domingo, agosto 29, 2004

A REPÚBLICA DA SÉRVIA ADOPTOU OS SÍMBOLOS DE ESTADO DA MONARQUIA


Belgrado, 17 de Agosto de 2004 – O parlamento Sérvio aprovou o uso do escudo, bandeira e hino nacional da Sérvia, retomando os símbolos do Reino da Sérvia, incluíndo a coroa da dinastia Nemanjic. Dos 186 deputados, apenas 3 se abstiveram de votar.


NEW STATE SYMBOLS OF SERBIA
Belgrade, 19 August 2004 – The motion on using the coat of arms, flag and anthem was passed at the session of the National Parliament of Serbia yesterday. By the vote of 183 MPs, the official national anthem of the Republic of Serbia is the song “God of Justice”, composed by Davorin Jenko on the words by Jovan Djordjevic.
The state flag of Serbia consists of three horizontal fields – red, blue and white – with the small coat of arms of the Kingdom of Serbia in the middle.
The great coat of arms of the Republic of Serbia is the coat of arms of the Kingdom of Serbia from 1882. The double headed white eagle carries a shield on its chest with a holy cross and four fire-steels, and two lilies under the eagle’s claws. Above the eagle is a smaller crown, which together with the eagle makes the small coat of arms, which is framed by a porphyry tent and the great crown.



fontes:

http://www.srbija.sr.gov.yu/vesti/vest.php?id=4440

www.royalfamily.org


sexta-feira, agosto 20, 2004

ARCY LOPES ESTRELLA: SAUDADES E LEMBRANÇAS...

por Fernando Rodrigues


Na mão de Deus, na sua mão direita
descançou, afinal meu coração
”.

O soneto de Antero de Quental é uma homenagem a falecida esposa do escritor luso Oliveira Martins, e é também nossa homenagem ao amigo e companheiro Dr. Arcy Lopes Estrella que recentemente nos deixou... ou tão somente Estrella como o chamavam.

O Dr. Estrella foi um daqueles tipos inesquecíveis, cuja vida confunde-se com o próprio ideal, que acolheu ainda menino nos idos de 1936, fazendo juramento no Núcleo das Laranjeiras, sob a chefia do Dr. Rocha Vaz a quem tanto estimava.

Homem de partido, foi um animador, um entusiasta que contagiava a todos com sua convicção na vitória do integralismo, sobretudo, através do seu sempre combativo boletim “Alerta”.

Em uma sociedade, como lembra Marcel de Corte, com a praga que Paul Valéry chama “a multiplicação dos sós”, através de sua luminosa inteligência, o Dr. Estrella, estava sempre solicito as indagações, duvidas e angustias de uma grande gama de jovens que procuravam sua orientação no Centro Cultural Plínio Salgado, em São Gonçalo.

Muitos destes jovens estranhavam ao perguntar o que seria ser integralista e Ter como resposta de nosso homenageado: “amar uns aos outros e perdoar sempre os que erram sem se afastar dos caminhos ensinados pelo mestre”. Entende-se esta assertiva, porquanto, o Dr. Estrella, entendia, ao meu ver com razão, o integralismo como sendo uma filosofia assentada sob as bases firmes do evangelho.

Me acode à lembrança uma noite em que conversávamos na varanda de sua casa, já autas horas da noite, e ele me relatava o dia em que recebeu um telefonema da esposa de Raimundo Padilha, queria ver-lhe o ex-governador do Estado da Guanabara, que se encontrava enfermo. De pronto se deslocou até Niterói ao encontro do velho amigo, quer carinhosamente chamava de “Chefe”, Dr. Arcy era um jato de amor.

Falaram entre outras coisas, sobre os tempos gloriosos da AIB, sobre a saída de Padilha do PRP e sobre sua negativa a candidatura de Plínio Salgado a presidência da república em 1955, ao passo que Padilha reclamava do abandono dos antigos companheiros, enfim foi uma conversa longa que me relatou em detalhes e que acabou com um pedido ao doente, com a caridade cristão que lhe era peculiar: “Chefe! Vamos rezar um terço?”. O pedido foi atendido, a esposa de Padilha convoca toda a família e juntos rezam a oração tão solicitada por Nossa Senhora em Fátima. Passou-se alguns dias e Deus chamou para si um dos grandes líderes do movimento Integralista.

Lembro sempre daqueles olhos marejados que se umedeciam constantemente a cada recordação, quando falava de um velho amigo sacerdote que andava sempre reclamando dos avanços da Igreja Nova, ou progressista, Dr. Arcy dava risada, que saudade tenho do riso desse amigo, quando lembrava do velho Padre que vivia dizendo em tom bravo: “Padre que é Padre usa batina, Padre sem batina não é Padre”...

Lembrava com saudosismo do Poeta curitibano Tasso da Silveira, hoje olvidado do meio intelectual esquerdizante, entrementes, não deixava de falar sobre outro Poeta, Abel Rafael Pinto, que também foi deputado, católico sincero como Tasso, Congregado Mariano como Dr. Estrella.

Pouco antes de falecer me enviou um livrinho sobre a figura emblemática do General Franco de autoria de Paulo Fleming que conheceu ainda bem moço e exaltava suas qualidades como literato de inteligência máscula.

Ainda, nos idos de 36, pelas ruas da Praia de Copacabana, encontrava-se com um rapazote vestido com uma batina surrada entregando presentes aos meninos quer moravam na rua, era o então Pe. Hélder, posteriormente Bispo de Olinda, que em outros tempos teve a frente o inesquecível Dom Vital. O Pe. Hélder deste tempo ainda não havia se contaminado com os erros quer doravante o fariam trilhar caminhos errantes, contrários a doutrina da Santa Igreja.

De uma feita enviou-me uma carta relatando sua alegria, pois, tinha o então Arcebispo de Niterói Dom Carlos Alberto Navarro, de saudosa memória, lhe pedido um exemplar de “A Vida de Jesus”, de Plínio Salgado, sendo o mesmo pedido feito pelo Pe. Cássio, diretor do Seminário São José da mesma cidade carioca. Outro grande Arcebispo de quem sempre falava era de Dom Antônio Almeida de Moraes, ressaltando suas qualidades como orador sacro e das conversas onde o Dom Antônio falava com entusiasmo sobre Plínio Salgado com quem estudou quando menino em Minas Gerais.

Recordo-me com especial atenção de quando ele sentava-se colocava o cutuvelo sobre a mesa com o punho fechado sobre o rosto já marcado pelo tempo, os olhos continuavam marejados, e quase lacrimejavam quando falava sobre o Major Jayme Ferreira da Silva, falava-me por longo tempo do major cego, que quando vereador defendia o Integralismo dos comunistas com zombarias. Em vôo de São Paulo ao Rio de Janeiro, em certa altura o Major, sempre com seus óculos escuros, assegurando seu braço dizia: “Estrella! Estamos sob a ponte Rio/Niterói”. – “Dr.! O Sr. é cego, como sabe disso?” – Estrella! Você não sabia que eu tenho um sexto sentido?” – responde com o tom sempre irônico o ilustre Major...e lá estava o Estrella com os olhos umedecidos, lacrimejando.

Era um patriota em sentido lato, um lutador intrépido, não era um intelectual, e o que importa, não era Bernanos que rugia: “Considero Intelectual moderno como o ultimo dos imbecis até que me provem o contrário”? Não tinha duvidas acerca de suas convicções, por isso era contundente a até persuasivo na afirmação de que “o Integralismo virá eu tenho certeza, mas devagar...”.

A morte de sua amada o abalou muito, sentia isso através de suas cartas cada vez mais tristonhas. Um dia me escreveu falando para escrever uma nota sobre o falecimento de D. Alcina, assim o fiz, e ele me dizia que não conseguia ler, pois não conseguia parar de chorar.. Isso faz-me lembrar de Machado de Assis, que sentindo a ausência de Carolina, companheira de 35 anos, se dirigia a Joaquim Nabuco lamentando: “Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei, vê-la, ela me espera”... Em entrevista com Carlos de Laet chorava o ilustre escritor a falar da morte de Carolina e dizia ainda a Joaquim Nabuco, “a falta é enorme”, “tudo isso me abafa... me entristece”. Falo isso, pois em uma de suas ultimas cartas Dr. Arcy reclamava da solidão, da ausência daquela que lhe acompanhou durante mais de 50 anos e parecendo prever o que estava por vir dizia: “no dia em que Deus me enviar para o “Reino que não é deste mundo”, creia-me: eu irei feliz como tantos cristãos o fizeram”...

Quando fico triste, quando a saudade e a solidão são lancinantes, me vem a memória meu amigo Dr. Arcy, assim eu o chamava, alias, recordo também do Herbet Parentes Fortes, que não conheci, senão através de um artigo do Alceu, o Tristão de Athayde, e fiquei atordoado quando soube que antes de lhe ser amputada a mão direita, Herbert, rogou a Deus que antes de tal infortúnio, lhe fosse concedido dedicar um poema em honra da Virgem Maria, o que de fato aconteceu. Lembro deles dois, pois os une, a fidelidade com que defenderam o catolicismo, a devoção a mãe de Deus. Isso faz com que cada vez mais eu de razão ao insaciável León Bloy, o Peregrino do Absoluto, que dizia que a maior tristeza do Homem é não ser Santo, é, ele tinha razão.

Não poderia terminar esta humilde homenagem através destas mal traçadas linhas, se não, da forma como comecei, ou seja, lembrando Antero de Quental:

Na mão de Deus, na sua mão direita
descançou, afinal meu coração
”.

quinta-feira, agosto 05, 2004

O GOVERNO DOS FILHOS DE ALGO

Por José Adelino Maltez


Depois de gémitos imensos, a montanha parlamentar deu luz o ratinho do novo programa governamental. Esse conjunto de frases metidas a martelo num texto "copy and paste", que bem podia ser adquirido num desses supermercados das pós-graduações para gente fina.

Esse solene nada tanto poderia ser assumido por José Sócrates como ser incluído na próxima colectânea de discursos de Jorge Sampaio e os rapazinhos e as rapariguinhas que, nesta conspiração de avós e netos, por aí circulam com o nome de ministros e ministras, secretárias e secretários de Estado, esse máximo denominador comum da presente união dos interesses sociais, políticos e económicos, são, precisamente, aquilo que o marcelismo gostava de ter sido. Essa direita das chamadas forças vivas, bem representativas do estado de cobardia generalizada a que chegámos.

A culpa não está evidentemente em Pedro Santana Lopes ou Paulo Portas. Porque, se eles não existissem, outros teriam que ser inventados, nesta genealogia de fidalgotes que, querendo cumprir a etimologia, são, precisamente, os descendentes de alguns dos principais gestores de influências da presente encruzilhada decadentista da pátria.

Estes governantes apenas cantarolam ideias e ideologias. Um dia são liberais, adeptos de agressivo individualismo. Outro, sociais-democratas ou democratas-cristãos, cheios de preocupações sociais, fazendo discursos sobre os velhinhos, os pobrezinhos, os reformadinhos, os aposentadões, os jubilidassímos e outros que tais. Um dia estão à direita, de faca na liga, à maneira de Alberto João. Outro, viram à esquerda, no choradinho "jet set", como os ex-líderes de RGA feitos figurões de Estado.

Produzidos pela nossa tradução em calão dos Berlusconi, sabem que o povão está embriagado de fado, futebol e fátima e que, em caso de crise, basta mobilizar um novo João Braga, um novo Eusébio ou um novo Rasputine para que, no baralhar e dar de novo, tudo continue como dantes.

O subscritor destas linhas, defensor assumido do capitalismo liberal, que, aliás, nunca recebeu um só tostão do complexo banco-burocrático que nos domina, a título de consultadoria, subsídio ou patrocínio, pensa ter alguma legitimidade para declarar que são os efectivos liberais que mais odeiam o liberalismo sem ética, a concorrência sem regras ou a corrupção já sem vergonha.

Os melhores aliados do Bloco de Esquerda e de todos quantos estão a fazer renascer o socialismo marxista são, na verdade, os que assumem o presente devorismo desta direita dos interesses, deste modelo de economia privada sem economia de mercado.

A corrupção é bem mais grave quando os aliados dos corruptos são os que, actualmente, fazem o discurso contra a corrupção. Os grupos de pressão tornam-se bem mais agressivos quando os analistas das pressões e dos interesses são os avençados dos ditos grupos. Os abusos de posição dominante agravam-se quando os mesmos dominantes se assumem como os próprios árbitros do processo.

Que saudades começamos a ter das heróicas virtudes burguesas do capitalismo mercantil. Que pena já não existirem os clássicos criadores de riqueza, como eram os activos cavalheiros da indústria. O estado a que chegámos não passa de uma declaração de guerra à luta pela justiça, pela liberdade e pela solidariedade.

Onde estão as tradicionais forças morais da resistência? A plurissecular Igreja Católica que, na hora da verdade, nunca traiu o povo? A bi-secular Maçonaria que sempre deu sentido de futuro às elites monárquicas, republicanas e democráticas da nossa classe política? Onde está a própria Universidade não jubilada, que seja capaz de dizer não aos pratos de lentilhas da gestão dos fundos destinados à investigação científica? Onde estão os homens livres? Livres da partidocracia, da finança e dos subsídios feudalizados?

Por mim, continuarei em Vale de Lobos. Meti sabática à espera que passe este interregno.

(1 de Agosto 2004)