domingo, junho 14, 2009

Apenas duas conclusões

Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu, permitem tirar duas conclusões:

1. Nesta península da Eurásia, a grande maioria dos cidadãos continua a identificar-se com os seus Estados nacionais e é sobretudo neles que concebe os seus projectos; o projecto americano para a península da Eurásia – a transformação da “União Europeia” num Estado Europeu – continua em apuros: os “cidadãos europeus” continuam a não se reconhecer nos dois grandes partidos ideológicos que a classe política lhes tem procurado impingir (“Partido Socialista Europeu” e “Partido Popular Europeu”).

2. Os portugueses estão com medo do futuro e votaram pela conservação do status quo, dando claro sinal de que estão dispostos a aceitar um novo governo do PSD.



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E é claro que se pode dizer mais. Eis um exemplo:


Só um terço dos eleitores elegeu o Parlamento Europeu (PE). Triunfou a aliança Abstenção/Nulo/Branco, com 69 por cento. Isto significa que o povo está farto da farsa da União Europeia.

E não é só por cá.

A ideia inicial era boa – a livre circulação de bens e capitais garantiria inovação ao melhor preço e compreensão entre as diversas culturas. Mas na prática, o resultado tem sido diferente do planeado. Em Portugal, a maioria dos Fundos Europeus só serviram para as empreitadas e estradas; não tornaram o país competitivo lá fora.
Por outro lado, a UE tem dezenas de milhares de funcionários, com altíssimos salários a escrever dezenas de milhares de páginas por dia, realizar milhares de reuniões e viagens, quase sem benefício visível para os povos dos 27.

Só para os políticos que, quanto mais apoiarem este elefante branco, mais podem almejar um bom salário em Bruxelas, quando a situação apertar por cá.

Em bom rigor, o PE tem quase 750 deputados. Reúne-se de terça a quinta-feira, e a cada mês produz 330 toneladas de documentos feitos por milhares de burocratas da sede em Estrasburgo. Regras básicas são simples: o Pai-nosso tem 56 palavras, os Dez Mandamentos 297, a Declaração da Independência - Constituição dos EUA, 300. Já a directiva da exportação de ovos de ganso da UE tem 26 911 palavras!!!

O PE não tem nenhum poder, além de aprovar o orçamento anual e o nome dos Comissários escolhidos nos corredores de alguns ministros dos 27. Mas cada deputado lá custa por mês cerca de 6 mil euros de salário, entre muitos mais benefícios, regalias e mordomias que totalizam 45mil. Tudo só para dar a impressão que há democracia na Europa!

O Banco Central Europeu, com milhares de experts bem pagos, não previu nem evitou a crise financeira. Quem manda são os lóbis. A longa investigação coordenada pela alemã Annnette Bongardt, «Competition Policy in the EU», prova-o. “Ao dar competências paralelas à UE e aos países”, diz, “enfraqueceu o controlo e possibilitou ao juiz e regulador interpretar de diferentes maneiras o texto que deveria ser claro sobre os cartéis”, cada vez mais fortes nos países mais fracos.


Sem votos nem prestígio, o PE terá ainda menos força para enfrentar as pressões das giga-empresas multi-nacionais. Assim, o governo de Portugal terá que endividar-se para pagar os mega-projectos tipo Alcochete e TGV que só as empresas certificadas da França, Alemanha, Inglaterra e alguma da Espanha podem realizar. De Portugal só uns trolhas, areias e pedras. Mas as dívidas serão mais que uma pedra no sapato dos nossos filhos e netos.

A alta dívida trará juros mais altos para Portugal, menos emprego, mais crime, menos turistas de bom nível no Algarve, mais desemprego, ainda mais crime, custos mais elevados com segurança. Para quebrar este círculo vicioso só uma grande batalha para exigir um referendo e questionar toda a UE – coisa que o governo não tem interesse em realizar.


Jack Soifer, publicado no "Algarve123"

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