http://cornyn.senate.gov/p
Há quem lhe chame "European Bailout Protection Act" porque o que os EUA estão a dizer é bem claro: têm que ser os Estados europeus e o BCE a resolverem o problema das dívidas publicas na Europa. Ora, hoje, são os bancos alemães e franceses que detêm a maior fatia das centenas de biliões de euros de dívida pública e privada dos "Pigs" (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).
Para os EUA, a dívida pública da Grécia é preocupante, mas é a dívida da Espanha que pode ameaçar seriamente a sua economia. Segundo o BIS (Bank for International Settlements), os bancos franceses detêm mais de 200 biliões de euros só em Espanha. Não recuperar esse dinheiro seria um desastre para os bancos franceses e, consequentemente, para os EUA: os bancos franceses são os que mais emitem no seu mercado de fundos. Em síntese e na perspectiva dos EUA, a Grécia pode entrar em falência e sair do Euro, mas não a Espanha (incluindo o protectorado português), por causa dos bancos franceses. Protegendo a Espanha, os EUA protegem-se a si mesmos. E é por isso que crescem agora as vozes que dizem que salvar a Grécia é uma "missão impossível".
Perante a hipótese de saída da Grécia da zona euro, os EUA confiam afinal mais nas "instituições europeias" do que muitos "europeus". Existe já um receituário. A proposta de Jacques Mélitz - fazer do BCE o supervisor dos bancos na zona do euro, com poder para emprestar e taxar os seus futuros "chartered banks" - casa bem com o "European Bailout Protection Act" agora aprovado e com a proposta hoje mesmo apresentada por Martin Feldstein: o BCE deverá comprar as obrigações dos "Pigs" e ajudar os bancos da zona euro (ele está a pensar sobretudo nos bancos franceses, é claro) a "digerir" o que têm no bandulho.
http://www.cepr.org/pubs/P
O Americano Martin Feldstein sugere também aos europeus, naturalmente, o caminho político federal para a Europa.
http://www.washingtonpost.
Curiosamente, descartando também a Grécia da zona euro, o britânico Evans-Pritchard lembrou-se hoje do regime dos protectorados do século XIX, referindo-se explicitamente às "Linhas de Torres Vedras" (Guerra Peninsular) organizadas pelo duque de Wellington:
"The IMF-EU should instead have drawn up its defences in Iberia, along the Lines of Torres Vedras – to borrow from Wellington. Portugal and Spain are at least defensible – arguably – and more deserving."
http://blogs.telegraph.co.
Sorte a nossa, sermos afinal ainda merecedores de protecção. Para que os ruminantes europeus continuem a pastar por aqui, os EUA contam naturalmente também com a cultura ainda predominantemente cristã dos Ibéricos. O preceito cristão não é o de pagar sempre as dívidas, mês após mês e custe o que custar?
Nestes dias de crise e incerteza é pois uma vantagem ser cristão e, sobretudo, católico-romano. O que não deixa também de casar bem com os nossos governos teístas: todas as suas esperanças estão hoje no Supremo Arquitecto Europeu, que não deixará decerto de providenciar um marido abastado às nossas viúvas e uma vida confortável aos nossos filhos.
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