por Jorge Heitor
O jornalista vê, ouve e sente tudo o que o rodeia, não lhe devendo ser indiferente a sua nacionalidade nem o meio em que está inserido. A um jornalista português o que mais deve interessar é a pátria portuguesa, a Península Ibérica, o Brasil, os países africanos que ainda há 32 anos eram administrados a partir de Lisboa, Timor-Leste e a Região Especial de Macau. E de modo algum a Turquia, o Uzbequistão, o Laos ou o Vietname. São estas as nossas prioridades. Ver e ouvir o que se passa na Cova da Beira, nos Açores, na Catalunha, em Cabo Verde. E só depois disso ter tempo para as vastidões da Sibéria ou para as arbitrariedades que se cometem na Birmânia. A um jornalista de Portugal pede-se em primeiro lugar que conheça Castela, Borgonha, Sabóia e outros locais relacionados com a gesta do seu povo, antes de começar a especializar-se na Tchetchénia, no Tadjiquistão ou na Mongólia. Ou seja, partir com os pés bem assentes na terra, para não tropeçar. Quem o não fizer, não está em verdadeira sintonia com os herdeiros da Ala dos Namorados e da dinastia de Aviz, que nos levou a Arzila, à foz do Zaire e a Moçambique. E não pode compreender devidamente o imenso mundo lusófono, desde a Amazónia ao pico do Ramelau, no território timorense.
Não é muito admissível que se vá passar férias à Tailândia antes de se conhecer toda a imensidão do Alqueva ou as vinhas do Pico. Ou que se ande à cata de novos escritores norte-americanos antes de se ler muito bem a Mensagem ou o Só.
8 de Julho de 2005
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