quarta-feira, abril 13, 2011

A pau com a escrita

Carta do Canadá

por Fernanda  Leitão

Vamos hoje analisar o que vai pelo ensino de Português no Canadá.

            É do senso geral que se muda para melhor, ninguém muda seja o que for para que as coisas piorem. Mas, pelo que se tem observado, esse bom senso escasseia sempre e quando os interesses partidários, ou o mais desavergonhado amiguismo, estão acima do interesse colectivo e do respeito que é devido aos que, através dos impostos que pagam, sustentam a coisa pública. É o que se está a passar na comunidade portuguesa residente no Canadá e, também, nos Estados Unidos, que referimos porque, como adiante poderão verificar, tem a ver com o pântano mal cheiroso que se quer criar à viva força.
            Parece que em Portugal a culpa costuma morrer solteira, mas seriam quadradamente tolos os que julgassem acontecer o mesmo no estrangeiro. Aqui, iguais perante a lei, dotados de total liberdade, isto é, vivendo sem medo de políticos e patrões e por isso podendo expressar a nossa opinião alto e bom som, os portugueses sabem que podem dar um murro na mesa e dizer basta ao abuso. Posto isto, considero e afirmo que, depois de dezenas de anos de disparates e corrupções por parte de secretários de estado das Comunidades afectos ao PSD, passámos a ter os mesmos disparates e corrupções vindos do actual secretário de estado, António Braga.  Entenda-se, claramente, que corrupção não é apenas receber dinheiros por baixo da mesa, ainda que em bonificações catitas de investimentos no BPN ou outro antro mal afamado, ou sacar comissões em negociatas que envolvam o estado. Corrupção é, também, favorecer amigos à custa dos dinheiros públicos, usar e abusar de cunhas e compadrios.
            António Braga começou por despedir, à bruta e sem maneiras, muito menos sem motivos, a então conselheira cultural junto da embaixada de Portugal em Washington, Doutora Graça Castanho, actual Directora Regional das Comunidades dos Açores. Trata-se de uma das grandes autoridades em língua portuguesa com que o país conta, professora na Universidade dos Açores há muitos anos e com obra pedagógica publicada, doutorada por Harvard. E de mãos limpas. Foi substituída por uma coordenadora licenciada em Inglês e Alemão, que deixou má imagem e más recordações na África do Sul, mas que tem a grande virtude e mérito de ser amiga do Sr. Braga. Como qualquer medíocre que se preze, rodeou-se a senhora de vários adjuntos que, alegremente, estão a comer do orçamemto do estado português. E tenta, a todo o pano, promover (ou salvar) uma Associação de Professores de Português dos Estados Unidos e Canadá, dirigida por um dos seus adjuntos e por um outro ambicioso sem escrúpulos, ambos clientes vorazes dos subsídios de Portugal. Adianto que está a ser feito o levantamento de todos os dinheiros públicos abichados por estes e sua pandilha, desde há 20 anos. E não será relatório para ficar na gaveta.
            Com a entrega (porque duma entrega se tratou) do ensino básico de Português ao Instituto Camões, velha loja de compadrios e cunhas, foi fácil ao Sr. Braga substituir a coordenadora do ensino de Português para o Canadá, Dra Graça Assis Pacheco, que, de 1997 a 2010, exerceu o cargo com competência, isenção, empenhamento total e um correctíssimo relacionamento com a comunidade portuguesa e as autoridades escolares canadianas.
            Digo que foi fácil esta susbtituição porque o Instituto Camões é presidido por uma senhora que é constantemente desautorizada pelo Sr Braga mas que, pelos vistos, engole sapos como quem come pinhões, que é o que acontece a quem vive da política e dos favores dos políticos. Braga enviou para o lugar uma pessoa da sua simpatia e amizade, também de Inglês e Alemão, sem grande experiência neste campo do ensino da língua lusa.
            Acontece que a nova coordenadora, que no dizer de vários professores mete água por todos os lados, tem vindo a pôr todo o seu empenhamento na promoção de uma editora, uma só editora, a que lhe tem publicado livros, e no assédio aos professores residentes no Canadá para que alinhem com a tal associação de professores que, somadas as contas, existe para serviço de uns quantos nos Estados Unidos e nada mais.  Serviço que pode incluir, entre outras coisas, cruzeiros nas Caraíbas  e congressos da treta para exibição de intelectuais de anedota. Os professores de português no Canadá, salvo um ou outro caso lamentável, são pessoas dignas e de bem, pessoas que têm dado muito da sua vida para que as escolas portuguesas continuem a ensinar crianças e jovens. Não merecem ser manipulados e tutelados por elementos estranhos e suspeitos.  Ao mesmo tempo, a nova coordenadora propagandeia acções de formação e tem o desplante de as fazer com leitores de Português em Universidades, sem o menor treino de formação, e por uma representante da tal editora.
            Se esta senhora não quiser ser acusada oficialmente de conflito de interesses pela comunidade junto de quem de direito em Lisboa, trate de parar com este desconchavo.  Não esqueça que é paga pelo dinheiro dos contribuintes portugueses. Está aqui, mais mal do que bem, para ajudar as escolas e os professores de Português, e não para servir de batedora dos interesses bastardos da coordenadora dos Estados Unidos e dos subsidiodependentes da tal associação de professores.
           

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