CASTEL GANDOLFO, sexta-feira, 22 de Agosto de 2008 (ZENIT.org).- Os documentos originais do processo contra os templários, encontrados no Arquivo Secreto do Vaticano, demonstra que foram infundadas as acusações de heresia, ainda que constatem que eles viveram um processo de degradação, revelou «L’Osservatore Romano».
O jornal da Santa Sé publicou em 21 de agosto um artigo de Bárbara Frale, pesquisadora da Biblioteca Vaticana e autora de vários livros sobre o tema, no qual enfoca a ordem militar mais poderosa da Idade Média.
Em sua origem, os templários eram um grupo de voluntários que vivia no Santo Sepulcro, em Jerusalém, oferecendo suas capacidades como guerreiros para defender os peregrinos que viajavam para a Terra Santa.
Graças à mediação de São Bernardo de Claraval, o Papa Honório II aprovou a fundação da Ordem Templária no Concílio de Troyes de 1129.
«Em 50 anos, o Templo se converteu em uma espécie de rica multinacional ao serviço da cruzada», explica a autora.
Apresentando a falsa acusação de heresia, o rei da França, Felipe o Belo, a ponto de falir, buscou apropriar-se dos bens da ordem.
Para conseguir seu objetivo, o rei da França, em 1307, apoiou-se na Inquisição da França.
«A acusação era de heresia», segundo a ordem de detenção emitida pelo rei. «Os templários praticavam em segredo ritos pagãos e haviam abandonado a fé cristã.»
Segundo a pesquisadora, «graças a afortunados descobrimentos das atas conservadas no Arquivo Secreto Vaticano, hoje sabemos que a disciplina primitiva do Templo e seu espírito autêntico se haviam corrompido com o passar do tempo, caindo na decadência e deixando aberta a difusão dos maus costumes».
«Mas de nenhum modo se haviam convertido em hereges e o processo foi em definitivo um meio para apropriar-se de seu patrimônio», afirma a autora do artigo.
De fato, a detenção por parte de Felipe o Belo «era um ato totalmente ilegal, pois só o Papa tinha faculdade para investigar sobre uma ordem religiosa da Igreja de Roma, como era precisamente a do Templo», indica.
O Papa Clemente V (Bertrand de Got, 1305-1314) foi submetido à chantagem do rei, que ameaçou começar um cisma caso não suprimisse a ordem.
«O pontífice suprimiu a ordem sem pronunciar uma sentença – declara o jornal vaticano – e no Concílio de Viena de 1312 pediu que se declarasse nas atas que o processo não havia oferecido provas contrárias de heresia contra eles.»
«Sobre a história dos templários ainda há verdadeiramente muito que investigar. E o estudo da espiritualidade desta antiga ordem religiosa dará à cultura contemporânea outros novos motivos de discussão», anuncia a pesquisadora.
Nos liberi sumus; Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt... [Nós somos livres; nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram...]
segunda-feira, agosto 25, 2008
domingo, agosto 17, 2008
Os oleodutos que partem de Baku
A BP queixou-se... de interrupções nos fornecimentos.
http://ca.us.biz.yahoo.com/ap/080818/britain_georgia_oil.html?.v=1
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quarta-feira, agosto 13, 2008
Um equívoco
Em Março, a América confrontou a Rússia com a aquisição do Kosovo, o que supunha, como se confirmou recentemente, que teriam também já adquirido a Sérvia. Depois de reflectir aqui sobre a arrogância de alguns americanos, deixámos a seguinte pergunta: "Onde está a porta de saída para a Rússia?"
Estando confirmado que a Rússia encontrou a porta de saída, importa desfazer um equívoco que tem estado agora a ser difundido em alguma imprensa - o de que estaríamos a voltar à "guerra fria". Creio tratar-se de um erro de paralaxe.
Em 1952, quando o "vento da História" do nacionalismo, soprando desde Rabat até Hanoi, foi proclamado por Eisenhower - secundado por Macmillan em 1960 a respeito da África Austral - a URSS e os EUA procuravam apresentar-se como os dois pólos de atracção global. A chamada "guerra fria" fazia sentido num mundo em que se disputavam as ideologias "socialista" e "capitalista" e, a par dos "ventos da história" do nacionalismo, cumpriu nas décadas seguintes o seu papel; sem a "guerra fria", não teria sido possível aos americanos e russos substituir os europeus na Ásia, Médio Oriente, Magrebe e África Austral; sem a "guerra fria", nem o Tratado de Roma (1957) teria sido possível. Em 1975, porém, a "guerra fria" começou a esgotar-se quando Portugal foi por fim expulso de África, ou seja, quando o imperialismo formal das velhas potências europeias cedeu por completo à livre competição dos novos imperialismos informais. Assim que se encerrou o parêntesis dos velhos imperialismos europeus, logo se voltou à guerra civil europeia iniciada em 1914: a guerra pelo domínio da Eurásia.
É numa nova guerra civil europeia que estamos vai para duas décadas. A "guerra fria" não terminou com a queda do "muro de Berlim". A "guerra fria" terminou quando Gorbatchov propôs às potências sobreviventes da velha Europa a construção de uma "Casa Comum” com a Rússia; a guerra fria terminou quando foram lançadas a perestroika e a glasnot, abrindo a via para a desagregação da URSS e para a reintrodução de velhos beligerantes no Velho Continente.
E foi sobre este Velho Continente, em cuja extremidade ocidental os americanos, em mais de cinco décadas, não conseguiram anular outros Estados nacionais além de Portugal, que, nos últimos vinte anos, começaram a soprar de novo os "ventos da história" do nacionalismo.
Na actual fase da guerra civil europeia, está vedada aos americanos uma política coerente de desmantelamento de Estados imperiais, como na conjuntura de 1914-18, ou de anulação de fortes poderes centrípetos, como na conjuntura de 1939-45. Como foi bem compreendido pelos russos, nesta nova fase da guerra, iria sobressair a fragilidade americana, forçada a seguir duas políticas de difícil conciliação: a leste, teria que estimular o nacionalismo com que fragmentaria e adquiria Estados e espaços económicos; mas, a oeste, não podia deixar de continuar a estimular o cosmopolitismo financeiro com que pretendia realizar a fusão dos Estados da velha Europa, impedindo a reemergência da França e da Grã-Bretanha.
O nacionalismo que os americanos estimulam a leste acaba por ter efeitos não desejados a oeste. E é a leste que os americanos acabam de confirmar, de forma humilhante, que existe uma parede russa bem mais forte e determinada do que supunham.
Do actual ambiente nacionalista europeu - reeditando de certo modo as conjunturas de 1848, 1870, e 1930 - pode resultar a desagregação da Espanha, mas só muito dificilmente resultará a "União Europeia" desejada pelos americanos. E sem a fusão da Alemanha e da França, e a anulação do Reino Unido, não é possível aos americanos satelizar um espaço onde se anulem as diferenciações estratégicas dos Estados da Velha Europa. E sem a tal "União Europeia" desejada pelos americanos (a que foi afinal aprovada no Tratado de Lisboa) não é possível constituir a "Comunidade Transatlântica", de Vancouver a Vladivostoque.
Porque é que a Rússia passou a responder agora à violência com a violência? Porque pode. E não será a actual NATO que a irá demover. Negligenciando o poder da Rússia e sem poder actuar de forma coerente, haverá decerto quem nos EUA esteja agora a tomar consciência do desastre estratégico em que se deixaram atolar.
Os conflitos russo-americanos em torno do Kosovo e da Ossétia do Sul revelam que a Rússia não aceita o plano americano da "Comunidade Transatlântica". A Rússia continua a ter outros planos e está agora a começar a lançar todo o seu peso estratégico sobre a Velha Europa. Na Ucrânia, falta ver se o pior não está ainda por chegar.
Por muito que isso possa custar aos descendentes de George F. Kennan, os EUA não têm pela frente uma reedição da "guerra fria". Passou já o tempo das simulações russo-americanas e das esferas de influência num mundo bipolar. Nas últimas duas décadas, tanto na ex-Jugoslávia, como no Iraque ou no Afeganistão, etc., a guerra tem sido "quente" e com o envolvimento de várias potências. Esta é uma guerra sem vencedores antecipados e fim à vista, podendo surgir a todo o momento as mais inesperadas alianças. Nesta guerra, as potências com pretensão ao domínio da Eurásia estão a jogar com todos os seus recursos, tanto tangíveis como intangíveis. E se Washington deixou já de ser o centro da meteorologia mundial, a verdade é que ainda não perdeu a guerra, nem parece disposta a perdê-la.
Estando confirmado que a Rússia encontrou a porta de saída, importa desfazer um equívoco que tem estado agora a ser difundido em alguma imprensa - o de que estaríamos a voltar à "guerra fria". Creio tratar-se de um erro de paralaxe.
Em 1952, quando o "vento da História" do nacionalismo, soprando desde Rabat até Hanoi, foi proclamado por Eisenhower - secundado por Macmillan em 1960 a respeito da África Austral - a URSS e os EUA procuravam apresentar-se como os dois pólos de atracção global. A chamada "guerra fria" fazia sentido num mundo em que se disputavam as ideologias "socialista" e "capitalista" e, a par dos "ventos da história" do nacionalismo, cumpriu nas décadas seguintes o seu papel; sem a "guerra fria", não teria sido possível aos americanos e russos substituir os europeus na Ásia, Médio Oriente, Magrebe e África Austral; sem a "guerra fria", nem o Tratado de Roma (1957) teria sido possível. Em 1975, porém, a "guerra fria" começou a esgotar-se quando Portugal foi por fim expulso de África, ou seja, quando o imperialismo formal das velhas potências europeias cedeu por completo à livre competição dos novos imperialismos informais. Assim que se encerrou o parêntesis dos velhos imperialismos europeus, logo se voltou à guerra civil europeia iniciada em 1914: a guerra pelo domínio da Eurásia.
É numa nova guerra civil europeia que estamos vai para duas décadas. A "guerra fria" não terminou com a queda do "muro de Berlim". A "guerra fria" terminou quando Gorbatchov propôs às potências sobreviventes da velha Europa a construção de uma "Casa Comum” com a Rússia; a guerra fria terminou quando foram lançadas a perestroika e a glasnot, abrindo a via para a desagregação da URSS e para a reintrodução de velhos beligerantes no Velho Continente.
E foi sobre este Velho Continente, em cuja extremidade ocidental os americanos, em mais de cinco décadas, não conseguiram anular outros Estados nacionais além de Portugal, que, nos últimos vinte anos, começaram a soprar de novo os "ventos da história" do nacionalismo.
Na actual fase da guerra civil europeia, está vedada aos americanos uma política coerente de desmantelamento de Estados imperiais, como na conjuntura de 1914-18, ou de anulação de fortes poderes centrípetos, como na conjuntura de 1939-45. Como foi bem compreendido pelos russos, nesta nova fase da guerra, iria sobressair a fragilidade americana, forçada a seguir duas políticas de difícil conciliação: a leste, teria que estimular o nacionalismo com que fragmentaria e adquiria Estados e espaços económicos; mas, a oeste, não podia deixar de continuar a estimular o cosmopolitismo financeiro com que pretendia realizar a fusão dos Estados da velha Europa, impedindo a reemergência da França e da Grã-Bretanha.
O nacionalismo que os americanos estimulam a leste acaba por ter efeitos não desejados a oeste. E é a leste que os americanos acabam de confirmar, de forma humilhante, que existe uma parede russa bem mais forte e determinada do que supunham.
Do actual ambiente nacionalista europeu - reeditando de certo modo as conjunturas de 1848, 1870, e 1930 - pode resultar a desagregação da Espanha, mas só muito dificilmente resultará a "União Europeia" desejada pelos americanos. E sem a fusão da Alemanha e da França, e a anulação do Reino Unido, não é possível aos americanos satelizar um espaço onde se anulem as diferenciações estratégicas dos Estados da Velha Europa. E sem a tal "União Europeia" desejada pelos americanos (a que foi afinal aprovada no Tratado de Lisboa) não é possível constituir a "Comunidade Transatlântica", de Vancouver a Vladivostoque.
Porque é que a Rússia passou a responder agora à violência com a violência? Porque pode. E não será a actual NATO que a irá demover. Negligenciando o poder da Rússia e sem poder actuar de forma coerente, haverá decerto quem nos EUA esteja agora a tomar consciência do desastre estratégico em que se deixaram atolar.
Os conflitos russo-americanos em torno do Kosovo e da Ossétia do Sul revelam que a Rússia não aceita o plano americano da "Comunidade Transatlântica". A Rússia continua a ter outros planos e está agora a começar a lançar todo o seu peso estratégico sobre a Velha Europa. Na Ucrânia, falta ver se o pior não está ainda por chegar.
Por muito que isso possa custar aos descendentes de George F. Kennan, os EUA não têm pela frente uma reedição da "guerra fria". Passou já o tempo das simulações russo-americanas e das esferas de influência num mundo bipolar. Nas últimas duas décadas, tanto na ex-Jugoslávia, como no Iraque ou no Afeganistão, etc., a guerra tem sido "quente" e com o envolvimento de várias potências. Esta é uma guerra sem vencedores antecipados e fim à vista, podendo surgir a todo o momento as mais inesperadas alianças. Nesta guerra, as potências com pretensão ao domínio da Eurásia estão a jogar com todos os seus recursos, tanto tangíveis como intangíveis. E se Washington deixou já de ser o centro da meteorologia mundial, a verdade é que ainda não perdeu a guerra, nem parece disposta a perdê-la.
terça-feira, agosto 12, 2008
segunda-feira, agosto 04, 2008
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