sábado, julho 16, 2005

«Acredito na ideia do Quinto Império»

Dom Duarte de Bragança, herdeiro do trono de Portugal, afirmou em entrevista a um semanário:

"Desde criança que acredito na ideia do Quinto Império. Uma época em que os governantes actuariam sempre com base na Justiça e nos princípios do Espírito Santo."

Eis alguns excertos da entrevista:

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- Sente-se rei de Portugal?

Não. Mas, em certa medida, sinto-me rei dos portugueses.

- Em que sentido?

Tenho um dever para com o país. Se os portugueses me quiserem, aceito as minhas responsabilidades políticas. Se não quiserem, ou não puderem exprimir-se, assumo da mesma forma os meus deveres morais, culturais e sociais.

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- Porque razão um rei nunca demitiria um primeiro-ministro?

Porque o rei respeita o Parlamento e considera que os deputados estão ali em representação do povo.

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- Quem gostaria de ver em Belém?

Não posso dizer. Mas preferia um militar. têm um sentido da dignidade do Estado e de independência em relação às forças políticas que os aproxima mais da tradição monárquica.

- Duas das premissas da democracia são a igualdade de direitos e de oportunidades entre todos. A monarquia não é o oposto de tudo isto?

Em teoria, a república é mais perfeita como regime democrático. Mas o que interessa no funcionamento dos Estados é a prática. E os reis, muitas vezes, defendem melhor as liberdades democráticas do que os presidentes. Por outro lado, a sucessão não é automática. O rei tem de ser aprovado pelo parlamento. Os perigos aparentes da monarquia estão previstos e controlados pela lei.

- Não pode chegar ao trono alguém manifestamente incapaz?

E o presidente da república pode ser um louco e estar ligado a narcotraficantes. Pode ser completamente incapaz e ser eleito. Basta que tenha dinheiro e uma boa equipa de publicitários brasileiros. Não há testes psicotécnicos para os candidatos a presidente.

Quais são neste momento os principais problemas que Portugal enfrenta?

- O primeiro é a falta de raciocínio lógico. No sistema de educativo não se treina a lógica, e isso leva a que não se compreenda a importância do civismo. A falta de lógica faz também com que os governantes ainda não tenham definido um modelo de desenvolvimento para o país. Vai variando por modas e por interesses de grupos. (...)

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- Na semana passada, em Londres, assistimos a mais um atentado terrorista. Esta espiral de violência pode ser vista como uma guerra entre o Ocidente e o Islão?

É, de facto, uma guerra. Faz-me alguma impressão ver certos políticos, com ar de virgens ofendidas, queixar-se da cobardia dos bombistas que se suicidam. Podem ser muitas coisas mas cobardes não são. Só se matam porque acreditam que estão a lutar por uma causa justa. É complicado dizer isto mas nós, portugueses, também estivemos envolvidos numa guerra terrorista durante dez anos. Uma guerra que ganhámos militarmente mas que perdemos no aspecto político.

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"D. Duarte. «Bombistas suicidas não são cobardes»; «Sinto-me rei dos portugueses»" , entrevista de José Eduardo Fialho Gouveia e fotografia de João Cortesão Gomes in O Independente, 15 de Julho de 2005, p. 1; 24-25.

Ver reprodução integral das palavras de Dom Duarte, Duque de Bragança, em
http://www.lusitana.org/causa_dd_2005_entrev_indepen.htm

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