quarta-feira, janeiro 13, 2010

Casa portuguesa

Saint-Exupéry dizia que aquilo que há de maravilhoso numa casa não é ela abrigar-nos, nem aquecer-nos, nem nós possuirmos as suas paredes; o que é maravilhoso é ela ter depositado em nós estas provisões de doçura, é ela formar, no fundo do nosso coração, este maciço obscuro, donde brotam, como águas de uma fonte, os sonhos.

Se perguntarmos a um velho moribundo, em qualquer parte do mundo, os momentos mais felizes da sua vida, ele muito provavelmente responderá que foram aqueles, poucos, que pôde passar em sua casa, com a sua família. Esta constitui não só a origem do nosso ser, mas também o lugar em que este se abriga. Está interiorizada na pessoa, forma parte da nossa identidade pessoal que - para além das várias e possíveis mudanças que acontecem na nossa trajectória biográfica – acompanha-nos do berço até à sepultura.

As famílias tradicionais portuguesas são um património nacional de inquestionável valor. Nelas residem algumas das qualidades intrínsecas que estiveram presentes desde o início da nacionalidade e constituem as raízes da esperança dum país verdadeiramente evoluído. Apesar de estarmos muitas vezes sozinhos neste campo de batalha, num mundo cada vez mais cego e materialista, não podemos esquecer as virtudes (como a honra, o altruísmo, a caridade e a sobriedade) que carimbam eternamente a nossas pegadas, desde o nascimento até ao último sopro de vida.

Os nossos inimigos são portanto bastante claros, desde o ódio até todas as formas de violência, da ignorância até ao facilitismo. Por isso mesmo, não posso aceitar que se promova a discriminação contra qualquer grupo de pessoas cuja única diferença é a escolha pessoal de um modo de vida intímo. Não posso conceber que haja gente que fale por nós e eleve vozes falsamente puritanas de indignação, quando do outro lado convivem com a corrupção, a deslealdade e o pedantismo.

A família é uma dádiva cimentada em muitos milénios da história da humanidade. Quem está assustado e teme que se percam valores e significado, é porque não entende o verdadeiro conceito familiar – é muito mais que uma estrutura ou um aglomerado, é fonte de vida, amor, o melhor da humanidade. Só quando se perde o respeito e a hipocrisia se sobrepõe, é que devemos ficar preocupados.


Blog O Monárquico

http://monarquico.blogspot.com/2010/01/e-uma-casa-portuguesa-concerteza-saint.html

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