode entrar em falência e sair do Euro, mas não a Espanha (incluindo o protectorado português), por causa dos bancos franceses. Protegendo a Espanha, os EUA protegem-se a si mesmos. E é por isso que crescem agora as vozes que dizem que salvar a Grécia é uma "missão impossível".
Perante a hipótese de saída da Grécia da zona euro, os EUA confiam afinal mais nas "instituições europeias" do que muitos "europeus". Existe já um receituário. A proposta de Jacques Mélitz - fazer do BCE o supervisor dos bancos na zona do euro, com poder para emprestar e taxar os seus futuros "chartered banks" - casa bem com o "European Bailout Protection Act" agora aprovado e com a proposta hoje mesmo apresentada por Martin Feldstein: o BCE deverá comprar as obrigações dos "Pigs" e ajudar os bancos da zona euro (ele está a pensar sobretudo nos bancos franceses, é claro) a "digerir" o que têm no bandulho.
http://www.cepr.org/pubs/P olicyInsights/PolicyInsigh t48.pdf
O Americano Martin Feldstein sugere também aos europeus, naturalmente, o caminho político federal para a Europa.
http://www.washingtonpost. com/wp-dyn/content/article /2010/05/17/AR201005170280 8.html
Curiosamente, descartando também a Grécia da zona euro, o britânico Evans-Pritchard lembrou-se hoje do regime dos protectorados do século XIX, referindo-se explicitamente às "Linhas de Torres Vedras" (Guerra Peninsular) organizadas pelo duque de Wellington:
"The IMF-EU should instead have drawn up its defences in Iberia, along the Lines of Torres Vedras – to borrow from Wellington. Portugal and Spain are at least defensible – arguably – and more deserving."
http://blogs.telegraph.co. uk/finance/ambroseevans-pr itchard/100005734/congress -blocks-indiscriminate-imf -aid-for-europe/
Sorte a nossa, sermos afinal ainda merecedores de protecção. Para que os ruminantes europeus continuem a pastar por aqui, os EUA contam naturalmente também com a cultura ainda predominantemente cristã dos Ibéricos. O preceito cristão não é o de pagar sempre as dívidas, mês após mês e custe o que custar?
Nestes dias de crise e incerteza é pois uma vantagem ser cristão e, sobretudo, católico-romano. O que não deixa também de casar bem com os nossos governos teístas: todas as suas esperanças estão hoje no Supremo Arquitecto Europeu, que não deixará decerto de providenciar um marido abastado às nossas viúvas e uma vida confortável aos nossos filhos.
http://cornyn.senate.gov/p
Há quem lhe chame "European Bailout Protection Act" porque o que os EUA estão a dizer é bem claro: têm que ser os Estados europeus e o BCE a resolverem o problema das dívidas publicas na Europa. Ora, hoje, são os bancos alemães e franceses que detêm a maior fatia das centenas de biliões de euros de dívida pública e privada dos "Pigs" (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).
Para os EUA, a dívida pública da Grécia é preocupante, mas é a dívida da Espanha que pode ameaçar seriamente a sua economia. Segundo o BIS (Bank for International Settlements), os bancos franceses detêm mais de 200 biliões de euros só em Espanha. Não recuperar esse dinheiro seria um desastre para os bancos franceses e, consequentemente, para os EUA: os bancos franceses são os que mais emitem no seu mercado de fundos. Em síntese e na perspectiva dos EUA, a Grécia pode entrar em falência e sair do Euro, mas não a Espanha (incluindo o protectorado português), por causa dos bancos franceses. Protegendo a Espanha, os EUA protegem-se a si mesmos. E é por isso que crescem agora as vozes que dizem que salvar a Grécia é uma "missão impossível".
Perante a hipótese de saída da Grécia da zona euro, os EUA confiam afinal mais nas "instituições europeias" do que muitos "europeus". Existe já um receituário. A proposta de Jacques Mélitz - fazer do BCE o supervisor dos bancos na zona do euro, com poder para emprestar e taxar os seus futuros "chartered banks" - casa bem com o "European Bailout Protection Act" agora aprovado e com a proposta hoje mesmo apresentada por Martin Feldstein: o BCE deverá comprar as obrigações dos "Pigs" e ajudar os bancos da zona euro (ele está a pensar sobretudo nos bancos franceses, é claro) a "digerir" o que têm no bandulho.
http://www.cepr.org/pubs/P
O Americano Martin Feldstein sugere também aos europeus, naturalmente, o caminho político federal para a Europa.
http://www.washingtonpost.
Curiosamente, descartando também a Grécia da zona euro, o britânico Evans-Pritchard lembrou-se hoje do regime dos protectorados do século XIX, referindo-se explicitamente às "Linhas de Torres Vedras" (Guerra Peninsular) organizadas pelo duque de Wellington:
"The IMF-EU should instead have drawn up its defences in Iberia, along the Lines of Torres Vedras – to borrow from Wellington. Portugal and Spain are at least defensible – arguably – and more deserving."
http://blogs.telegraph.co.
Sorte a nossa, sermos afinal ainda merecedores de protecção. Para que os ruminantes europeus continuem a pastar por aqui, os EUA contam naturalmente também com a cultura ainda predominantemente cristã dos Ibéricos. O preceito cristão não é o de pagar sempre as dívidas, mês após mês e custe o que custar?
Nestes dias de crise e incerteza é pois uma vantagem ser cristão e, sobretudo, católico-romano. O que não deixa também de casar bem com os nossos governos teístas: todas as suas esperanças estão hoje no Supremo Arquitecto Europeu, que não deixará decerto de providenciar um marido abastado às nossas viúvas e uma vida confortável aos nossos filhos.
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Colapso do Euro
domingo, maio 16, 2010
"A República vai nua" - Entrevista a Dom Duarte de Bragança
quinta-feira, maio 13, 2010
Cumpra-se a História
CARTA DO CANADÁ
Fernanda Leitão
Um amigo fez-me chegar a notícia de um grupo de tomarenses que, estando em Ponta Delgada para assistir às Festas do Senhor Santo Cristo, transmitiu à presidente da Câmara local o convite do seu homólogo de Tomar para participar das Festas dos Tabuleiros a realizar em Julho de 2011. Fiquei contente com este pequeno passo e já explico porquê: porque há muitos anos sonho com uma larga participação de açorianos, residentes na Região Autónoma e em vários países estrangeiros, naquela que é, de quatro em quatro anos, a maior celebração em honra do Senhor Espírito Santo no continente.
Logo se percebe donde me vem o sonho, se pensarmos que Tomar foi sede da Ordem de Cristo, chefiada pelo Infante Dom Henrique, e que foi daqui que houve dinheiro para as Descobertas. Daqui saíram muitos homens para a grande aventura. Homens que, garantidamente, levaram consigo o culto do Espírito Santo e o plantaram de raiz nos Açores e na Madeira. Culto de transcendente importância, criado por São Francisco de Assis, a figura providencial que valeu à Igreja na Idade Média, tão maltratada ela andava por clérigos e leigos. Só o Amor podia fazer o milagre de uma redenção e, por isso, São Francisco de Assis apelou ao Espírito Santo. Frades franciscanos levaram o culto para Portugal e em boas mãos o entregaram: nas da Rainha Santa Isabel. O culto avançou pelo país, mas sedimentou sobretudo na região centro, sendo seus pontos altos Tomar e Alenquer.
Entretanto, a semente lançada na Madeira e Açores dava abundante fruto. Forte fruto que ainda está vigoroso depois destes séculos passados, não apenas nas ilhas, mas igualmente em comunidades açorianas do Canadá, Estados Unidos, Brasil e Hawai. Não há açoriano que se preze que, emigrado, não ponha em movimento o culto do Espírito Santo. Em todos estes países há irmandades do Espírito Santo, algumas fortíssimas, com as suas bandas de música, as suas Coroas, os seus pendões, as suas festas de angariação de fundos no correr do ano que desaguam na festa maior pelo Pentecostes. É corrente distribuírem-se centenas de pensões (pezas) e serem às largas centenas as pessoas que acorrem às famosas sopas.
No continente, o culto esmoreceu e em alguns lugares acabou. Mas ainda é forte em Tomar, em Alenquer, no Penedo (ao pé de Sintra) e em várias localidades do centro do país. Penso que seria importante, para Portugal e a Igreja, que o Continente e as Ilhas se dessem um abraço espiritiano, 500 anos depois, e o culto voltasse a alastrar por Portugal, nesta hora incerta. Haverá um ou outro caso em que as festas são feiras de vaidades e os dinheiros arrecadados em bancos a não fazerem bem a ninguém, mas são casos pontuais e corrigíveis. No nosso tempo precisamos de festas que, pela roda do ano, unam as pessoas na tarefa do fazer bem a quem foi atingido pela desgraça, festas que terão a força dada pelo Espírito Santo e a profunda alegria que vem do Amor. Podemos ser mais pobres, nos tempos a vir, mas podemos manter a alegria pura de quem vai pelo caminho certo.
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