terça-feira, junho 10, 2003

QUANDO FLORESCEM OS JACARANDÁS

Por Fernando Quintais

Teve o Centro Nacional de Cultura a excelente ideia de lançar agora uma campanha tendo como tema Os Jacarandás de Lisboa. Isso me trouxe à lembrança um texto que escrevi, faz agora anos:

Faz agora anos. Na Avenida Dom Carlos floresciam os jacarandás. Tal como hoje, também naquele ano estava quente o mês de Maio em Lisboa, e apesar da crise económica que se instalara, ia uma invulgar azáfama na cidade.

É que, Sábado, dia 13 - 78º aniversário das maravilhosas aparições de Fátima - ia casar o Senhor Dom Duarte, Príncipe da Beira, com Dona Isabel de Herédia.

O anúncio do auspicioso casamento alegrou o coração de todos os portugueses que, vivendo em república, entendem que a Dinastia é indispensável ao seu equilíbrio espiritual. Sabem que Dom Duarte é a reserva moral deste Povo, e em horas de dúvida é nele que se revêem para aferir os seus próprios padrões.

Como português não pude deixar de me alegrar com o anúncio das bodas. Ia ser um acontecimento memorável que permaneceria na recordação de todos nós, quer para os que iam ter a felicidade de estar presentes na cerimónia, quer para todos aqueles que em todo o mundo, graças à Televisão Internacional, iam acompanhá-lo em tempo real, pois seria especialmente transmitido para toda a diáspora.

Para além do quanto seria precioso para o nosso Príncipe e sua Noiva, o casamento iria dar motivo de renovada esperança a tantos milhões de portugueses, dos quais alguns menos pacientes já desesperavam de assistir às Núpcias Reais anunciadoras do acontecimento mais desejado nestes últimos anos: a existência de um sucessor, legítimo herdeiro do trono de Portugal.

A imprensa, a rádio e a televisão - os "media" como hoje comunmente se diz, deram uma cobertura completa ao anúncio do noivado, e nunca se viram nas bancas das revistas e jornais, tão maciçamente repetidas, fotografias oficiais de personalidades ou factos, como aconteceu naqueles dias com o Duque de Bragança e sua linda noiva, D. Isabel de Herédia.

Houve quem pretendesse oferecer avultadas quantias pelo privilégio de um convite para a cerimónia religiosa no Mosteiro dos Jerónimos, e até apareceram convites falsificados, tendo-se, todavia, agido benevolamente sobre os portadores destes.

Fenómeno de espanto nesta república, os portugueses disputavam o direito de presença na cerimónia, ainda que soubessem que para a maioria deles essa “presença” seria apenas simbólica.

O comércio aproveitou bem a altura para fazer o seu negócio, especialmente as casas de modas e joalheiros.

Uma antiga fábrica de porcelanas apresentou um belo serviço de jantar para 48 pessoas, que esteve aberto à subscrição pública para presente de casamento dos Reais Noivos, e que foi rapidamente subscrito. Foi esta uma interessante iniciativa que permitiu a muitos simpatizantes anónimos contribuir com a oferta de uma peça, que iria integrar uma baixela de fina porcelana onde foi dado realce às armas reais de Portugal.

Além de se tratar da notícia de um acontecimento social e nacional de enorme impacto, também na Europa os media lhe deram grande cobertura.

Haja em vista a capa e as oito páginas de fotografias e texto publicados logo em 23 de Maio pela revista belga Point de Vue, de grande circulação nos meios monárquicos europeus.

A toda a largura das duas primeiras páginas daquela revista, foi publicada uma bela fotografia dos noivos com a legenda ao fundo:

Dom Duarte et Dona Isabel

MARIAGE ROYAL AU PORTUGAL


No canto superior esquerdo as armas dos noivos e por baixo o comentário:

"Deux mois après l´Espagne, le Portugal s´est offert son "mariage du siècle". Ce 13 mai, Dom Duarte a uni son destin à Dona Isabel de Herédia. Un événement royal qui a ravis les monarchistes du pays et le gotha européen."

E no canto superior direito o apontamento:

"Il avais promis d´être marié pour ses cinquante ans. Deux jours avant la date fatidique, le duc de Bragance, chef de la maison royale de Portugal a épousé Isabel de Herédia, vingt-huit ans."

Seguem-se seis páginas de magníficas fotografias, em que se destaca a presença do Presidente da República e de sua mulher, o momento em que Dom Duarte beija o anel do Patriarca D. António Ribeiro, uma bela imagem dos convidados, entre eles o Príncipe Pedro d´Orleans-Bragança, a Condessa de Paris, a Princesa Thérése d´Orleans_Bragança, as rainhas Giovanna e Margarita da Bulgária, o Arquiduque Otão, da Austria, o Grão-duque herdeiro do Luxemburgo, o Príncipe Philippe da Bélgica, a Infanta Margarida de Espanha com seu marido, o Dr. Carlos Zurita.

A página seguinte é totalmente ocupada por uma bela fotografia do interior dos Jerónimos, vendo-se os noivos de joelhos em frente do altar e do celebrante, o Cardeal D. António, e do lado de trás do altar os representantes da Igreja, entre eles o Núncio Apostólico, o Arcebispo de Braga, os bispos do Porto e Bragança, o Revº Cónego Marques da Silva, da Sé Patriarcal, Padre Mário Cunha, da paróquia do Santo Condestável, Frei Elias de Gusmão, da Fundação de S. Martinho do Lima e o Pe. João Seabra, Capelão da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Esta página contém ainda uma legenda atribuída à noiva:

«É um amigo da minha família desde sempre. Já nem me recordo da primeira vez que vi Duarte. Fui seduzida pela sua bondade, a sua tolerância e o seu sentido de humor».

Outra página espectacular é a seguinte, que apresenta os noivos a cortar o bolo, uma peça excelente de doçaria regional do Algarve, com cerca de 100 quilos, oferecido pela Real Associação do Algarve.

As três páginas seguintes são dedicadas ao texto, e a mais fotografias, sendo a última a dos noivos recebendo a homenagem de um grupo de danças de Timor, aquela pequena ilha do oceano Índico tão cara ao coração de D. Duarte.

Ao longo da última quinzena de Maio multiplicaram-se as edições de livros e revistas, com documentos biográficos e reportagens do casamento.

Pela sua qualidade merecem destaque seis daquelas publicações: o número comemorativo de aniversário da revista Eles e Elas, dirigida por Maria da Luz de Bragança, com uma ampla reportagem fotográfica de cerca de 200 clichés; o magnífico livro Diálogos com o Duque de Bragança, da autoria de Clara Picão Fernandes e as não menos notáveis edições das biografias do Senhor Dom Duarte, da autoria, uma delas, do jornalista Jorge de Morais e outra, DUARTE E ISABEL - DUQUES DE BRAGANÇA, Biografia Autorizada, da autoria de Nuno Canas Mendes.

Ainda em Maio, publicou a Textual uma excelente colectânea de entrevistas efectuadas ao Senhor Dom Duarte, pela jornalista Manuela Gonzaga: O PASSADO DE PORTUGAL NO SEU FUTURO, através da qual se pode apreciar quão claro e transparente é o pensamento do Rei sobre o futuro de Portugal.

Finalmente, em princípio de Setembro, o Professor Dr. Henrique Barrilaro Ruas, coordena e dá à estampa um magnífico álbum com o título UM CASAMENTO NA HISTÓRIA DE PORTUGAL.

Nesta magnífica obra de fino gosto e grande rigor histórico, realça-se a escolha das genealogias mais representativas já definitivamente estabelecidas, tanto dos reis de Portugal como do Duque de Bragança.

Apresenta um belo desenho em desdobrável de uma árvore genealógica crescendo pelo duplo critério biológico e sucessório, da raiz dos condes D. Henrique e D. Tereza até ao Senhor Dom Duarte, no topo da geração.

Entre as mulheres, na genealogia varonil de D. Duarte, pela linha mais longa, destaco D. Joana de Castro (Portugal) casada em 1429 com D. Fernando de Bragança, o segundo no nome.

A parte final do álbum é enriquecida com as mais belas fotografias da reportagem que Homem Cardoso fez deste acontecimento.

* * *

Alguns anos passaram. Deu-nos Deus, através da descendência de S.A.R os Duques de Bragança, a legítima esperança de que o Reino de Portugal se prolongará através da sua geração: Dom Afonso de Santa Maria, D. Maria Francisca e D. Diniz.

No princípio do Terceiro Milénio esperam os Portugueses poder ver no trono o legítimo Herdeiro dos Reis de Portugal.

E de uma família que deu Reis a Portugal durante 600 anos não será demais esperar que assim continue, pelo menos, por outros mil.

Que o Anjo de Portugal favoreça os esposos, e com eles todos os portugueses, nas suas legítimas esperanças de que este casamento seja o alvorecer de uma nova era de redenção para Portugal.